Política com a arte da hipocrisia

 E chegamos então à questão da vocação das pessoas, em suas formações profissionais em promover o bem a outras pessoas, ao sujeito próximo ou distante desses agentes em suas atividades. Porque havemos de estabelecer essa distinção: existe a viabilidade de ajudar alguém próximo de nós ou algum distante de nós. Regra comum é ajudar as pessoas próximas de nós. Mas, e aquelas longe de nós, de que tomamos conhecimento de suas carências, suas privações e suas vulnerabilidades?

Há certas atividades, muitas atividades que podem promover o bem para as pessoas próximas e distantes. Tome-se o exemplo de um gestor público, uma autoridade, um operador do Direito e da Justiça. Esse profissional, o gestor público pode muito a contento promover o bem para as pessoas de seu entorno social e comunitárias e para pessoas que não viu na vida, mas conhecedor de suas necessidades primárias. Como exemplo: uma moradia digna, as refeições diárias, assistência médica, uma escola digna e decente para os filhos etc.

Vamos tomar exemplos de profissionais que vão massivamente levar o bem e prestação de bons serviços aos próximos. Os médicos imbuídos de um padrão ético e voluntário natural, porque trouxe essas virtudes como um legado genético e por uma boa educação familiar. Um pastor evangélico ou padre que presta ótimas preleções em suas homilias e assistência social à sua paróquia.  Uma equipe de saúde familiar, pública ou privada, que visita agendadamente os pacientes em seus bairros assistenciais. Um policial que faz a ronda nas áreas a ele designadas para esse trabalho. São modelos de pessoas que por escolha vocacional, deliberadamente, trazem essa inclinação intrínseca e natural em bem servir aos outros. Exemplos de amor ao próximo.

E chegamos por último ao contraponto de uma espécie de profissões da hipocrisia. Os exemplos mais genuínos são os políticos, certos gestores públicos. Notadamente, os cargos legislativos e executivos. Assim são os chefes do Poder executivo municipal, estadual e da União (prefeitos, governadores, presidente da República). Os parlamentares (senadores e deputados estaduais ou federais).  Com poucas e louvadas exceções, a grande maioria desses agentes públicos, eleitos que foram por voto popular, estão se lixando para as pessoas, em especial aquelas que ficaram longe de seus domínios, de Brasília por exemplo, onde estão os órgãos públicos, prédios que mais lembram palácios luxuosos, como são os palácios dos três poderes. E literalmente levam esses nomes: Palácio da Alvorada, Palácio Itamaraty, Palácio do Buriti e Palácio da Justiça.

Então ficamos combinados assim: com boas e laudatórias exceções, porque elas existem, de agentes públicos e políticos que exercem suas funções pensando no bem-estar social das pessoas longe de Brasília ou dos Palácios Públicos. Com essas dignas exceções, a maioria ali chegou pensando no bem bom e bem-estar pessoal e dos próximos bem próximos de verdade, quais sejam os assessores e apaniguados, os parentes e cúmplices de suas falcatruas e trambiques.

E assim, conclui-se que quando esses parlamentares e políticos (a maioria) se mostram simpáticos, sorridentes e bem-falantes diante das câmeras e holofotes, eles não passam do espirito de Tartufo, com suas tartufices (vide Peça do dramaturgo francês Molière). Eles são as caras da hipocrisia. E sabem fazê-lo muito bem porque simulam promotores do bem, de bem-estar das pessoas de suas bases eleitorais, de suas comunidades que os elegeram. Olha bem as caras deslavadas desses oradores, com seus Projetos de leis, as emendas milionárias a eles destinadas, os orçamentos secretos. Vejamos lá se esses tais e desqualificados agentes intitulados públicos estão preocupados com os públicos que os elegeram.  Pensam mais em como ocultar o patrimônio, propinas e corrupção.

Vamos a alguns indicativos da falta de compromissos, de vocação ou devoção desses políticos e executivos públicos com as coisas públicas. Como andam a educação pública, a saúde pública, a segurança pública, a manutenção das estradas e rodovias estaduais e federais do país? Findam os mandatos desses homens públicos citados: houve melhoras nesses bens públicos? Nenhuma. Outro robusto indicativo do descompromisso da maioria de nossos parlamentares e chefes dos executivos com os brasileiros carentes de tantos serviços e insumos primários (moradia, saúde, trabalho com remuneração digna). Outro indicativo é o tanto desses agentes públicos que respondem a processos nos tribunais superiores – Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. Um espanto. De momento, cerca de 120 deputados e 20 senadores respondem a processos criminais. Sem contar, evidentemente, os inquéritos e processos que correm em sigilo, graças à chamada Imunidade (“impunidade”) parlamentar e ao foro de função. Um escândalo a mais!

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