Eis que temos o surto dos bonecos, espera-se que seja passageiro, da cultura de muita gente aos chamados bebês “Reborns”. Quando ouvimos os depoimentos, as justificativas, as declarações naturais das pessoas aficionadas a esses mimos, a esses brinquedos, é tempo de se perguntar: Seria uma regressão (visão psicológica/psiquiátrica) dessas pessoas à sua fase infantil? Natural essa pergunta. Porque o apego a bonecas é uma característica infantil.
Porque, tal afeição desmedida e de muita afetividade, instiga a todos nós, pessoas comuns, e até os especialistas, psicólogos, psiquiatras, antropólogos. Olhando as bonecas e bonecos reborns, de fato, são hiper-realistas. De longe, não se pode cravar se se trata de um brinquedo, se um bebê de carne e osso. As feições se confundem muito com as de uma criança pequenina. De acordo.
Vamos a algumas reflexões sobre esse apego, a essa moda de agora, de se comprar um boneco reborn (do inglês renascido) e estabelecer com ele um certo fetiche. Vale lembrar que existe no campo psicopatológico, o chamado infantilismo. Grosso modo, seria uma pessoa adulta, ter hábitos, gestos, gostos, cultura, predileção e afeição por objetos próprios da infância, caso de uma mulher manter o gosto por bonecas, roupas infantis, gestos infantis, pueris, fala infantil, meneios e trejeitos de uma criança. Trata-se de mecanismos neuropsíquicos e psíquicos, estudados e tratados pelas especialidades citadas. O Instagram está repleto desses tipos sociais. Futilidades e infantilismo.
O que impressiona às pessoas comuns e tidas como normais (neural e psiquicamente) e aos estudiosos da mente e psique humana é o comportamento de normalidade e naturalização das pessoas aficionadas a esses brinquedos, os bonecos reborns. Os gestos e apego dos donos, sugerem que eles sofreram uma espécie de lavagem cerebral, e tiveram introjetados esse sentimento de que esses mimos e imitações humanos são dotados de sentimentos, de emoção, de um sistema psíquico e orgânico como qualquer pessoa. Um tipo de feitiço ou manipanso, como se chama na cultura africana.
São relatos que beiram a loucura, fogem às raias do que seja racional e humano, para uma pessoa normal. O caso da mãe do boneco que o levou ao hospital para ser atendido por um pediatra; a outra mãe que move uma ação pela guarda compartilhada do boneco no ato do divórcio; de outra mãe que, sem filho, dedica todos os cuidados ao brinquedo, como se o boneco tivesse carência afetiva e alimentar. E coisas do gênero. Há o inusitado tipo de mãe que promoveu o parto do reborn. E não faltam pessoas dedicadas profissionalmente em fazer esses caprichos das mães dos reborns. Há mercado para tudo na vida!
É de se ter como crível, a definição de certo profissional psiquiatra, que definiu esse como comportamento como o fenômeno do folie a deux, numa tradução livre, delírio ou loucura a dois. Em alguns casos, folie a trois, delírio a três. Porque comporta o boneco, a mãe e o pai. Só mesmo os humanos são capazes de tais esquisitices e estultices! Algo tanto ridículo como insanidade mental.
João Joaquim