Os charlatões da FÉ e da política

 Estamos em plena era de conquistas científicas e tecnológicas, e mesmo assim, como vicejam, vigoram e recrudescem as práticas de charlatanismo, em todas as áreas. Mas, a saúde é a área campeã nessas práticas. São a vida e o cenário funcional tocados a fé, a acreditação em qualquer afirmação de gente midiática, influenciadores digitais, em apóstolos da salvação da alma e regeneração da saúde, das finanças sem trabalho árduo, em ganhos monetários milagrosos, em tornar-se rico rápido sem esforço etc.

“O mundo assombrado pelos demônios”. Este é o título do inteligente e atual livro, sempre atual, do físico e cientista americano, Carl Sagan (1934-1996). Trata-se de uma visão precisa, correta e bem descrita com fundamentos, do que é Ciência, em confronto do que são mentiras, crendices, superstições, ilusões, fé, acreditação pelo simples acreditar e aceitação passiva sem crítica, sem duvidar!

Embora haja pareceres de o porquê das pessoas acreditarem em fofocas, em fake news, em fabulações, em mentiras bem elaboradas, em expedientes mágicos, em horóscopos, em homeopatia, em medicina ortomolecular, em poder curativo de mercadores religiosos da boa-fé das pessoas, em terapias sem ensaios ou protocolos científicos; ainda pairam dúvidas sobre a compreensão dos reais mecanismos psíquicos e cognitivos dessa fé cega, da superstição, de ter mentiras como verdades.

Entretanto, vamos dissecar algumas nuances da mente dessas pessoas que acreditam e seguem as prédicas, os discursos e falas desses profissionais do falso e do charlatanismo. Um fator a se levar em conta é o nível de escolaridade, intelectual e crítico dessas pessoas clientes e pacientes. Mas, essa tese não é de todo convencível, porque existem muitos consumidores com alto nível de formação escolar e capacidade de crivo e crítica em que acreditar e consumir. Quantos profissionais e doutores acreditam e professam essas bobagens e besteiras! A pandemia da covid19 foi um exemplo muito robusto, quantos médicos, professores, catedráticos, intelectuais que embarcaram na campanha antivacina e negacionista do governo Bolsonaro!

Uma explicação, ao menos simpática e aceitável, é a de que acreditar e assimilar práticas de charlatanismo, do mágico e milagroso se torna menos elaborado mentalmente e intelectualmente. É o menor esforço mental e cognitivo em se conformar àquela propaganda, àquela indicação, àquela proposta, àquela indicação como sendo a mais atual, a mais eficaz, a eficácia da moda, aos resultados garantidos e imediatos, ao sucesso, ao ganho fácil, à salvação da alma etc. etc.

Em outros termos: tomar a fala, a proposta e discurso de profissional demagógico, impostor, bem articulado e boa oratória: sejam médicos, pastores, pregadores evangélicos, políticos, candidatos a mudanças do status social do indivíduo; essas indicações exigem menos esforço crítico, de ler, de pesquisar, de estudar, de comparativos. Por isso, esses expedientes são mais acreditáveis e aceitos do que analisar o que dizem as Ciências, os fatos reais e concretos! Simples, assim! Desse raciocínio surgem os motivos de as pessoas menos escolarizadas e menos cultas acreditar nos charlatões, nos pregadores, nos profissionais bem articulados verbais.  Nos apóstolos, nos cientificistas de tudo quanto possam enganar as pessoas mais ingênuas, de boa-fé e menos avisadas. Horóscopo, homeopatia, medicina ortomolecular , em cristais, em cromatismo, em vibrações espirituais etc.

E para concluir, pode-se dividir os usuários e clientes de charlatanismo, os praticantes  de negação das Ciências, de curandeirismo; ou mais que esses, os seguidores de candidatos eletivos, os políticos e mandatários, em dois grupos bem distintos. Assim: existem, de fato e provadamente, grupo A>: as pessoas que são enganadas por charlatões e enganadores, tendo-se como fatores a baixa escolaridade, insuficiente preparo crítico e intelectual, são consideradas pessoas ingênuas e de boa-fé, em acreditar em tudo que lhes é apregoado como bom, melhor, útil e curativo.

No grupo B>: estão os minoritários, os seguidores, os praticantes e defensores de ideologias, teorias e ideias (ideologias) de algum líder, de um chefe, um pastor, influenciador religioso ou digital, um político já eleito ou candidato a algum cargo público.  Os sectários, acólitos, os apoiadores desse líder ou político, tem consciência e convicção das mentiras, das narrativas falsas, das fabulações e inventividade desse líder. Todavia, essas pessoas seguidoras e apoiadoras, aceitam pacificamente tais ideias, teorias e mentiras, porque no íntimo elas querem participar das vantagens, obter algum cargo de emprego fácil, uma chamada boquinha na gestão do chefe, no grupo desse líder demagógico, falastrão, mentiroso e populista.

 São exemplos: líder religioso, prefeitos, governadores, presidente da República. Muitos desses surgem como um “”outsider”, um sujeito fora do sistema, pessoa com ares de messias. E nessa hora, grandes levas, rebanhos de gente querem mudança. Vem dessa crença e fé o sucesso desses charlatões de todas as categorias de atividade e profissão. Mas, atenção, os de maior sucesso são os mercadores da fé, que prometem curas por milagres; os profissionais de saúde, incluindo médico e terapeutas; e os políticos.  

Posts mais recentes

Os charlatões da FÉ e da política

  Estamos em plena era de conquistas científicas e tecnológicas, e mesmo assim, como vicejam, vigoram e recrudescem as práticas de charlatan...