O mercado das religiões

  Eu, que fui criado em uma família Cristã, Igreja Evangélica, tenho a oportunidade de fazer um paralelo do que era ser “crente”, Cristão de tempos mais antigos, de uma era eminentemente pastoril, agropastoril e interiorana, e seitas e igrejas com dos tempos de agora (pós modernidade). Só para ter uma ideia dos meios de comunicação. O Rádio (Radiofonia) chegou no Brasil em torno de 1922: a Televisão, em 1950 (de forma muito rudimentar), em preto e branco; telefonia móvel (celulares) e Internet, em 1990; redes sociais como o Instagram em 2010. São marcos evolutivos, que alteraram a comunicação, as informações e relações da sociedade, inclusive nas manifestações religiosas, fé e crenças. 

 Vem-me à lembrança, na região onde nasci (Iapu MG), região rural, da igrejinha onde se reuniam as pessoas, nos cultos semanais, meio de semana e domingos. Eram cerimonias de muita pureza, muita espiritualidade, pela simples e sagrada fé em uma força Suprema, Deus. Todos os dirigentes e operadores das cerimônias, os próprios fieis ali davam sua contribuição na manutenção, limpeza e higiene daquela simples construção. Os pastores e celebrantes, em geral os mais idosos faziam aquele ritual com muita contrição, muita pureza, sinceridade de coração e alma.

Algumas características ficaram em minha memória e as guardo com muita vivacidade e significado. Cito algumas: a solidariedade e fraternidade entre os membros/fieis da igreja; a referência a cada seguidor como irmão e irmã; o cumprimento com a expressão paz no senhor; o voluntarismo e dedicação a cada fiel em momentos que pudessem estar mais fragilizado, uma doença, uma carência material, financeira. Os celebrantes e membros eram terapeutas.

Nos cultos e sessões dos domingos passava-se o coletor de ofertas, havia a contribuição voluntária do dízimos. Eram recursos na manutenção material, consertos, e zeladoria do prediozinho (apenas térreo) da igreja. Essa igreja, lá permanece, à beira de uma estrada de chão batido, na zona rural de Iapu; local conhecido por taquaraçu.

E olhando agora os tempos modernos, eletroeletrônicos, grandes redes de rádio, de televisão, de comunicações instantâneas e digital. Quanto diferença, em se falando de seitas religiosas de tempos televisivos e redes sociais, igreja, denominações doutrinárias, católicas, evangélicas, pentecostais e neopentecostais. Passam-se a impressão que até o Deus é outro, e não o visto e reverenciado nesses idos tempos pré-modernos.

Há como que uma mercantilização da fé, da boa-fé, da crença das pessoas. Há cenários em que as pessoas parecem crer e seguir não um Deus onisciente e onipresente, mas ter fé, seguir os próprios apóstolos, executivos e apresentadores. Quanta diferença; olhando naqueles idos tempos de tudo analógico, rudimentar, natural, sem mídias, sem muitas cores e apelos. Olha o que se tinha lá e vendo o que se passa hoje.

Pelo que assistimos nesses tempos de muita TV, muita Internet, YouTube, redes sociais. Mas, principalmente nos canais de televisão. A fé, as religiões se tornaram em um negócio altamente mercantil e lucrativo. Há todo um complexo de marketing em todas as formas de comunicação a cores, vibração e convencimento. Negócios lucrativos. E Deus? Onde fica?

Mais uma constatação que se tornou como palavra de ordem, a invocação de Deus, de certas religiões e doutrinas para embasar, para dar sustentação a certas ideologias políticas, a sistemas. A religião virou uma justificação a sem-número de empreendimentos e práticas escusas, em confronto por exemplo com Direitos Humanos, Estado Democrático, leis vigentes. Existe até um mote, um slogan ou palavra de ordem muito empregada: “em nome de Jesus e Deus no comando”. Outra, Deus é fiel. Tais artifícios tão absurdos e não menos insanos se veem usados inclusive por traficantes de drogas, criminosos perversos. O sujeito delinquente profissional é preso, e por vezes leva a Bíblia. São estes e outros sacrílegos e sacripantas que se veem em suas práticas fora das  leis e da ética tendo como escuso citações bíblicas, um selo de alguma seita, religião. Tempos! Que tempos! Muita esquisitice!

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