O BOM HUMOR COMO EXPRESSÃO DE SAÚDE E FELICIDADE

Conhecida por papéis de humor na televisão, Berta Loran (1926-2025) teve uma vida pessoal marcada por um drama familiar. A atriz, que morreu aos 99 anos, foi casada duas vezes, os casamentos os quais chamou de “péssimos negócios”. Teve dois abortos e não teve filhos. Ela, em criança, veio para o Brasil com a família, fugindo dos horrores do nazismo de Hitler. Uma frase lapidar dessa formidável atriz é: “Pode-se perder tudo, menos o humor”. Você pode perder apartamento, joia, dinheiro e até um grande amor – 30 anos depois, quando você o reencontra, dará graças a Deus que o perdeu. Agora, o humor não pode ser perdido. Humor é tudo na vida”. Esta foi Berta Loran.

Berta foi conhecida também por ter atuado com Chico Anísio em seus programas de humor. Basta lembrar de seu papel na Escolinha do professor Raimundo- Rede Globo. Aproveitando essa deixa, ou insight, de Berta Loran, falemos um pouco sobre essa disposição de espírito, ou, quando ausente em muitas pessoas, essa indisposição que acomete tantas pessoas. O humor, essa energia que, bem trabalhada, torna os dias e a convivência das pessoas muito mais agradáveis.

Um grande sábio grego que bem falou sobre o humor foi Hipócrates (Cós, Grécia, 459-376 a.C). Para esse filósofo, considerado o pai da Medicina, muitas doenças decorriam do desequilíbrio entre os quatro humores de nosso organismo. Seriam o sangue, a linfa, a bílis amarela (normal, produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar) e a bílis negra (do baço, de cor negra ou cinza). A cor cinza é associada à tristeza, depressão, mau-humor.

À luz da Medicina de hoje, essa descrição de Hipócrates soa como folclórica. Entretanto, não é de todo falsa, porque esses sistemas orgânicos, por esse filósofo imaginados, quando adoecem, trazem muito comprometimento físico e fisiológico (fisiopatológico) com repercussões muito negativas no bem-estar, na saúde emocional e psíquica das pessoas. Basta ter como exemplos as hepatites e inflamações da vesícula biliar, as anemias (sangue), as doenças do sistema linfático como as linfangites e edemas, as leucemias; de graves efeitos ao estado físico e mental dos pacientes.  De fato, e ao certo, o desequilíbrio dos humores (fluidos corporais) traz sério comprometimento para as pessoas. O próprio estado de hidratação ou saúde sanguínea, o quanto de danos físicos e de “humor” traz às pessoas.

Com o passar do tempo, e com fundamento na Semântica, o senso popular de hoje, tem o humor como essa disposição das pessoas, em viver e se expressar de forma positiva, com alegria, com gentileza no contato com todos à sua volta, com a natureza, com uma esperança sempre ativa ante mesmo os pequenos e maiores imprevistos da vida. Uma boa deixa seria aquela de ver sempre o copo meio cheio de água; diante da escuridão acender uma vela ou uma lanterna em vez de praguejar as trevas ou xingar a concessionaria de energia elétrica, e saber que a luz vai voltar em breve.

O chamado mau humor é tão nocivo que ele é contagioso. Infectocontagioso, porque afeta as demais pessoas do convívio - o cônjuge, os coabitantes e colegas de trabalho, de jornada, dos embates comezinhos da vida. Imagine, o convívio, o compartilhar do quarto e cama com outra pessoa que já amanhece áspera, com azedume, com o bater de portas, com resmungos, desde cedo, e vai transmitindo essa energia negativa e corrosiva para os demais membros da casa, dos colaboradores do domicilio, das sessões de trabalho.

Um cenário que muito contribui para o mau humor das pessoas são as redes sociais. São fábricas de futilidades e posts de mau humor, porque nada de acréscimo trazem ao bem-estar cultural e saúde mental dos usuários. E todo esse rosário de besteiras, festival de futilidades gera mau humor e incivilidade nos adeptos viciados nesses aplicativos. São fotos, imagens e curtíssimos vídeos que nenhum aditivo cultural ou acréscimo moral e ético trazem aos usuários.


 

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