Ainda que a pessoa não seja aficionada de redes sociais, do Instagram como modelo global. Vale uma zapeada nele e ver o que os usuários trocam de informações, de cultura, de conhecimento, de algum domínio técnico ou dados que lhes tragam algum acréscimo de cidadania, de vida, de valores morais e produtivos, com vistas, ao mínimo, à mantença da autonomia e custo de vida. De fazer frente à comida, casa, roupas lavadas e higiene. Fugir do parasitismo, do comensalismo ou saprofitismo, ao menos.
E nessa visita e simples detenção analítica (dessas páginas), a pessoa mais aculturada e com melhores valores de formação técnica e científica há de ficar meio paralisada e aturdida com o rol de besteiras, de platitudes e frivolidades, às quais grandes multidões de gente se dedicam. Vá lá, no Instagram, Tik Tok, ex Twitter ou xis.
Existem até certos adictos dessas plataformas que por vezes arrotam e regurgitam algumas frases repicadas, de autores conhecidos. Porque há inclusive essa característica. A quase totalidade desses viciados em redes socais não exibe nada de suas ideias, construções artísticas ou literatices (que sejam). Eles e elas (homens e mulheres fortes, saudáveis) repassam posts, vídeos, frases e estultices que circulam nesses aplicativos, oriundas de outros usuários do Instagram. É de dar um dó! Ver os qualificativos intelectuais.
Foi o que ocorrera com este modesto escriba e cronista em um diálogo com um sujeito que sugeria uma formação e razoável domínio cultural. Porque citou alguma coisa do midiático e indigitado escritor Paulo Coelho e Itamar Vieira Júnior. Sujeito aqui citado, bacharel em Direito, bacharel de diploma, apenas.
Nesse breve diálogo estiquei a corda dialógica e disse alguma coisa de Marcelo Gleiser, do livro “A Ilha do Conhecimento”; e Jonathan Haidt. O sujeito, já na sua 5ª década de vida, se sentiu naquela saia justa e nada sabia desses dois intelectuais e cientistas. Perguntou-me que eram esses escritores.
Como o sujeito se parecia gostar de doutrinas, de filosofia. Pensei vou puxar alguma coisa de André Comte Sponville/Pequeno tratado das virtudes. E nada sabia, de Sócrates ou Buda. E esses nomes pareciam ser de outro planeta ao meu interlocutor. E logo imaginei; bem! Como eu não domino o que circula pelo Insta e outras visibilidades como os realities shows e futilidades da Internet, a conversação vai se encerrar tipo: eh, hoje parece que hoje vai chover; se não chover deve surgir um bom sol ... E fui resvalando para o tipo tal e qual...
As redes sociais se tornaram um grande mural de todas as pessoas afeitas e aficionadas a fofocas, à desconstrução de êmulos e rivais. Se a pessoa se vê alvo desses desocupados deixo esta solução: o conselho ou princípio do grande Marco Aurélio: “A melhor vingança contra os invejosos e nossos fofoqueiros é ser melhor do que eles” (de quem nos machucou).
No frigir dos ovos e batatas o que se pode concluir é que a Internet e suas poderosas e ubíquas plataformas e páginas virtuais se tornaram a Universidade de muitos e muitas pessoas, a Escola para esses imensos rebanhos de pessoas, que sugerem pelos posts compartilhados, se tornaram néscias e hebetadas das faculdades mentais e potencial (ou impotência) cognitiva. Esses seguidores e seguidos, esses alunos e discípulos das chamadas “celebridades”, os influenciados e influenciados, todos compõem um filão de gente aparvalhada e otária, porque se fizeram cativas e ovelhinhas dos provedores de que são clientes e dependentes. Nessas horas, a gente busca amparo no que proferiu Umberto Eco: Internet e redes sociais como os botequins, o mural de um turbilhão de parlapatice e idiotias. Os Idiotas das redes sociais, com seus Idioletos e abobrinhas. A melhor vingança é não ser como eles – Marco Aurélio!