Passividade e tolerância nas relaçoes a dois.

 Ouve-se com muita frequência o fenômeno da acomodação.  Diferente de comodismo, eles guardam semelhança, mas não a mesma significância. Entendamos. Existem muitos cenários onde se dá a acomodação, e iniciemos pelas relações humanas. Notadamente nas relações a dois/ homem e mulher, namoro ou conjugal.  Pergunta-se: quantos e quantos não são os encontros, em que pesem as desavenças, os conflitos de opções, gostos, cultura, rigor de honestidade, a mulher, quase sempre ela, vai como que tolerando esses vícios, baldas, sestros, manias, desvios de atitudes do cônjuge? Quantos e quantos?

Dá-se aqui o exemplo das relações a dois/homem/mulher, face às estatísticas de violência dos assédios moral e sexual, de violência física e psicológica, e os mais tenebrosos, os feminicídios que não cessam. E quando se analisam tais graves questões, basta remontar a como se deram esses relacionamentos com esses homens perversos, esses tabaréus, esses energúmenos, esses predadores e lobos com jeito de humanos. Verdade seja dita, os lobos nunca matam uns aos outros. Eles abatem suas presas apenas como instinto de sobrevivência, de comer e preservar a espécie. Alguém já viu lobo matando lobo de mesma matilha? Um lobo matando a loba porque ela o rejeitou sexualmente?

Afinal de contas, e pensando de forma sociológica e antropológica. O ser humano é a única espécie que elimina o outro de forma graciosa, grátis, sem ameaça, sem fins desse outro se alimentar (porque também seria canibalismo). E pouquíssimas espécies irracionais trazem esse instinto! Então fica a pergunta: que racionalidade é essa dos humanos? Um bicho capaz de eliminar o outro porque essa pessoa não quis ser possuída e dominada por esse agressor!

O que justifica um homem querer se apossar de uma mulher, ter conjunção carnal com ela, violentar sua intimidade, seu pudor, seu corpo, sua dignidade sexual? E diante da recusa dela fazer o quê? Executar brutalmente essa mulher! Pode-se classificar esse facínora e criminoso de dotado de razão e consciência? Quem disse isto? Que me desculpe o Filósofo Aristóteles!

Tornemos à questão central, a acomodação. Este fenômeno está muito presente no comportamento humano, e estudos demonstram que ele é mais presente nas mulheres. Questão genética, fisiológica e hormonal. Existem muitos fatores que levam uma mulher (pode ser também o homem) a aturar, a suportar as incivilidades, as grosserias, as ofensas, as folgas e exploração de um homem. Vícios e defeitos esses que vão aumentando, e a mulher tolerando. Puro fenômeno de acomodação e tolerância ingênua da mulher.

Lembremos como ilustração trechos deste poema >

 

“Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

 

NO CAMINHO COM MAIAKÓVSK –

 Esse conhecido poema faz parte do longo poema “No caminho com Maiakovski” (1968) do brasileiro Eduardo Alves da Costa.

Para concluir tão simbólico e ilustrativo artigo, ficam esses comentários. Muitas são as decisões, as realizações, feitos e fatos, negócios, compras, aquisições, relacionamentos, sociedades, compromissos, quando e a tempo devemos como prevenção e cautela, avaliarmos o princípio fundamental do custo/benefício. E nunca, mas nunquinha mesmo, termos vergonha, pudor, vexame de dizer não. Não é não.  Esse negócio, esse trato, essa relação conjugal, namoro, sociedade, eu não quero! Para sempre; e encerra-se a conversa. Trata-se de um direito intransferível e inalienável. O MELHOR remédio ou tratamento contra um mal ou lesão é a prevenção, a profilaxia. Para tantas doenças existem vacinas, profilaxia e antídotos.  Nas  relações  humanas é o mesmo efeito. Não e Não; e ponto final.

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