Os perdulários e caloteiros psicopáticos

 Tanto a Psicologia quanto a Psicopatologia estudam muitas personalidades desviantes do que seria o padrão. Ao certo e sabido, assim entendem as Ciências da psique humana, é impossível estabelecer critérios matemáticos, isto é, com precisão do que seja o normal e anormal. Há essa proximidade entre muitos indivíduos, os tipos desviados, que por questões éticas, sociais, até de direitos humanos e do chamado “politicamente correto” são aceitos como normais. Gentes que apesar de se comportar, viver e relacionar de forma estranha e disfuncional (termo genérico e abrangente), serem essas gentes, ainda assim agrupadas e admitidas entre os normais. Questão social e humanística, de empatia e do politicamente correto de convivência.  

Em se falando da complexidade e variedade das personalidades; bom e prático seria se as disfunções de comportamento e conduta nas relações humanas tivessem critérios confiáveis de normal e anormal. Uma analogia são as constantes e os parâmetros nas disfunções orgânicas. Como exemplos, pressão arterial de 120/80 mmhg, temperatura corporal de 36,5º C, glicemia entre 70mg e 90mg/dL etc. Atentem que nem no contexto orgânico existe exatidão. Há uma faixa de normalidade, um limite do saudável e do patológico.

Saindo dessas pertinentes e oportunas considerações, analisemos como modelo a chamada personalidade perdulária. Conforme estudos e ensaios de Universidade Pública de Camberra – Austrália, esse caráter recebe outros nominativos. Não importa. O que se tem de certo e concreto é que ela está muito presente em muitos indivíduos. Ela se caracteriza, como o título sugere, tratar-se de pessoas que na obtenção de satisfação de gostos, conforto e luxo pessoal ou familiar, não se importam em se valer da boa-fé, da confiança e generosidade de outras pessoas no alcance desses desejos e projetos, do conforto, do prazer e do que está na moda. Roupas, carros e mobiliário. Vem dessarte o nominativo de personalidade folgada ou oportunista.   

 Ao se pesquisar outros autores como Carl Jung (1875-1961), esse notável Psicólogo e Psiquiatra suíço, nos fala da personalidade perdulária, aquele indivíduo que faz graça, festas, obtém vantagens e bens pessoais, valores monetários, empréstimos impagáveis; numa palavra, vivem no bem-bom com dinheiro alheiro. Esse sujeito é o reverso da chamada personalidade pródiga. Esta também se caracteriza não por esbulhar, surrupiar recursos, energias, dinheiro alheios, como pródigo, este tipo de caráter, necessita até de interdição, porque esbanja, surrupia e perde todas as próprias economias. Trata-se também de um tipo disfuncional (personalidade psicopática).

A personalidade perdulária, objeto desse estudo australiano, e de forma símile referida por Jung, diz respeito àqueles sujeitos que tomam de “empréstimo” algum valor de uma, duas, tantas pessoas, quantas por ele são prometidas receber e seguem o mantra, sei que devo, pago, quando puder. Conforme explicita os pesquisadores desse trabalho psicopatológico, as pessoas arroladas nessas tratativas, são na maioria da própria família ou convivência do portador dessa psicopatia (personalidade psicopática). O curioso desses indivíduos, é que “mantem uma convivência e contatos sociais com seus credores, numa expressão de normalidade, sem se pejar, sem se ruborizar”; palavras do estudo australiano. Sombra cronificada de estelionatário crônico grave ou, para quem tem a categoria de personalidade psicopática, na qual a defesa psicopática abrange uma parte dominante do Self Individual” Carl Jung (1950). Enfim, os tipos desviados e desviantes, de comportamento social, familiares e “amicus curiae” aceitos e inseridos entre os normais, tornam-se difíceis de distinção, porque na convivência, como referido de começo, se tornam tolerados, sobretudo com base nos liames e pontes genéticas e parentais. E a convivência vítimas/aproveitadores se mantem perpetuamente, em flagrante desarmonia dos promissórios e promitentes (mais Jung neles).

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