Os lixos e excrementos ....

 A pandemia da covid19, serviu às Ciências em muitas esferas sociais. A doença aqui no caso, tratando-se de um mal, exemplifica bem aquele ditado do “há mal que bem para o bem”. Não se quer afirmar que para todo bem deve primeiro existir um mal. Mal como um problema contingencial, pode-se dele extrair lições, experiências, estratégias de prevenção. Em se falando de uma doença, pesquisas, insumos, medicamentos em sua cura. E nessa análise, uma doença infecciosa e grave, a busca obstinada por vacinas

Foi o que ocorreu com a covid19. A síntese das vacinas foi rápida e eficiente. Nossa gratidão e reverência a todos os cientistas, aos imunologistas, aos virologistas, aos médicos e funcionários que diuturna e soturnamente, trabalharam, tiveram insônia, cefaleias, enxaquecas, correram riscos, alguns morreram, pegaram a doença. Mas, enfim, o benefício final maior, o grande feito heroico, a vacina salvadora.

Depois de milhões de vítimas. Imagine sem vacinas. Dos males se tiram alguns bens. É sabido que o medo e temor transformam e tornam as pessoas mais previdentes e inteligentes. Os eventos nocivos e trágicos mostram esse princípio. Na pandemia do coronavírus, grande parte da humanidade se aderiu às medidas sanitárias, lavagem e assepsia de mãos, máscaras faciais, isolamento social, álcool gel e liquido, antissépticos, sabão, sabonete, lavagem de mãos. Nos tempos pré vacinas anticovid havia pânico nas pessoas, nos contatos humanos. Era o temor, a fobia de contrair o vírus e entrar em insuficiência respiratória, ir para UTI, respirar por aparelhos, tubo de oxigênio.

Eis que foram chegando as vacinas, as mortes reduziram drasticamente, poucas imagens de gente sofrendo e morrendo pela TV, jornais e redes sociais. Havia os boletins diários exibidos pelas TVs, quantos doentes, taxa de óbitos, das vacinas com uma dose, duas doses e reforço de vacinas. Até não haver mais estatística de vítimas e mortes nos telejornais. Adivinhem o que aconteceu com as medidas higiênicas das pessoas? Exato isto: as pessoas voltaram ao que era de costume antes da pandemia. Memórias transitórias dos humanos.

Nos EEUU, foi feita uma pesquisa sobre os hábitos higiênicos das pessoas pós pandemia. E como foi elaborada demonstrativa estatística? Cerca de 10 mil pessoas foram analisadas como se descreve. Nos banheiros de padarias, cafés, lanchonetes e restaurantes, de variados estratos sociais (classes A, B, C), foram acopladas câmaras nas pias e lavabos. Onde as pessoas entrariam nas toaletes, mictórios, sanitários; elas tinham, à disposição e bem visíveis, sabonetes líquidos, papeis toalhas. Ou seja, após a micção (urinação) ou evacuação (defecação) o indivíduo poderia higienizar, lavar suas mãos. Imagine, trata-se de um cenário, onde em seguida o cliente vai se alimentar, pegar em vasilhas reutilizadas, talheres, pratos, etc.  

É de registrar-se que referidas gravações eram mudas, sem áudios, e tomando apenas as mãos das pessoas. Absolutamente anônimas, conforme comitê de bioética de Biologia e aprovação do Ministério Público. O resultado mesmo para a sociedade americana é de se espantar. Por quê? Muitas pessoas que adentravam esses espaços para alimentar, tomar um café, comprar um alimento etc., entravam nos banheiros (WC) para se aliviar dos digestórios ou urinários. E os resultados são instigantes. Cerca de 38,5% delas não lavavam as mãos para em seguida tomar o seu lanche, um café, se alimentar, almoçar, jantar.

 

A conclusão aqui é que, nem uma pandemia como a do coronavírus (covid19) foi capaz de tornar as pessoas mais civilizadas, mais zelosas e praticantes de boa higiene. Um gesto tão simples, o de lavagem de mãos, o uso de água e sabão após expelir os desejos corporais, fecais ou urinários. Por isso há aquele ditado e princípio civilizacional: um ótimo indicador de civilidade e higiene da pessoa está no lixo material ou corporal que ela produz e o destino dado a esses rejeitos.

Uma cristalina verdade vista em nosso redor. Antes e após a pandemia da covid 19. Passado o medo da doença e de morrer, todos tornaram aos antigos hábitos de nem estar aí para os asseios do corpo, de mãos, do nariz, da boca e dos dejetos e lixos produzidos.

Porque além da própria saúde, há o outro; o meu próximo ou distante. Não importa. Isto se chama civilidade, educação e empatia. Se quisermos saber o grau civilizatório, educacional, ético e social de alguém olhemos os seus espaços onde esse alguém passou, a mesa do almoço, do café, o banheiro que essa pessoa usou, o recipiente dos lixos, o destino que ela dá ao xixi, ao cocô, aos guardanapos, às roupas íntimas, etc.etc.  

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