Vamos falar nesse informativo sobre farmacoterapia sem fundamento científico. A Medicina, nos dias de hoje, mais do que em todos os tempos, claramente se faz e justifica em dois pilares: Ciências e Tecnologias. Ela, Medicina, dispõe de refinadas técnicas de ponta no cumprimento do que ditam os experimentos, as observações detalhadas de ensaios clínicos, estudos e pesquisas. Tudo seguindo rígidos protocolos de bioética, por profissionais habilitados, cientistas de saúde, em laboratórios e instituições igualmente habilitadas, sérias, com absoluta isenção de indústria de insumos, equipamentos e laboratórios farmacêuticos.
Ao médico e outros profissionais juramentados com o bem-estar, com a saúde, com a vida de seus clientes, cabe essa sublime e humana tarefa: a de buscar fazer não o possível, mas o melhor em vigor para a pessoa que ele assiste, orienta, medica, opera e trata, o paciente, alvo maior e único de sua missão. Não é sem motivo que todos ao receber seu certificado de instrução, de formação e treinamento, fazem esse solene juramento, esse compromisso ético, de agir com retidão, prudência, perícia, técnica e ciência, em prol da pessoa enferma.
Em se tratando especificamente de terapias farmacêuticas, qual a correta e ética conduta de um médico ao prescrever um remédio? Não ter pressa de ser o primeiro a prescrever essa droga. Na prática há o representante do laboratório que lhe apresenta o produto. Esse profissional, nessa visita, fará um marketing, um enorme lobby, quase uma pressão, um convencimento ou “aliciamento” do médico na adesão e prescrição desse lançamento.
E atenção! Estudantes, estagiários, residentes médicos, recém-formados! E até médicos veteranos. Tenham essa paciência de analisar, ler sobre o produto, saber como foram os trabalhos e pesquisas, sua aprovação pela ANVISA, as pesquisas que envolveram essa substância. Perguntas fundamentais: quem conduziu os ensaios, qual instituição do Estudo, houve patrocínio desse laboratório nas pesquisas da droga? Conflitos de interesse laboratório/pesquisadores e/ou instituição? Muitos são os fármacos, cujas pesquisas são tendenciosas, com viés nos resultados (falseados) em prol do interesse do fabricante.
Temos assistido e com muita persistência e frequência o assédio e verdadeira doutrinação de representantes e propagandas de laboratórios à classe médica. A exposição é sempre a de que aqueles produtos são superiores ao similares e sucedâneos dos concorrentes; em eficácia, em segurança e custo ao paciente. Os engodos e iscas não faltam: tantos aos médicos prescritores e ao consumidor/paciente.
Como exemplos desses engodos e enganos, tomemos dois exemplos de tanta enganação e chamariscos aos menos avisados. Há no mercado os medicamentos de marcas e os genéricos. As marcas são nomes pomposos. Genéricos vêm o nome da substância. Sinvastatina e atorvastatina são para colesterol e triglicérides. A diferença de eficácia entre o genérico e a marca elegante varia de 5% a 10%. Entretanto o preço da marca é 5 vezes ou 10 vezes maior. Ou seja, o benefício é do fabricante! Então, por que receitar um produto tão caro, a quem tem baixo poder aquisitivo, se a diferença de efeito é mínima?
Para concluir. Esta prática, do nome de grife/elegante em vez do genérico, se faz notar em prescrições de médicos novatos e mesmo muitos já veteranos. Fica aqui uma dúvida, uma instigante pergunta? Nessa prescrição do produto caro, da marca, de um nome exótico e não conhecido do paciente e consumidor, de duas uma: o médico que prescreve está se mostrando antenado com a modernidade? Ou recebe alguma comissão, um brinde, um agrado do Laboratório? Todavia, um alerta mais: o conselho de medicina, veda essa relação. Por óbvio conflito de interesse. A ver