A Medicina, assim como a Engenharia, a Odontologia, a Arquitetura, a Geografia, a Geologia, todas se fundamentam em Ciências, em experimentos, ensaios, protocolos de pesquisas. E por fim, a comprovação daqueles resultados. Vem então a aplicação desses resultados em prol da saúde, da segurança, do bem-estar das pessoas, dos animais, do meio ambiente, da sociedade e do Planeta.
Não deveria mais ocorrer, mas ainda vicejam e prosperam muito charlatanismo e muitas crendices das pessoas em um rol de besteiras, de mentiras, de mitos, de fabulações. Porque para isso não faltam os charlatões, os curandeiros, os enganadores, os falsos profetas, os idólatras, os falsários, os caloteiros e golpistas. E as pessoas acreditam em tais fraudes e fraudadores. Trata-se de um mercado, da exploração da ingenuidade, da falta de crítica e de malícia dessas pessoas consumidoras e crentes. Uma explicação é a baixa escolaridade e cultura de percentual enorme da sociedade.
Entretanto, a deficiência de formação escolar e tecnocientífica não explica, por si mesma a existência de charlatanismo e fraudes. Basta ter em conta o quanto de pessoas estudadas, doutores, médicos, engenheiros, etc., que acreditam em abobrinhas, em tantas teorias, propagandas e mentiras. Entram nesse processo de crendices e fé, o fenômeno da lavagem cerebral e a doutrinação feitas pelos exploradores e mercadores dessas ideias e marketing.
Façamos aqui dois lados do charlatanismo, assim: existem os praticantes do charlatanismo e curandeirismo que detém diplomas universitários; médicos, dentistas, terapeutas vários; e existem os leigos, sem formação profissional superior. E na ponta dessas práticas os clientes e consumidores dos variados estratos sociais. Os dois lados são interdependentes, charlatão/consumidor.
O charlatanismo, o fanatismo religioso ou doutrinário, ideologias e sistemas radicais de governos se valem do mesmo mecanismo psíquico e aliciamento de pessoas em suas práticas. Entram todos os expedientes e marketing de convencimento das pessoas. É a crítica pelas simples crítica ao sistema reinante, à outra religião, às Ciências ou quem esteja numa condição de governo ou de maior audiência e maior adesão ou simpatia da sociedade. É a força da ideia de nós contra eles. Do slogan, vamos mudar o que está em voga, em sucesso!
Sobre a prática do charlatanismo. Ele se faz muito presente e massivamente na saúde. Quantos e quantos não são os procedimentos, as terapias, os insumos paliativos ou ditos curativos no mercado! Muitos sem bases científicas. O curioso e instigante para uma cabeça bem pensante é que existem no ponta o cliente e consumidores que acreditam e compram essas ideias e propagandas.
Exemplos bem concretos na Medicina. O paciente que chega ao médico com uma queixa, uma dor, uma fadiga, um mal-estar, sintomas mal definidos e sem diagnóstico. Qual o médico que escuta, ouve, examina detidamente o doente e solicita os exames condizentes com os achados dessa consulta? São poucos. Prescrições de medicamentos: quantos medicamentos são receitados sem uma estrita indicação! Poucos fazem dessa maneira. Na maioria das consultas, se pedem exames absurdos, sem fundamentação clínica, e medicamentos como se fossem ração animal.
Tomem os casos de cirurgias estéticas e remodelação anatômica (diferentes de plásticas e reparadoras). Qual a base? Existem muito charlatanismo e marketing profissional nessa prática. Deveria haver maior fiscalização e critérios na fiscalização dessas cirurgias. E falar nisso, em que pesem Conselhos de Medicina, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Há um ditado: se conselhos fossem bons, vendiam-nos e não grátis.