Assistindo certas cenas e testemunhos de certas pessoas em templos evangélicos sobre curas milagrosas, um profissional médico sério, ético e com formação científica, mesmo sendo este médico um religioso (católico ou evangélico) percebe o quanto de fraude, de enganação existe nesta exposição. Primeiro, e para um Cristão, é oportuno e isento afirmar que o milagre, o mistério e o impossível são factíveis para Deus, com sua infinita sabedoria (onisciência) e infinita misericórdia.
Mais um princípio existencial, humano e Divino: Deus não precisa de intermediário e vozerio e teatro para promover um milagre, aclarar um mistério e solução do impossível. Sendo Deus um ser onipresente e onisciente, basta que a pessoa rogue, ore, suplique a Ele, e eis a solução de sua saúde, a carência social, financeira e outros sofrimentos. Deus dispensa despachantes (pastores, apóstolos, bispos, apresentador midiático ou televisivo) para fazer os seus milagres, para quem a Ele (Deus) rogue essa ajuda.
A esse propósito de curas e milagres, o tema merece uma reflexão. Nessa natureza da cura pela fé, uma pessoa coerente, decente e racional. Esta que tem a convicção e certeza no poder das Ciências não pode desdenhar ou diminuir essa possiblidade do Infinito Poder e Onisciência de Deus. Esse considerado e revestido do título de supremo arquiteto do Universo (talvez os vários universos).
Basta imaginar que todas as maravilhas existentes não poderiam ter se organizado a partir do caos e do big bang. Quando muito, uma pessoa que baliza sua vida, sua formação técnica e científica pelas Ciências, o que ela deve se sentir é ser ignorante, no máximo uma agnóstica dos milagres e mistérios de Deus, e não negar por negar!
Em se tratando dos casos concretos que assistimos pela imprensa; com especial destaque as apresentações televisivas. Muitas exibições e relatos de curas e “milagres” se encerram em pura falsificação do que a própria natureza se incumbe de fazer (curas, cicatrizações, remissões de afecções diversas). É de fácil compreensão e entendimento que a cura mais eficaz, e ela ocorre sempre, é feita pelo próprio organismo. A natureza não age por saltos. O organismo humano dispões de vários sistemas de reparação tecidual, de imunidade, de antibióticos naturais, de enzimas, de anticorpos. Todos capazes de debelar e aniquilar os mais tóxicos e nocivos patógenos. Não fosse assim, a gente morreria a toda hora de infecções comuns como uma gripe, uma pneumonia, uma diarreia.
Nessa mesma consideração são várias doenças de pele, tumores benignos ou malignos, doenças inflamatórias. Muitas dessas afecções de pele ou sistêmicas têm os chamados períodos de remissão. A exemplo de uma asma. Imagine se um asmático passasse o tempo todo em crise de dispneia (falta de ar). A intervenção do médico, muita vez, se faz no sentido de ajudar a natureza, de acelerar o processo de remissão ou de cura.
Por fim, uma consideração sobre tumores, nódulos, caroços, tecidos anormais detectados em uma consulta médica e mesmo em exames de imagens. Basta lembrar dos chamados resultados falso-positivos e falso-negativos. Quantos não são os erros de laudos. Uma sugestão diagnóstica de câncer serve para ilustrar: no primeiro exame vem o diagnóstico, repete-se o exame e laudo normal.
Pois não é de ver que é justamente nesse interstício, que muitos curandeiros e charlatões, pastores e milagreiros fazem sucesso! Porque arrogam para si a eficácia da intercessão. Basta propor a esses impostores e aproveitadores da boa-fé e ingenuidade das pessoas, a cura de uma fratura óssea, a cura de um infarto do miocárdio, de uma vesícula repleta de cálculos etc. etc. Que fique pacificado, eu como crente em Deus, quero, se por ventura, não houver outro recurso contar com as curas e milagres de Deus, e Ele pode tudo. Creio.