Ao que sugerem os fatos, os acontecidos recentes e mesmo muitos pregressos e regressos episódios, o inferno para uma fração considerável de pessoas se dá em vida e aqui mesmo na terra. Um exemplo emblemático se passa com o terremoto que atingiu Turquia e Síria, nesse fevereiro de 2023. Todas as pessoas com um pouco de razão e coração há de se indagarem quando assistem às cenas tão doloridas, pungentes e sofridas dessas pessoas, que inesperadamente foram atingidas, muitas dormiam e foram mortas, outras acordadas aterrorizadas e encarceradas sob os escombros de prédios e casas.
O grau de
sofrimento, de privações sob toneladas desses entulhos de ferro e concreto, a
dor física, emocional e moral é alguma coisa inominável, indizível. Por que com
essas pessoas? Fica essa instigante e plangente pergunta: idosos, crianças,
pessoas já debilitadas ou por doenças ou outras privações. Crianças nascidas
nesses cenários trágicos, recém-nascidos, inocentes. Por que elas? Nem
precisamos buscar exemplos tão distantes, vejam todos os anos as vítimas de
enchentes, desabamentos, alagamentos e desastres naturais e de trânsito de
nosso Brasil. São cenas muito sofridas de ver.
“Deus, ó Deus! Onde estás que não
respondes?/Em que mundo, em que estrela tu t’escondes/Embuçado nos céus?/Há
dois mil anos te mandei meu grito/Que embalde desde então corre o infinito/..
Onde estás, Senhor Deus”? Castro Alves, em Vozes D’África.
E assim,
grandes podem ser as perguntas a se fazer. Por que comigo, por que com fulano,
por que tal pessoa e pessoas, a tragédia assim ou assado se deu? Muitas vezes
de forma inclemente há como vítima gente inocente. Um acidente, uma doença
incurável, uma morte inesperada de qualquer causa! Crédulos, crentes em Deus e
ateus podem e têm até o direito desses questionamentos. Por que comigo? Por que
com esses povos?
Algumas
reflexões pertinentes para pensar. Pensemos somente na teoria criacionista, de
Deus como o criador do Universo, do cosmo, do planeta Terra, e a mais sublime e
prodigiosa de seus feitos, a concepção do homem. Dotado que foi da mais alta
qualificação cognitiva e racional, potencial intelectual, discernimento,
aptidão infinita para a abstração, o pensamento lógico, o planejamento e
organização. Superior e dominante sobre todos os outros animais, titulados e
classificados como irracionais. Este é o animal humano.
Fez mais
o onisciente e onipotente Criador, dotou o homem de vontade, da livre vontade,
do livre-arbítrio, da capacidade de um semideus, aptidão para discernir o mal
do bem (nesse eterno embate bem x mal). E como sistematizado e legislado pelos
representantes legítimos em muitas nações, democracias por exemplo, da
liberdade de opinião, de imprensa, de expressão, da liberdade de escolher os
que nos governam e fazem a Constituição e todas as leis infraconstitucionais,
etc, etc. Basta o exemplo da democracia do Brasil. Nós escolhemos livremente,
voto direto, os nossos governos e representantes do Parlamento. Quando der
muito errado, resto o lamento!
Assim
pensado e exposto, muitos são os príncipes, governos, chefes de Estado, que são
escolhidos pelo povo, ou pelos representantes desse povo. Alguns, evidentemente
que tomam o poder: depois de escolhidos por voto popular. Não o exemplo da
Síria. Ditadura hereditária da família Assad. Turquia, um regime também
autoritário, de perseguição aos adversários políticos.
Uma tragedia, como essas dos terremotos de
Turquia e Síria, duas tiranias. Bilhões em investimento em força militar, em
guerra (Síria). Tudo em nome dos regimes e desses governos de exceção e
autocráticos. Ao povo, restam as construções frágeis, prédios vulneráveis a
terremotos e sismos. Contrário ao que se vê por exemplo no Japão, construções
seguras e a prova de abalos sísmicos. Se um terremoto dessa magnitude ocorre no
Japão, quão menor seria a estatística de mortos e feridos!
Enfim, e
ao cabo dessas reflexões. O povo, construtor de uma Nação, de um país, quantas
não são as vezes que colhem os feitos e malfeitos de seus governantes, de seus
representantes no parlamento. Cada povo exerce sua livre vontade, seu
livre-arbítrio de dar aval aos seus chefes de Estado, de inclusive construir
infraestruturas, pontes, viadutos, passarelas, prédios que podem cair ao menor
tremor de terra.
Ficam
nossas tristezas de ver tantas vítimas, tanto sofrimento. Tragédias essas, que em
geral não atingem esses mandatários e tiranos e suas famílias, desastres que quase
sempre não atingem esses paladinos, palacianos, agentes públicos e políticos,
porque estão em suas fortalezas, em seus castelos, à prova de ameaças, de toda
ordem. Quão triste! Ao povo os efeitos dos desmandos e tragédias, aos
adversários perseguições, execuções e os rigores das leis.