A desonestidade conveniente

 Todas aquelas (les) personagens dedicadas (os) ao pensar, à análise dos movimentos sociais e comportamentais dos indivíduos têm na própria sociedade um amplo laboratório de estudos, observações e experimentos. E o termo indivíduo é bem próprio porque muitos sãos os sujeitos semelhantes, nunca iguais. Sequer os gêmeos são iguais; eles (gêmeos) são por demais parecidos. Todavia os influxos e fluxos de informações e aprendizado, o meio social, a sociedade como um todo vão produzindo marcas comportamentais, no caráter, na índole, mudanças na própria personalidade, conforme as instruções sensoriais e educação recebida dos pais, da família, do contorno social de convivência.

A organização social, comportamental, de conduta e caráter da pessoa humana se faz, as Ciências não negam, com determinação da genética. Muitos são os atributos e distinções imutáveis; assim se fala na anatomia, na fisiologia, na habilidade motora e cognitiva e nas faculdades abstratas das emoções, da sensibilidade, na adaptação social. existem características marcantes e individualizantes. São questões bem pacificadas. É o princípio de que o genoma do sujeito exercerá efeitos na constituição da pessoa para o bem ou para o mal. Como são os casos de muitas afecções hereditárias, genéticas, de formação, muitas síndromes. Contra essas a Medicina, a Psiquiatria, A Psicologia nada curativo podem fazer, quando muito e consolante, os paliativos.

No que concerne ao escopo e interesse de pesquisas e cientistas de humanidades, estritamente ao arcabouço psíquico e comportamental da pessoa, muitos dados e conclusões vêm se consubstanciando; são os ensaios e estudos para melhor deslinde e conclusões dos humanos em seus díspares e intrigantes modo de se comportar, de se conduzir, individualmente, social e coletivamente.

Nesse bojo e arquivos de estudos tomemos os exemplos dos chamados comportamentos condutopatas e sociopatas, dos psicopatas e outros desvios do que se pode balizar como normais, padrões ou aceitáveis de convívio. Como típicos citem-se os frequentes e recorrentes indivíduos pedófilos, estupradores, predadores de mulheres; se assim, se pode nominar tais casos delinquentes e ao mesmo tempo “patológicos” por conveniência. Independentemente de estudos científicos, sociais e psiquiátricos, na concepção e apreciação das pessoas comuns, não técnicas e científicas; então: como admitir que um pedófilo, um estuprador é um indivíduo sadio ou normal? Impensável!

No mesmo pacote de pesquisas, de ensaios, de observações randômicas e de casos-controle se encontram a condição psíquica e social do indivíduo desonesto por conveniência. Não se fala aqui daquele sujeito que por um revés pessoal, social ou crise de emprego ou financeira, se torna inadimplente com algum compromisso fiscal, devedor; que sofreu perdas patrimoniais e fiscais. Fala-se aqui de quem pratica a desonestidade por pura índole e conveniência pessoal de levar a chamada vantagem nos seus negócios e traficâncias com que pessoa for: com pessoas ou instituições públicas ou privadas, com pessoas do convívio familiar: pais, irmãos, parentes em geral.

Nesse contexto as Ciências Sociais, a Psicologia Positiva, as Neurociências trazem a compreensão e análise do cérebro, da fisiologia neurossensorial desses classificados caloteiros, dos estelionatários, dos golpistas, dos praticantes de negociatas e outros compromissos financeiros e pecuniários escusos. A imprensa audiovisual ou impressa, a todo dia, nos noticiam sobre esses tais e quais indivíduos. O que dizem as Ciências sobre esses comportamentos? Alguns deles, não o negam as pesquisas, têm uma predisposição genética à desonestidade conveniente; este o termo correto. Existem outros indivíduos que se tornam desonestos por uma deformidade de educação e formação. Significa o quê? Houve uma falha na criação, na educação e construção do indivíduo. “ O sujeito bom ou mau é feito e se faz pelo ambiente familiar e social”. “Todo homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe” – Rousseau.

Assim, se fala em uma herança social, por deformação na instrução, na educação e construção social da pessoa, desde a infância, adolescência e jovem. Entra nesse contexto o ambiente social familiar. Existem famílias de desonestos como exemplos consistentes mostrados nesses estudos. O desonesto conveniente se equipara ao cleptomaníaco, ele não precisa de ser desonesto nos negócios, mas o é por conveniência, ele se realiza e compraz em sempre obter vantagens. Como vítimas, empresas públicas ou privadas, bancos, financeiras, cartões de crédito, pessoas ingênuas. Quanto mais próximas forem e mais lenientes, mais vítimas se tornam. Êta mundo cão, hein. Arre! A solução é se acautelar sempre contra esses aproveitadores.

João Joaquim  

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