Quantas não são as atividades humanas para as quais deveria existir uma formação escolar. E não há escolas para todas as ações sociais, de relações humanas e funcionais. Imaginemos como exemplo a atividade de administração pública. Exemplos: Presidência, governança de Estado ou Província, Prefeitura. Entre tantas outras exercidas pelos titulares agentes públicos. A maioria desses servidores públicos não detém uma formação específica de Administração Pública, curso este até existente, mas pouco feito de quem deveria ser uma condição fundamental e requisito obrigatório, a de gestor das coisas públicas.
Em se tratando de Brasil, então, temos assim
uma explicação do porquê de tanta ingerência, de tanto descalabro, desatino e
trapalhadas dos referidos titulares dessas funções gerenciais e
administrativas. O instigante e curioso é que para improbidade, roubos,
prevaricação e corrupção, muitos desses servidores públicos e representantes
parlamentares não precisam de formação. Eles agem “tão bem”, ilicitamente
falando (isto é, para o mal) que muitos dos malfeitos ficam na clandestinidade
e sem alcance das leis. Funcionalidades e fenômenos próprios do Brasil. Um
personagem emblemático dessa questão é o ex prefeito Paulo Maluf, de são Paulo,
um roubo de 300 milhões de dólares.
Abstraindo e fugindo dessas
questiúnculas políticas e de governanças, uma outra atividade para a qual
deveriam existir cursos, uma formação humana orientadora, e não existe, é a de
criação e formação de família e filhos. Essa atividade, a de formação de uma
família e formação de filhos, lato sensu, bem entendido, essa responsável e
indelegável atividade bem que merecia cursos de formação para o seu exercício
pleno, eficaz, ético e útil, para a família e sociedade. Porque, o que há de
certo e aceito é que tudo se faz amadoristicamente, de forma autodidata, pela
observância de como fizeram os pais e avós. Essa é que é a pura e cristalina
realidade.
Muitos são os homens e
mulheres que trazem na cabeça, na mente a noção pura e simples de que criar uma
família e por consequência povoar uma casa de filhos, é apenas proceder a
relação carnal, gestar esse feto, fazer o pré-natal, dar de mamar e alimentar
essa criança (ser em formação biopsicossocial), prover a assistência pediátrica
com vacinas e regras de higiene e alimentação, todas mal seguidas por sinal por
muitos pais, acompanhar o crescimento físico dessa criança, adolescente e
jovem, dar-lhe um diploma escolar, algo que também é bem maquinal e garantido.
Observe as balizas, e notem se há alguma diferença! Nenhuma! Esta é a diferença
de criação (stricto sensu) da formação de um filho (lato sensu).
Esta sequência refere-se então
à mera e ordinária criação de filho. Diretrizes idênticas às adotadas na
criação de um pet e asnos que se criam
com ração, vacinas e domação. Entretanto, filhos se formam com ensinamentos,
limites éticos e sociais, educação fundada no exemplo e regras de estudo e
escolas de qualidade como complemento na formação ética, social e técnica do
indivíduo. E muitos pais e mães não detém esse preparo, tudo se faz de forma
amadorística e mal, de forma canhestra, mambembe e com tolerâncias.
São muitas as famílias, nas
quais, o pai; mas principalmente a mãe não manifesta os requisitos básicos na
criação, que de fato tem em comum com a de um bicho de estimação, porque até 2
anos, 3 anos de idade uma criança carece mesmo apenas de higiene, vacinas,
proteção e alimentação adequada para idade. A partir dessa idade, a mãe em
especial, deixará marcas permanentes na formação e educação dessa criança. O
ambiente doméstico, gerenciado pela mãe e auxiliares será o grande referencial
educativo da criança.
Existem certas famílias,
sempre existiram que foram muito amadoras e trapalhadas e atoleimadas na
formação dos filhos. Ao que parece esse padrão recrudesceu com a chegada da
Internet, do telefone celular e mídias digitais (facebook, instagran,
whatsapp). Muitos são as pessoas que analisadas as famílias e como foram
criadas e mal educadas, têm-se no estilo e padrão de formação o porquê delas
serem assim e assado. E então não há terapia ou ansiolíticos ou psicotrópicos
que deem a solução, para tal deformação de caráter.
Tudo se inicia pelo tratamento
privilegiado a esses filhos e filhas. Vai das coisas mais simples e rotineiras,
do prato mais saboroso, da melhor cadeira para assentar, da cama mais estética
e confortável, da sobremesa mais saborosa, das bebidas e doces de melhor gosto.
Até os apetrechos mais caros como relógios, roupas de grife, smartphone,
tablets e etc. Por essas e outras
indicações, é que esses filhos e filhas vêm se constituindo na geração dos
fracos e frágeis indivíduos. Filhos e filhas já maduros fisicamente que se
caracterizam por não ter autonomia para quase tudo na vida, indecisos,
dependentes permanentes de pais, avós, irmãos ou quem os sustentem e tutelam. É
a geração dos eternos adolescentes e dependentes de quase tudo para a própria
sobrevivência. Quão triste e desesperançoso é esse cenário das famílias.
Joao Joaquim
médico e articulista dm.
CURSO DE FORMAÇÃO FAMILIAR II
João Joaquim OK
Em artigo pertinente, discorri
sobre cursos de formação familiar. Deveria existir e não existe. Há até cursos
de noivos, ministrados por algumas igrejas, Católica e Evangélicas, mas de
forma empírica, amadorística e doutrinária. A questão aqui tratada seria mais
científica, mais pedagógica, mais sociológica e didática. Muitas são as
atividades humanas para as quais bom e saudável seria a exigência de uma
formação específica. No exemplo da constituição de família, quem deveria opor
essa condição seria a Justiça, através dos cartórios de registro civil, porque
estes representam o Judiciário.
Nesses termos e condições,
assim que os noivos fossem agendar e aprazar a união conjugal (casamento
tradicional, união estável) os notários e cartorários já solicitariam o
certificado da conclusão e habilitação nesse curso de formação familiar. E não
importaria se esse casal, os cônjuges tenham em meta a geração de filhos, que
seria outro empreendimento dos mais sérios e complexos. E a esse proposito vem
a ementa a seguir, a criação e construção ou formação de um filho. São questões
bem distintas, criar e formar um filho, uma pessoa.
Trata-se de um empreendimento,
no qual a maioria das pessoas se engaja de forma mambembe, amadoristicamente,
no expediente de tentativas de erros e acertos. Com aquele princípio, vamos
criar um filho e veremos no que ele vai dar. Porque os índices de fracassos são
enormes. O que há de filhos criados que não dão em nada se constituem em cifras
de grandeza, são muitos casos!
Muitas famílias, nesses tempos
da hipermodernidade ou modernidade líquida (vide Zigmunt Bauman, filósofo
polonês) interpretaram mal e de forma subjetiva estrita o Instituto dos
Direitos Humanos, e muitas dessas famílias tornam os seus rebentos,
adolescentes e jovens em humanos tortos, porque enchem-nos apenas de direitos,
de regalias, de isenção de limites, de imunidade aos pedagógicos corretivos
sociais e éticos, entre outras liberalidades.
Conforme alguns sociólogos e
pedagogos os definem, são filhos com as libertinagens de ação e de expressão,
quando se expressam. Isto porque muitos dessas novas gerações (alfa e Glass)
possuem outras características: a de estar no permanente estado online em suas
mídias digitais, smartphones, tablets, laptops. A condição de isolamento e alienação
desses jovens vem merecendo preocupação e estudos de Psicólogos e Educadores
especialistas nessas questões, as de relacionamentos educacionais e sociais
desses jovens.
As escolas, os pais, os
tutores e responsáveis pela criação + educação+ formação desses novos filhos e
filhas, têm sido advertidos quanto às regras sociais, éticas e educativas
dessas novas gerações, notadamente quanto ao uso desmedido, ilimitado,
desregrado, de Internet, redes sociais, jogos eletrônicos e virtuais; à
excessiva jornada no chamado estado online. Temos desse comportamento as
perturbações e distúrbios da excessiva conexão à Internet e mídias digitais, as
doenças da nomofobia (fobia do status offline) e a fomofobia (fobia de não
posse de objetivos de mídias, celulares).
Pesquisas nos campos da
Sociologia e Psicopedagogia mostram as características desses filhos e filhas,
jovens das novas gerações. E algumas valem umas amostras grátis. Há um espectro
comportamental dessas crianças, adolescentes e jovens. As pesquisas focaram na
agenda diária com início do simples gesto de se levantar da cama, esses ditos hóspedes
de luxo dos pais, sequer são ensinados a arrumar e organizar sua cama, quarto
de dormir, box e pias de banho. A simples escovação de dentes se faz de forma inadequada,
quando feita, porque alguns adquirem até mau hálito. No café da manhã, algumas
mães e funcionárias domésticas chegam a preparar os sanduiches, pães com
manteiga ou queijo para esses privilegiados filhos e filhas. Mães e empregadas
da casa são tidas como reféns e serviçais desses filhos.
De forma imprópria e precoce
esses filhos e meninas recebem o tratamento de príncipes e princesas. E eles
vão introjetando essa enganosa virtude e diferenciação (autoengano imposto
pelos pais). E assim continuam com uma sequência de privilégios e distinções.
Os melhores objetivos de mídias, as melhores roupas. Os carros que os
transportam precisam de ar condicionado na temperatura a mais refrigerada,
porque não podem sofrer calor.
Nas mesas de almoço e jantar,
os melhores pratos, os melhores copos e talheres, os melhores bifes, as
sobremesas frescas e saborosas. Nenhuma comida pode ser reciclada. As sobras de
almoço nunca servem para um jantar ou ceia mais frugal e simplificada. Comidas
e bebidas sempre frescas e feitas na hora. Nunca alguma remanescente do almoço.
E para concluir, não sem
razão, estão aqui listadas algumas causas de esses novos filhos e filhas
formarem uma nova geração, a dos dependentes e incapazes cidadãos, que tornados
adultos continuam carentes de tutela, amparo e manutenção para susterem-se,
quando não deixam aos pais os netos para que eles (avós) terminam a obra
iniciada, a criação de netos deixados pelos filhos que tiveram uma criação e
formação canhestras, tortas, mambembes e sem estrutura social e pedagógica.