Se bem pensada, a vida humana se equivale e se compara à vida de outros sistemas, outras máquinas e engenhos como inventos da própria inteligência humana. Não que as pessoas sejam uma produção industrial em série como se dá com muitos inventos e criações da aptidão e cognição do cérebro daqueles (as) que fazem bom uso e utilidade de sua vocação e dotes criativos naturais.
A título de justiça e lembrança: todos nós nascemos com o mesmo potencial cognitivo da criação e desenvolvimento para as artes, para a cultura, para a poesia, para as Ciências. O diferencial está apenas no interesse, na dedicação, no treinamento, na ousadia, na persistência em seguir um ideal, um objetivo, um gosto, uma preferência.
Quantas pessoas ante o primeiro fracasso desiste daquela ideia, daquela criação, daquele propósito. Nessa perspectiva e análise basta ler, estudar, como os cientistas, cada inventor ou descobridor chegaram aos seus feitos e façanhas. Thomas Alva Edson com a lâmpada, Graham Bell com o telefone, Einstein com a descoberta da lei da Relatividade e tantos outros teimosos cientistas.
Abstraindo dessas considerações mais elevadas e construtivas do caráter e contribuições do bicho humano. Falemos da movimentação e iniciativa das pessoas em sua agenda cotidiana, nas suas ações mais tacanhas e ordinárias da manutenção das próprias vidas. Viver é dispendioso para todos, trabalhoso.
Afinal de contas a vida de cada um não está barata e almoço grátis só para aqueles classificados como folgados, espaçosos, comensais e aproveitadores. Se bem pensada então a vida que cada pessoa leva pode ser equiparada a muitos sistemas, máquinas e equipamentos. Todos despendem e gastam energia para o bom funcionamento, geram trabalho desgaste físico.
Assim como cada utensilio pessoal ou coletivo traz a suas marcas e registro geral (RG) da indústria que o produziu, de forma análoga, cada indivíduo traz os seus legados hereditários. Grosso modo, cada pessoa traz duas heranças pouco modificáveis: uma genética e uma social. Em se tratando da herança genética, muitas características são imutáveis: a fisiologia, a anatomia, a estética corporal. Já a índole, o temperamento, a conduta, os instintos do indivíduo; estes podem sofrer uma contenção e condicionamento com a educação, com o treinamento, e formação cultural, ética e moral. É a educação moldando o sujeito.
Aristóteles, Sócrates, Platão; eles foram filósofos que dialogaram e debateram muito sobre a felicidade, a ética, a moral e virtudes. São atributos e predicados que não nascem com o indivíduo. Esses valores devem ser ensinados, instruídos e praticados. Todos nascemos como planilhas, tabelas e páginas em branco (tese da tábula ou lousa em branco). O meio social, a vida e ensinamentos vão sendo inscritos em nosso cérebro, em nossa memória. Ao nascermos nosso cérebro se equivale a um HD virgem, com zero inscrições. Aos poucos, a criança, o adolescente e jovem vão sendo inundados de informação para o bem ou para o mal. Dependências da família, da educação, da formação escolar.
Com essas sucintas considerações se compreende o quão marcante são os dois legados hereditários na constituição, na formação e constituição cultural, profissional, técnica; e mais significativo, na constituição ética, moral e social da pessoa, em todas as esferas de relações: familiar, cultural, civil, conjugal e profissional.
Em termos simples e vida cotidiana de nossos entornos sociais, profissionais e familiares. Quantas pessoas que há por aí em nossas relações de amizade, familiar ou corporativa que sugerem ter dois legados hereditários deformados. geneticamente e familiarmente, muitas trazem aqueles maus hábitos morais e sociais de seus genitores. O que por consequência virá como legado hereditário social, porque a 1ª grande escola social e ética, a grande referência moral e de comportamento honesto, ou desonesto do indivíduo são os pais. Trata-se de uma maldição infalível. Disse um sociólogo: “Um pai lumbricoide, dará filhos lumbricoides. Pura sina perversa a subverter a prole. Concessionário de calotas não gerará bons timoneiros ou aviadores. Quando muito voos de grifos ou milhafres”.