A Pessoa Humana bem ou mal-acabada

 Uma questão por demais instigante e significativa é o contraste existente entre um mundo com um arsenal ou instrumental altamente tecnológico e uma sociedade, as pessoas de igual forma altamente tecnológicas, pessoas maquinais e instrumentais. E explica-se em outras palavras. Muitos foram, recentemente, e vêm se vendo os céleres e grandes avanços das Ciências e das Tecnologias de todos os gêneros. As de informática e da informação com maior destaque e produção. Há como certo e aceito que as conquistas científicas e tecnológicas dos últimos 50 anos, superam todas aquelas obtidas pelo gênero humano nos últimos mil anos.

A questão mais candente e preocupante é esta: a sociedade vive, pós era digital, mergulhada em um mundo e ambientes por demais científicos, tecnológicos e digitalizados. Entretanto, em termos sociais, de civilidade, de relações humanas, fica o registro de uma “desumanização” das pessoas. Os contatos sociais, os encontros presenciais, a amizade, a afetividade e admiração entre os indivíduos se tornaram superficiais, frios, maquinais, banais. Os sentimentos de solidariedade, de compreensão, de acolhimento e empatia se perdem com tantos recursos digitais e mídias, em um vasto mundo virtual, sem virtudes, sem filtros de qualidade em valores éticos e morais.

Segmentos e ramos científicos de estudos de humanidades que se dedicam a essas questões de relações humanas, têm como objeto de estudo e preocupação o fenômeno da chamada lavagem cerebral a que são submetidos os usuários, a grande parcela da sociedade, a maioria das pessoas, para ser bem exato.  Este processo, o da lavagem cerebral, leva outros nomes nesses estudos: aliciamento, indução, sugestão, convencimento. Lavagem cerebral é o nome mais popular.

Os efeitos da lavagem cerebral induzem as pessoas a um outro processo neuropsíquico e cognitivo, o chamado embotamento intelectual, à cegueira crítica, ao sectarismo, ao fanatismo, ao charlatanismo, à uma estagnação da compreensão do ambiente social, das cenas políticas e fluxos de informação de toda ordem. É o passar a acreditar em todos os dados e notificações de ordem administrativa, comercial, sanitária, religiosa, doutrinária, ideológica. Todos sem fundamentos científicos etc.

Esse pernicioso e degradante processo da lavagem cerebral se constitui no maior marketing pessoal ou organizacional dos segmentos políticos, nas religiões, nas doutrinas, nas sociedades de classe e na própria cultura das pessoas. Cultura essa predominante e massiva, veiculada e quase única na Internet, redes sociais, mídias e plataformas digitais. Há em progressão a perda da capacidade da leitura e da escrita manual.

Dentro desse contexto ou relação do mundo tecnológico e instrumental e pessoas tecnológicas, surgem outras degradações, a saber: a cultural, da formação técnica e escolar das pessoas e seu papel como cidadão participativo, dotado dos significados originários de cidadania e civilidade. Significados do papel de cada indivíduo na sua estadia em seu meio social, profissional, recreativo, organizacional, nas decisões variadas que afetem a sua qualidade de vida, sua segurança, seus recursos de assistência médica, odontológica, escolar de si próprio e seus filhos postos no mundo.

Nunca se pode perder de consideração que o indivíduo é o resultado mal ou bem-acabado da educação recebida da família em primeiro lugar, representada pelo pai e pela mãe e outras extensões sociais e educativas. Os contatos sociais, as escolas de todos os níveis. A formação ética e moral, técnica e profissional do sujeito vêm como complemento na sua construção como pessoa.

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