OS VÍCIOS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

 Três são os vícios que os pais deveriam evitar na responsabilidade de criação, instrução e educação dos filhos: são os vícios da cumplicidade, conivência e complacência. Esses estados de espírito e de moral podem ser determinantes na personalidade futura de uma criança, do adolescente e jovem. Períodos etários quando estão se consolidando e organizando a personalidade, a índole e civilidade do indivíduo; enfim, o caráter e os valores morais da pessoa.

Existe a cumplicidade positiva; aquela em que duas ou mais pessoas atuam de forma a gerar um benefício para o grupo (os próprios praticantes) ou para terceiros. Um bom exemplo seria a prática de filantropia no trabalho de voluntariado. Nesse exercício se veem os cúmplices, os voluntários do bem.

A cumplicidade negativa pode se estabelecer de forma passiva ou ativa. Na forma ativa se vê naquele pai ou mãe que assistindo a algum comportamento ou ato reprovável de um filho mostra-se, de forma gestual ou discursiva, a sua aquiescência com aquele ato antissocial, com a conduta do filho fora dos preceitos de civilidade e da ética. Na forma passiva seria um pai ou mãe ter a ciência de um ato infracional do filho e nada fazer. É uma atitude omissiva de ter o conhecimento da atitude antissocial do filho e nenhuma providência preventiva ou reparativa.

Vamos tomar o exemplo de um aluno que em sala de aula foi desrespeitoso e indisciplinado com algum professor (a) ou mesmo agressivo, verbal ou fisicamente, com professores e colegas. Referido comportamento ou infração ética e disciplinar chega ao conhecimento dos pais. O que é normal nesse episódio? Que os pais corrijam o filho, com advertência, com imposição de limites, com diálogo enérgico, no objetivo de correção e instrução desse filho. Ao contrário, imaginemos que esse pai ou mãe, reprove não ao filho, mas, os educadores (professores). E tal reação por vezes se vê no Brasil. Claramente, uma cumplicidade negativa de pais para com os filhos.

A conivência se dá no mesmo sentido. É a ciência de algum ato praticado reprovável, social, ética e delitivamente por um filho, um subalterno e nada fazer na sua evitação ou correção. Trata-se de uma disposição moral e comportamental sempre com resultados negativos. Ela traz a mesma natureza da cumplicidade negativa. É uma atuação com objetivos malévolos e de danos a outras pessoas, seja de forma social, educativa, civilizatória ou mesmo com prejuízo material a outra pessoa.

O sentimento e disposição espiritual e moral da complacência se faz muitas vezes na prática da cumplicidade e conivência. São disposições que se fundem e se fazem no mesmo expediente. Mas, pode também se dar de forma isolada. A complacência se vê por exemplo naquele (a) praticante com uma posição parental ou funcional superior ao beneficiado desse sentimento. Nesse contexto, ela se faz presente naquele chefe com um subalterno; chefe que ciente de um ilícito ou incivilidade desse servidor, público ou privado, repetidamente nada faz na correção desse funcionário. Pode também ser chamada de tolerância.

E para fecho desta matéria, um cenário de grande frequência dessa disposição moral e comportamental são as famílias. Com muito destaque para os pais, de muitos pais com os filhos.  Sãos filhos criados e engordados (erados, tornados adultos) com todos os direitos e regalias e nada de deveres, de instrução de convivência, de compartilhamento de direitos e deveres nos afazeres domésticos e pessoais. São filhos e filhas aos quais são sempre preparados os melhores pratos, os melhores objetos da moda como os smartphones, os itens mais apetitosos nas refeições, as roupas de grife, os colégios mais caros. São jovens que sequer sabem lavar os tênis pessoais, arrumar um quanto de dormir e lavar os sanitários por eles emporcalhados. Para tanto, há sempre as mães e empregadas, serviçais para tudo. São filhos e filhas da chamada geração inútil, nada fazem, dos quais nada se espera. Eternos dependentes e futuros deprimidos, ansiosos, pacientes de clínicas e terapeutas de conserto de gente (psiquiatras, psicólogos, terapeutas diversos).

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