Uma questão que compartilho neste artigo refere-se à busca por informações. O ponto central aqui diz respeito à credibilidade das informações. Começa-se pela fonte consultada. É sabido por todos que a internet é um cenário em que tudo cabe e tudo pode. Logo, faz-se necessário um filtro. Esse cuidado ou triagem mostra-se de enorme relevância quando a questão é uma consulta escolar por estudantes de qualquer grau de ensino. A razão é simples: esse consulente, esse estudante, está em formação científica (técnica e científica, na verdade) e cultural. Vamos imaginar um adolescente ou um jovem na idade de amadurecimento, em busca de sua formação integral. Porque aprender errado é um prejuízo intelectual e cultural. Costuma o aprendido torto, torto ficar para sempre.
E assim, tal cuidado vale para as pessoas comuns que querem informações científicas sobre os mais variados temas; para profissionais em geral e para professores em sua lida de atualização permanente. Enfim, para qualquer cidadão que queira informações verdadeiras e confiáveis. E por que desse zelo e cautela? Porque a quantidade de fake news, de mentiras, de factoides, de pós-verdades e invectivas existentes, não está escrita em nenhum manual de boas informações.
Pelo fato de este signatário (eu) ser um médico bem atuante vou citar questões de saúde. E com mais um predicado, talvez defeito para alguns: sou mineiro e desconfio de muita coisa que se propaga e se divulga por aí. Os temas de Medicina e Saúde (ou doenças) são bem representativos do que se tem na Internet. Há muito mais matérias mentirosas, enganosas e fake news do que informações úteis e científicas.
O instigante e curioso é como se dá o efeito do marketing, pelo simples marketing. A propaganda, não sem motivo, tem o ditado de ser “a alma do negócio”. Basta ver e constatar que até as propagandas pessoais, relativas aos atributos de quem propaga (autopromoção), pegam e a maioria das pessoas acredita. Melhor exemplo não existe do que os influenciadores digitais. É suficiente que o indivíduo (homem ou mulher) tenha bons dotes anatômicos, sejam estes atributos naturais ou produzidos por plásticas, botox ou enxertos (silicones, PMMA). Outro atributo eficaz é saber falar bem, ter boa oratória. Mesmo que fale asneiras, abobrinhas e platitudes. Mas, se tiver boa elocução, boa oratória, o seu sucesso está garantido. E o “influencer” (anglicismo pedante) vai arrebanhar milhares, milhões de “seguidores” ao estilo de um messias do que propaga e exibe em seus vídeos, posts e mensagens. Tudo acreditável e rentável em pouco tempo. A internet está infestada desses mercadores de sucesso.
Vamos às recomendações de como fazer o filtro das informações. O primeiro passo é observar se se trata de informe publicitário. Nem todos são mentirosos, mas, no mínimo, estarão muito realçados em suas propostas e vantagens. Podem ser completamente enganosos, factoides, ardilosos e uma espécie de armadilha para induzir e iludir o consumidor. Se forem informações médicas e de saúde, novamente, verifique se é publicidade paga. E mais: verifique qual é a fonte, que instituição está propagando e que profissionais e pesquisadores estão repassando essas informações. Em resumo: o que se informa; a fonte jurídica ou institucional; as pessoas informantes (médicos, professores, pesquisadores).
Quero citar um bom exemplo de uma revista de circulação nacional. Omito o nome por uma coerência com meu artigo. A matéria em texto e podcast fala sobre o uso dos medicamentos psicotrópicos, ressaltando a importância desses fármacos quando prescritos por médicos de credenciada qualificação ética e científica; das contraindicações ou malefícios do uso vicioso ou recreativo desses medicamentos. Lendo e ouvindo o podcast do artigo vê-se o quanto ele é útil, correto e verdadeiro. Com um diferencial: a matéria é fundamentada em entrevistas de médicos neurologistas, comprometidos com a verdade e com a Ciência, sem viés profissional ou comercial.