Não se contraria a importância das campanhas quem vêm fazendo as entidades esportivas, nomeadamente, o futebol, contra a violência, contra o preconceito racial, contra o feminicídio e outras formas de discriminação de gênero, etnia, credo, religião, opção sexual. Enfim, toda forma de intolerância, ódio e violência. Mas, e a brutalidade de MMA? De que falaremos ao final.
São várias manifestações pelo Brasil e mundo a fora, chamando e clamando à sociedade e autoridades de todas as esferas contra toda ação, todo gesto e feitos que envolvam por exemplo brigas entre as torcidas de futebol, entre os grupos de torcedores (torcida organizada) dos clubes esportivos. Basta imaginar por exemplo o quanto de torcedores têm os clubes mais conhecidos do Brasil como Flamengo e Corinthians. São milhões.
O confronto entre essas “torcidas organizadas” (organizadas hein!) se registravam muito mais violentamente, antes de medidas adotadas pelas autoridades regionais e federais. Leis foram promulgadas e têm sido aplicadas contra esses baderneiros e assassinos. São dezenas de mortes registradas nos últimos 10 anos, perpetradas por esses energúmenos, esses trogloditas e truculentos intitulados torcedores de futebol. São tortos morais e esportivos em se tratando de convivência humana. Gente desprovida de civilidade.
Em se tratando e se falando de caráter, de personalidade e qualificação de civilidade e convivência, esses chamados brigões das torcidas de futebol, portam os mesmos atributos e defeitos morais e civilizatórios de um feminicida, de um agressor de mulheres, de um discriminador étnico e de gênero. Porque é o tipo social e humano (se se pode assim nominar). Porque não aceita a diversidade de cor, de gênero, de gostos, inclusive por esse e outro clube, por esportes. E por essa violência devem ser banidos dos estádios e de frequentar os ambientes esportivos de todas as torcidas. Eles não conhecem as regras de convivência.
E tomando essa deixa como da vez, falemos de outro esporte, se ele pela sua natureza, não soa como a mais legítima hipocrisia pela sociedade civil, pelo Estado, pela Justiça, seus organizadores e patrocinadores (canais de Rede Globo). São as artes marciais, notadamente o MMA ("Mixed Martial Arts", ou Artes Marciais Mistas). Aqui, em destaque as lutas de pugilismo e boxe. É sabido que em alguns países como Noruega, Tailândia e Afeganistão, essas lutas são proibidas pela brutalidade e truculência. É de estarrecer nominar esses embates violentos de esporte.
Já são bem conhecidos os graves efeitos neurológicos decorrentes dessas competições de MMA. Muitos de seus praticantes adquirem graves encefalopatias, a exemplo da doença de Parkinson, quando o seu portador, pelas danosas sequelas se tornam incapazes absolutos para as atividades sociais comuns e morrem até precocemente. A literatura médica e esportiva é farta nesses registros. Além desses casos insidiosos e crônicos, em que as lesões neuronais se estabelecem de forma lenta, graves lesões e mesmo mortes pontuais ocorrem no próprio octógono (cenário das lutas). Um exemplo dantesco e criminoso tivemo-lo aqui no Brasil, como se descreve abaixo:
A briga generalizada que marcou o fim do Spaten Fight Night 2 (27/09/25), em São Paulo, rendeu punições pesadas. O Conselho Nacional de Boxe (CNB) anunciou nesta terça-feira (30) que Wanderlei Silva e Acelino 'Popó' Freitas receberam 180 dias de suspensão, ficando impedidos de participar de qualquer evento chancelado pela entidade nesse período.
Então sem mais acréscimos, soa-nos e nos transparece como a mais vergonhosa hipocrisia, não dos brigões dessa selvageria luta entre Wanderley Silva e Popó de Freitas, porque têm eles o mesmo caráter das torcidas de futebol. Fala-se aqui, criticamente e repreende severamente as autoridades jurídicas desse país (Brasil), os organizadores e patrocinadores dessas brigas violentas e sanguinárias, chamadas MMA, onde os competidores saem lanhados de sangue, com fraturas e riscos de graves lesões cerebrais e morte. O que nos têm a dizer Rede Globo, os patrocinadores e os consumidores (telespectadores) desse dantesco “esporte”?