Eu começo este artigo conclamando os leitores e leitoras para o estágio a que chegou a chamada política brasileira. Que distingamos esta terminologia, não a Política como Ciência que administra e governa as coisas públicas, a natureza, o Estado e as pessoas. Ouvindo, lendo e assistindo o que vêm fazendo nossos representantes no Parlamento, nossos ex e atuais gestores públicos, é de se perguntar: estamos de fato sendo chefiados por gente civilizada e guiada pelos ditames do que preceituam a Constituição Federal, o Código Civil, as leis infraconstitucionais, pelos regimentos internos das casas legislativas e do Executivo?
Nem se quer aqui reportar à condenação do chamado núcleo 1, os chefes da trama golpista, cujo ápice se deu em 08.02.2023. Condenados esses, tendo como líder, assim o afirma o Supremo Tribunal Federal, o ex mandatário (ex presidente) Jair Bolsonaro. Esse triste e melancólico episódio já está bem lido, ouvido e repisado pelos brasileiros e tomado das redes sociais e meios de comunicação. O planeta inteiro, tomou ciência do julgamento dos golpistas, finalizado em 11.09.2025, pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal.
Quando se vê, assiste e acompanha a dinâmica diária de nossos representantes, mais massivamente na câmara dos deputados, fica a sensação e convicção de que esses bem pagos parlamentares só cuidam dos interesses deles, de seus familiares e apaniguados. Todas as falas, a retórica, as defesas, as pugnas, por vezes até algum pugilato, são no estrito interesse deles e de familiares. As pautas são massivamente no interesse privado. E atenção! Alto e bom som: não são interesses privados honestos, éticos e de bons cabedais. Há muitos feitos e empreendimentos ilícitos, delitivos e de corrupção. Gente do mal.
De momento, uma imensa ala no congresso, os asseclas e protetores de golpistas contra a República, contra a Democracia, contra as Instituições do Estado Brasileira, essa ala que nada faz além dos interesses privados, maquina duas empresas. Uma, o projeto de anistia para os golpistas. Outra empreitada, a chamada PEC, proposta de emenda constitucional da blindagem dos parlamentares. Uma espécie de salvo-conduto e escudo para que políticos, parlamentares, inclusive os presidentes de partidos, no caso de cometimento de algum crime não sejam presos e nem processados pelo Supremo Tribunal Federal, sem autorização da respectiva casa legislativa. Ou seja, o congresso seria um tipo de homizio, de valhacouto, de bunker, de proteção e esconderijo para esses malfeitores da Pátria.
Não impropriamente, o jornalista Leonardo Sakamoto escreveu no uol.com (17.09.25): “A PEC da blindagem ou melhor da safadeza, da velhacaria, da bandalheira, da sujeira, da molecagem, da má-fé, do engano, da corrupção, da imoralidade, da desonestidade, da bandidagem, da trapaça, da picaretagem, da vigarice, do descaramento, do abuso, do vandalismo, da sacanagem, da roubalheira, em suma da impunidade”. Ou seja, o que não falta são pejorativos.
Em resumo: a PEC da vergonha, tem a seguinte dicção: nenhum parlamentar ou presidente de partido político e outros protegidos políticos, no caso de cometimento de qualquer crime, pode ser preso, ainda que em flagrante e nem processado sem a autorização da casa legislativa correspondente (Câmara ou Senado). E mais, os votos nessas circunstâncias, em definir se o malandro e criminoso será processado ou preso serão secretos. Nem sociedade nem colegas de parlamento saberão como votou cada parlamentar. Bom, não é mesmo! Só a politicagem brasileira, mesmo!