Com o progresso dos ramos científicos, e dentro desse universo se insere a Medicina, assim temos um sem-número de novos diagnósticos. Pessoas da chamada geração Baby boomer, idos de 1950, 1960, vão lembrar que naqueles tempos pouco se falava ou nem se falava em espectro autista, em transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), em depressão e em transtorno de ansiedade generalizada (TAG), em transtorno bipolar. Não será surpresa se daqui a pouco criarem o chamado transtorno tripolar. Ou transtorno multipolar. Para se ter uma ideia, em 1950, havia uma lista de 100 doenças psiquiátricas, hoje são mais de 400 diagnósticos.
E vejam, leitores e leitoras mais jovens, se seus avós, as bisavós conheciam esses termos, tão buscados, digitados e pesquisados em nossa era digital! Quando muito, havia as pessoas nervosas, pilhadas, as pessoas mais tristes, mais expansivas e cheias de alegria. Ou então algumas ciclotímicas; ora mais hilárias, ora mais introspectivas (as hoje classificadas como bipolares).
Neste mini artigo quero justamente falar sobre a falta de foco das pessoas, de muitas pessoas nos seus compromissos diários, nas suas jornadas. Há uma repetição nesse comportamento, a falta de foco, de concentração, de dedicação disciplinada e interessada, de tanta gente nas dinâmicas da vida. Não importa que natureza de atividade tenha a pessoa: uma reunião, uma atividade física, uma criação qualquer.
Pode-se aqui perguntar, e o acerto será de 100% das pessoas. Qual o principal símbolo ou objeto que materializa a falta de foco e disciplina das pessoas no que elas fazem? Exatamente; essa maquininha de 6x3 polegadas, o anatômico celular. Porque ele passou a fazer parte da anatomia corporal da maioria de seus usuários. Quase um apêndice mecânico das mãos. Com a mão esquerda o segura, com a outra se digita, posta, navega pelas redes sociais, Internet. São tantas futilidades que as pessoas se perdem, se encantam e distraem horas a fio. Por que fútil? Porque são consultas, atenções dispendidas que não trazem nenhum adicional construtivo, cultural, informe útil na vida do cidadão. São meras curiosidades.
A interferência antissocial e antiprodutiva do celular se tornou tão nefasta e nociva que muitas empresas nas cláusulas de sua “compliance” proíbem a maquininha ao alcance das mãos dos funcionários e colaboradores. Pode-se portá-la, mas guardada nas bolsas ou gavetas. E com absoluta razão. É muito desarrazoado uma pessoa estar com um trabalho, elaborando qualquer tarefa, raciocinando, pensando e intermitentemente ficar consultando o que se chega no celular. Beira a alguma coisa de neurótica ou idiotia. Os sons, os bips, os alertas, bem pensados, são irritantes para alguém que precisa de sossego, de paz, de concentração.
Assim se comportam e movimentam as pessoas com suas mágicas maquininhas digitais. A mulher ou homem, massivamente moças e rapazes se tornam legítimos súditos e cativos desses provedores, operadoras de celulares, das plataformas digitais, de redes sociais. Todos os algoritmos dessas empresas de internet e redes sociais (Instagram, WhatsApp, Tik Tok), foram pensados e ardilosamente concebidos, engenhosamente desenvolvidos para inebriar, cativas, adestrar as pessoas. E o pior de tudo; os usuários se tornam consumidores dessas idiotias, dessa imbecilização mental e emocional.
Para finalizar, olhemos criticamente essas cenas que bem ilustram a falta de foco das pessoas. O indivíduo está em uma reunião qualquer e celular do lado, online; estou na academia em exercício e consulto intervaladamente os posts chegados; self para lá, self para cá; em uma sessão religiosa, de quando em vez, ops, deixe ver essa mensagem; visitando alguém e até na mesa do almoço, ops, meu celular. Pessoa vai a algum parque com o pet, as crianças e cosido ao celular e redes sociais. Todos sugerem pessoas alienadas, cabisbaixas, curvadas. E com tanta falta de foco no que deveria estar atento. Tudo virtual, abstrato, etéreo. Nada de concretude e atitude.