UM SISTEMA E SOCIEDADE QUE NOS MANIPULAM

Não sobram dúvidas de que vivemos em um mundo, com uma sociedade que nos manipula, que nos influencia, que nos direciona em quase todas as nossas necessidades. Nossas necessidades, bem explícitas! Agora e quando somos também influenciados e seduzidos à adesão a tantas aquisições e compromissos tidos e classificados como supérfluos, inúteis e sem uma saudável relação custo/benefício? Falemos sobre esse princípio. Porque esse conselho vale para todas as decisões em nossas vidas, grandes ou pequenas.

Essa regra de vida já se expressa bem nos termos: o custo e o benefício. Ou no plural para melhor compreensão. Custos e benefícios. Suponhamos que eu ande por uma estrada e veja uma apetitosa laranja, madura e me instigando a comê-la. Mas, por que alguém ainda não teve a mesma ideia? Por em mente que por aqui passam tantas outras pessoas? Será que essa apetitosa fruta, nesse cenário, vale o meu esforço de escalar aquele arbusto, apanhá-la e fruir de seu sabor e nutrição? Para alcançá-la existem espinhos, insetos. Alguma colmeia de vespas venenosas? Será? São custos! E o benefício? Pequeno. Certamente outros transeuntes assim refletiram e desistiram! Custo ou risco/benefício.

Tornando à ideia maior: o quanto somos influenciados por uma sociedade consumista, das aparências, da estética, das posses de tudo quanto é propagado, de tudo quanto está em voga para mostrar, se mostrar, consumir, comer, beber, fruir e entreter. E para incremento e fomento de todos esses valores, a pessoa conta com o mundo, o périplo e submundo da Internet e suas ubíquas redes sociais. Redes sociais e aplicativos sustentam mais essa tendência, conforme afirmou o filósofo George Berkeky: “Ser é ser percebido”. Mundo das aparências.  

Assim, nesses termos do grande irmão, se veem os pequenos grupos e guetos disseminando e produzindo seus efeitos e influências uns aos outros. Fulana, comprou um carro de bandeira e fábrica tal. Ah, não! Eu também quero um. Não cabe no meu orçamento! O sistema tem a solução: uma dívida de 36 meses. Resolvido, comprei um igual. É da Toyota. Minha amiga fez uma festa de arromba e colorida para o Filipe/ 2 aninhos. O custo foi cerca de 10 mil. Não há de quê! Junto minhas economias e faço igual. Vale mostrar o luxo, ainda que padeça o bucho!

Mãe, eu trouxe uma surpresa! Surpresa? Eh! Te mostrar, comprei um cachorro aqui para nosso apartamento. Ah, não Sicrano! Você já imaginou os custos desse bicho! Para quê? Ah, mãe! Eu quero um bicho para passear, para brincar. São palavras de histórias reais. Imagine esse filho, nos termos de 3ª década de vida, que nada faz, nada produz, que gera um passivo e negativo no orçamento da família. Na regra de ouro de custo/benefício. Quantos custos e dissabores esse pet gerará para a casa, família, conforto, higiene, biossegurança e civilidade da família. Tira fezes, conserta sofá rasgado, barulhos, latidos, fedor, latrina, excrementos. Homo sapiens.

 

 Note, maria-vai-com-as-outras; uma palavra só, composta, mas, só, substantivo feminino que se refere a um sistema, marketing. Para simplificar, uma pessoa muito influenciável que acaba por se deixar convencer pelas opiniões e pelo comportamento de outras pessoas, passando a dizer ou a se comportar da maneira como elas (outras pessoas) se comportam, negociam, transacionam. Pessoa sem opinião própria, que se deixa levar pelos outros. Tomemos a expressão Maria vai com as outras, extensiva a João, José, Manoel, Janete, Ludmila, Geraldo, Guilherme. Não importa quem; tem sua origem no início do século XIX, associada à família real portuguesa, nomeadamente à Rainha Maria I, conhecida por seus disparates e maluquices, era sempre acompanhada em seus passeios por suas damas de companhia, o que suscitava comentários de que ela ia com as outras, daí surgiu: “Maria vai com as outras”. Dona Maria I, sofria de esquizofrenia e transtorno bipolar.

Se misturarmos autoengano, viés de verdade, viés de confirmação ou positividade e outras birutices de nosso cérebro, como o efeito maria vai com as outras e o respeito à autoridade, encontramos terreno mais do que fértil para a mentira, tanto as pequenas como as graúdas. Políticos, até um bocadinho mais que o comum dos mortais, exploram esses recônditos da natureza humana. Acautelemos porque o sistema, as modas, os marketings, podem nos seduzir a sermos cativos, ovelhinhas e serviçais. Vacine-se, leitor e leitora a ser  manipulávelinfluenciávelvulnerávelpersuadível por esse mundo cheio e infestado de futilidades e besteirol, supérfluos compromissos.

 

Posts mais recentes

BOM HUMOR

                                O BOM HUMOR DE BERTA LORAN João Joaquim   Conhecida por papéis de humor na televisão, Berta Loran (192...