Em se falando de expedientes e práticas de Saúde existem muitos meios e recursos do chamado Charlatanismo ou curandeirismo e paliativismo. Nesta resenha falemos dos principais recursos, meios e material utilizados pelas chamadas terapias e instrumentos sem a devida comprovação científica. Porque vale a pena a lembrança, tudo que se destina ao alivio, aos efeitos benéficos e cura de doenças, carece de comprovação científica.
E como se faz essa comprovação? Práticas científicas. Ensaios, experimentos, pesquisas em laboratório, testes pré-clínicos em cobaias e humanos e depois, sim, o emprego terapêutico seguro. Esses insumos e medicamentos são colocados à disposição dos profissionais habilitados, os médicos, principalmente. O exemplo de uma vacina; existem várias etapas nessas pesquisas. Muita vez leva anos para se concluir da eficácia, segurança e efeitos adversos. Nunca se decide fabricar uma vacina ao arrepio dos trabalhos científicos. Há que obedecer aos protocolos definidos pelos comitês das instituições públicas ou privadas. Os Comitês de Bioética, protocolos de biossegurança.
Entre tantos representantes medicamentosos empregados pelos charlatões existem alguns que todos hão de lembrar, foi nos anos da pandemia da covid19. Época que surgiram várias propostas terapêuticas na cura da infecção. Foram inventados kit anti-covid19, supositórios, lavagem intestinal, clister de ozônio (O3), ivermectina, cloroquina, vitamina C, zinco; entre outras besteiras e sandices terapêuticas. O charlatão mais famoso de então foi o ex presidente Jair Bolsonaro, que exibia sua caixinha de cloroquina. Já imaginou! E olha, que muita gente encampou a sua ideia e até hoje acredita nesse besteirol.
Existem certos insumos e fármacos que continuam nos cardápios dos charlatões. Sempre existiram. Mas, agora com redes sociais como Instagram e Tik Tok, eles estão mais em evidência. O marketing e a visibilidade desses produtos e seus receitadores e adeptos não tiveram tanta aceitação e energia como agora em nossa intitulada modernidade liquida. Quando e onde “ser é ser percebido” (ideia do filósofo empirista Berkeley). A modernidade líquida é um termo do filósofo polonês Zigmunt Bauman. “Vivemos tempos líquidos, onde tudo é efêmero e fluido, nada sólido e duradouro”; inclusive nas relações namorais e conjugais, quase tudo descartável.
Então para concluir essa lista dos instrumentos dos charlatões. A prescrição de hormônios por médicos e não médicos e seu uso por clientes ingênuos e desavisados. Uma terapêutica tão charlatã quanto perigosa. Muito mais causadora de danos e mortes do que algum benefício aos seus usuários. E assim outros produtos e substâncias receitadas como antibióticos para tudo quanto é suposta infecção bacteriana, os produtos ortomoleculares, a chamada medicina alternativa. Um festival de asnice e besteiras!
E para finalzinho mesmo, agora. Imagine um homem jovem na faixa de 30 anos, 35 anos, que se mostra com saúde para dar e vender, corado, músculos todos bem torneados e repimpado de adiposidades, porque por vezes sedentário, finge que pratica exercícios em academia, todos os dias ali confinado, sujeito vai como que compactando sua massa corporal. Dá para imaginar o tipo do sujeito! Pois bem, esse cliente vai ao algum médico charlatão, porque existe médico ético e altamente técnico e existe o charlatão. Esse cliente nem paciente é porque está dito, vendendo saúde. Ele sai todo faceiro do consultório com uma lista de exames a fazer. Entre esses itens, vários hormônios, dosagem de minerais, impedanciometria e doppler de carótidas. Precisa demonstração mais legítima de um legitimo charlatanismo? Esse médico solicitante deveria voltar a fazer mais algumas disciplinas do curso médico e estudar um pouco mais de fisiologia, de endocrinologia, de relações éticas médico/paciente. É o tipo de profissional no papel de despachante médico; ele é muita vez um transcritor, copista e chancelador de outros charlatões não médicos.