A ÉTICA OU HONESTIDADE DE
CORAÇÃO E A OUTRA DA COERÇÃO by
João Joaquim
Pode parecer fora de propósito, mas com o evoluir humano e suas relações e interações sociais, o valor nominado ética, passou a ter outros significados, que não aquele primitivo como o definiu o liberal John Rawls (1921-2002) e o filósofo grego Aristóteles
Para John Rawls – da Teoria do Veu da Ignorância - Um dos conceitos mais poderosos da teoria de Rawls é o véu da ignorância, uma ideia que ele usa para ajudar as pessoas a determinarem princípios justos para a sociedade. No bojo desses princípios pode-se dividir os indivíduos, trazendo a teoria para a vida comum, pode-se separar o sujeito que segue um comportamento ético ou honesto, com dois vieses: a Ética de coração, a que se faz e pratica por voluntarismo próprio e vocacional. A outra ética ou honestidade da coerção, se dá pelo temor da vigilância, estatal, corporativa, social e punição.
Para Aristóteles, “o fim último do homem (a felicidade) consiste na perfeição, que é a atividade da alma, de acordo com a mais perfeita virtude e, por consequência, a obtenção total de sua função natural”. Assim, esse paradigmático filósofo (Aristóteles) define para os seus pósteros, o que seja a chamada ética do Coração, aquela praticada por espontaneidade, por um pendor inato e natural, sem pressão externa, sem códigos de postura, sem “compliance” ou termos de ajustamento ou conduta.
Já em Immanuel Kant, vamos distinguir uma ética do coração, da ética da coerção. A ética da coerção se dá por obrigação, com códigos, câmaras de vigilância, normas e leis a serem observadas, previsão de punição, processo ético-disciplinar, etc. “Havia então uma prisão de segurança máxima e máxima vigilância. Todos os detentos no exame criminológico eram aprovados com louvor, nenhum desvio, nenhuma rebeldia, nenhuma tentativa de fuga”. Muito compreensível e interpretado, não é mesmo!
Naquela agência reguladora, naquele órgão jurídico contábil e fiscalizador, naquela casa de leis, órgão previdenciário e símiles. Aquele funcionário e servidor mostrava um comportamento e desempenho modelar e correto. Nunca inadimplia internamente. Recebia referências de amanuense padrão. Honesto, pontual, sem fugir dos trilhos.
Item. Entretanto, na vida privada, com os próximos e distantes, com frades e fraternos, com íntimos e parietais, era um autêntico zangão da praça ou mosca bromélia. Com discurso melífluo e dissonante do contexto corporativo, era um estroina e boa-chira, que nunca cumpria os promissórios e bens tomados de forma dissimulada e por cima com mofa e mosqueteiro. Eh, né. Vade retro!