MEDO DE DOENÇAS E DA MORTE

É muito instigante e curioso o comportamento das pessoas quando a questão é saúde e integridade física. Mas, indo direto à questão maior: o quanto a maioria de nós somos displicentes e imprevidentes com nossa saúde e segurança quando não sentimos alguma ameaça.   O maior exemplo vivemo-lo na pandemia da covid19. Basta lembrar que no começo da doença aqui no Brasil, houve muitas fraudes em se vacinar, em “furar a fila” da vez. Houve gente que foi até processada por burlar as regras e preferências de vacinação.   E tal comportamento se deu pelo medo do contágio, de adoecer e morrer de covid19. E as cenas eram aterrorizantes. Doentes que agonizavam com insuficiência respiratória e morriam, em casa ou corredores de hospitais superlotados.  Imagine uma estatística de 2 mil, 3 mil mortos/dia; falta de vagas nas UTIS! Aterrorizante!

E veio então o contraponto. Vacinas para todos, queda brusca da incidência da doença, perda de interesse da imprensa em divulgar diariamente as planilhas de óbitos e casos da doença. Quase todos foram se vacinando, e poucos ainda morrendo entre os negacionistas e supersticiosos dos malefícios da vacina. E o medo e terror foram se dissipando. Abandono de medidas sanitárias, nada de máscaras e álcool gel.  Relaxamento!

O caso da pandemia da covid19 é muito emblemático nessa questão da falta de cuidado, de higiene e prevenção quando a pessoa não é ameaçada em sua saúde, integridade física e medo da morte inesperada. No auge da circulação do novo coronavírus, todos aderiram às medidas de higiene. Medidas que deveriam ser de praxe e costumeiras na vida de todos: lavagem de mãos quando sai de um sanitário, saber assoar o nariz e o destino correto de fezes e urina, lavagem de mãos antes de pegar em talheres e vasilhas de um lanche ou refeição, não tossir estrepitosamente na frente das pessoas etc.; Uso de máscaras etc.;

Passados os extremos da pandemia da covid19, mas não a doença em si, porque as pessoas ainda adoecem, notadamente os negacionistas e incrédulos da eficácia das vacinas, passados esses picos e alarmas, as pessoas perderam o medo, quase ninguém mais usa as máscaras e álcool gel e nada de atitudes higiênicas, mesmo simples como lavar mãos e bocas ao sair de um banheiro, de desinfetar mãos e outros cuidados de asseio corporal e ambiente! As mortes por dengue ilustram bem o desleixo das pessoas. Vacinas se perdem nos postos, nas UPAS; covid19, dengue e outras.

Vamos a outros casos encontradiços na sociedade humana. O Brasil como campeão nesse comportamento. O homem ou mulher. Ao que se vê, questão cultural e machista, o homem é mais negligente e displicente com saúde e segurança que as mulheres. O sujeito nas idades de 50 anos, 60 anos. Morre um parente por infarto ou AVC! De imediato, ele vai ao cardiologista pelo medo de sofrer de infarto e morte inesperada. E assim ocorre com vários outros diagnósticos preveníveis e curáveis: câncer de próstata ou intestino, câncer de mama nas mulheres, etc. Aliás, câncer ainda é o terror de homens e mulheres. Se um parente teve! Nosso Pai!  Nossa Senhora! Eu também posso ter, deixe fazer uma consulta: cardiologista, proctologista, urologista, ginecologista!

E assim, são vários cenários da vida, nos quais as pessoas transitam, vivem sem elas pensar nos riscos e na morte se não há uma ameaça mais perto e iminente. Toda condição que mata lenta e paulatinamente não incomoda e não amedronta as pessoas. São exemplos a obesidade mórbida, a hipertensão arterial, o tabagismo, o diabetes, o colesterol alto, os excessos e farras da comida e bebidas. Os acidentes de trânsito com carros e motos malconservados, e as infrações e desrespeito às leis de tráfego nas cidades e rodovias. Muitos esquecem que nessas horas, a linha que separa a vida da morte é tênue e frágil, e ela pode romper e tudo se perder em segundos. Para quê, se há uma vida toda pela frente a ser gozada e bem vivida! Só uma informação a mais> Os governos Bolsonaro e Lula (3 anos) jogaram no lixo cerca de R$ 2 bilhões de vacinas, antibióticos e outros insumos sanitários, vencidos. Culpa de má gestão dos governos e desinteresse das pessoas em se vacinar e outros tratamentos! É o ápice dos absurdos no Brasil!

 

João Joaquim - médico e articulista do DM

 

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