QUEM AMA EDUCA

 Quando nós lemos, nós os que leem, naturalmente, quando lemos e estudamos os grandes cientistas da psique, da personalidade humana, do caráter e organização emocional das pessoas, nós temos mais compreensão de tantos desníveis do padrão de normalidade de cada pessoa de per si. E atenção! Nem se fala aqui de pessoas doentes psiquicamente e/ou psiquiatricamente. Vamos colocar em comentário aqui aqueles indivíduos, homens/mulheres, que não têm nenhum diagnóstico nas especialidades de saúde mental. Entretanto, se fizéssemos deles um escrutínio bem rigoroso, certamente a própria psicanálise ou psiquiatria teria dificuldade em tipifica-los como normais. Dadas as esquisitices que temos.

Vamos tomar aqui um caso clinico e/ou social concreto. Sujeito já na madureza da vida, pelos seus 60 anos e pico. Indivíduo que tem algumas morbidades ou fatores de risco que o coloca em permanente risco de desfechos mórbidos. Ele vai ao médico periodicamente. Na consulta o mesmo blá blá blá. E vai e volta, e vai e volta. Nenhuma das mudanças de estilo de vida, de adesão terapêutica o sujeito adota. Ou seja, dá vontade de ser curto e grosso, desisto de você. Você é um hipocondríaco, chato, que se automutila. Some de mim! São exemplos que se vê em consultórios (relato real, de João Joaquim, cardiologista).

Vamos aventar e não inventar, porque exemplos concretos não faltam. Imagine aquelas pessoas que tudo que se diz respeito a elas, de futilidades, de regalos, prazeres da boca e do baco, ou melhor da glutonaria e libações de toda ordem: Coca-Cola em profusão ou aos litros, sabem tudo dos prazeres; onde se come do bom e do melhor, de preferência às custas de gente boazinha e ingênua. Em poucos termos, tudo que é de sua satisfação do luxo e do bucho elas têm toda expertise e energia. Agora, se é para trabalhar, de produzir a própria subsistência. Ah, não. Aí não é com elas. E nem se deve falar nesses assuntos, porque vira saia-justa! Um tosse sem tosse, franzimento de testa etc.

Mais a algum tipo social e/ou psiquiátrico. Imagine aquela pessoa que ainda com esse perfil acima descrito. Além desse perfil pessoal, ela é capaz de cuidar de sua aparência, de sua estética facial, cabelos, unhas, até botox, plásticas de tudo quanto cabe no orçamento. É também dona de um ou mais pets, cachorros sabe-se lá de que grau de higiene, se limpos ou fedidos. Porque há bicho que fede, vamos combinar, está certo? Agora, essa mesma pessoa é incapaz, por exemplo, de cuidar de pessoa parente idosa, pai/mãe/avô. Nem se fala aqui de voluntarismo, mas de dever e senso ético/humanitário pelo laço parental. Alguns desses tipos filhos ou filhas se auto intitulam como desajeitados, sem vocação para a coisa, para dar banho, de comer e companhia com essa pessoa que carece dos cuidados paliativos mais elementares de sobrevivência.  

Por fim, ainda existe um outro tipo social/psíquico, ou de personalidade que merece ser lembrado. E não são poucos, há mais essa. Trata-se daquela pessoa, homem/mulher, que não tem aptidão e expediente para viver com menos dependência ou zero dependência de outras pessoas. Atenção! Está aqui a se referir a gente saudável, saúde de ferro, madura ou jovem, que tem disposição e vitalidade para tudo quanto é prazer, patuscadas, farras e navegação 24 horas pelas redes sociais. Entretanto, essas desqualificadas pessoas deixam a impressão que não fossem outras pessoas de que exploram e sugam energias, elas morreriam. Já imaginou que tipo psíquico e social! Existem por aí.

É muito pertinente e convincente, o que disse, Abraham Maslow, renomado psicólogo norte-americano. Sob o prisma de voluntarismo e utilidade, existem dois tipos de gente: Pessoas servíveis e Pessoas inservíveis. Noutros termos, há de fato, por todos os lados esses desqualificados indivíduos. Gostam da chamada bona-chira, de mesa farta e apetitosa, de orgias alimentares, de serem bem servidos, de partilharem sempre do bolo ou torta de aniversário. Agora, não conte com eles para lavar as louças, para dividir a conta e muito menos para ajudar a cuidar de um pai ou mãe idosos. Ai, não é com eles. Bem explicado pela Psiquiatria. Esses tais e quais gostam de serem servidos e nunca servir alguém. E por último, um alerta e justiça a se fazer: muitas dessas pessoas, jovens e robustos (as), assim o são e assim se comportam não por sua culpa intrínseca e pessoal. Mas, concentradamente, são resultados de uma educação familiar frouxa, tolerante, servil, em bolhas e pálios protetores de pai e mãe, omissos e ingênuos. É consensual que ninguém nasce pronto. Faz-se com uma qualificada educação familiar, com orientação e diretrizes a uma vida cultural, profissional, de formação no que a pessoa se mostra desde as primícias da vida. Nunca esqueçamos do livro de Içami Tiba (1941-2015): Quem Ama Educa. Porque criar e amar o filho não é apenas torna-lo adulto sem uma formação integral, ética e civilizadamente.

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