Vamos aqui tomar o exemplo do presidente Lula da Silva, o seu diagnóstico de hematoma saburral crônico. Explico-o: trata-se de uma hemorragia que se faz gota a gota, cronicamente, abaixo da meninge que recobre o osso craniano (calota) em sua face interna. Ele ocorre, espontaneamente ou mais comuns pós qualquer trauma, abalo da cabeça, em pessoas acima de 60 anos, em face do envelhecimento do próprio cérebro e vasos arteriais e venosos que nutrem essas estruturas, ossos e meninges.
O povo sabe bem que os mandatários do país, sediados em Brasília, quando acometidos de qualquer doença ou acidente um pouco mais grave, a primeira medida (ou saída) é o aeroporto internacional, em aeronave aparelhada de modernos equipamentos e médicos bem qualificados, e vão para a Medicina de 1º mundo- Hospital de ponta em São Paulo.
Como é a saúde pública no Brasil (SUS)? Pode-se dividi-la em dois grupos, grosso modo, a dos ricos e a dos pobres. A dos ricos. Existem, como exemplos os grandes hospitais de São Paulo, Albert Einstein, Incor, Beneficência Portuguesa. Atendem os governantes, parlamentares e autoridades de alta hierarquia de lá, de Estados da Federação e de Brasília. Há até um bordão e palavra-chave: algum figurão ou autoridade célebre que adoece grave em Brasília, a 1ª conduta ou saída é o aeroporto. Porque a equipe médica em São Paulo já está de prontidão. E todo esse atendimento diferenciado, humanizado no estilo vapt vupt é coberto pelo SUS, o tão declamado e eficiente SUS.
E como se dá a saúde pública para as pessoas da arraia-miúda, o poviléu, a plebe, o vulgo, os trabalhadores que ralam e produzem nossos alimentos, os operários da construção civil, os aposentados e minguados assistidos do Brasil, os muitos trabalhadores que laboram e vivem em cenários insalubres, com jornadas estafantes ao final de cada dia? Vejamos como.
A resposta não se faz em gesto risível ou de risota, porque está a se falar aqui de uma triste, uma cruel e degradante realidade, envolvente com a saúde, a dignidade e direito das pessoas! Qual seja, o direito de todas à saúde, à segurança de abrigo (moradia) e à segurança alimentar. Nem se fala tanto, são outros capítulos, da tragédia educacional, da segurança pública e das pessoas nas jornadas de ir e vir do trabalho, das escolas, nas rodovias etc.
Voltemos à questão central, a saúde pública ou privada no Brasil, sua humanização, a ética dos gestores, de Clínicas e Hospitais Públicos ou Privados. Aqui se inclui a Medicina Particular, porque contingentes significativos de pessoas pagam seguro/plano de Saúde. Existe uma cultura no Brasil, de mal atendimento ao paciente. Tomo, neste momento, um exemplo a mim relatado. Uma paciente, gravemente doente, na 5ª década de vida. Atendimento pelo IPASGO- consulta marcada 15 horas. Com indicação de internação. Foi ATENDIDA pelo médico agendado (agendado hein, às 18h) e internada 2 horas do dia seguinte. Uma espera de atendimento de 11 horas. Esse caso é símbolo de outros milhares nas Clínicas Públicas e Privadas. Muito melancólico e sofredor e sofrível, precisar de atendimento urgente ou emergente no Brasil. Paciente com fraturas, com cirurgias de hérnias; esperam em sofrimento, 2 anos pelo atendimento.
Trata-se de uma desumanização e absoluta insensibilidade e falta de apreço e empatia pelo outro que sofre, que padece e morre nas filas. Vivemos essa cultura e normalização dessa pouca afetiva relação das pessoas e generosidade de agentes da saúde. De secretárias aos médicos assistentes. O sofrer e se fatigar em salas de esperas por consultas, por exames, a fome sofrida; pouco importam para secretárias e os renomados médicos de Clínicas Públicas e Particulares.
O SUS, foi uma excelente criação e concepção. O que se critica são as péssimas gestões do sistema. Quem lá chega (hospitais) costuma ser muito bem atendido. A questão são as vias penitentes da entrada, para quem não dispõe de poder aquisitivo ou aviões para se deslocar para São Paulo, centro de referência em Medicina. Nossos votos e energia para o presidente Lula se recuperar plenamente e voltar à Brasília, às suas responsabilidades de governar o País.