A matéria deste artigo tem a ver com Política (política). Mas, melhor discorrer sobre ela no âmbito da Psiquiatria e Psicopatologia. Disciplinas estas de saúde mental, ou melhor de doenças mentais. A questão é sobre o plano golpista/terrorista desvendado pela Polícia Federal, para execução (assassinato) do presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Imaginemos todos, independentemente de engajamento partidário ou ideológico. O quão ignominioso e macabro desse plano, que vinha sendo urdido, tramado no final de mandato do ex presidente Bolsonaro (2019-2022), pós a eleição do atual, presidente Lula.
Quando pensávamos que a barbárie estava sendo superada, veio essa notícia, de 19 de novembro de 2024. Lembremos para contexto: em 08.01.2023, houve, como vastamente registrado pela imprensa, a tentativa de golpe e as depredações de prédios dos poderes em Brasília, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal, com destruição de estruturas, de moveis, de acervo cultural desses prédios públicos. Foram grandes perdas de patrimônio e cultura. Vários golpistas e participantes dos atos foram condenados e estão cumprindo suas penas de cadeia (alguns a 17 anos de prisão); vários estão foragidos.
Temos então, de momento, o desmonte dessa célula de extremistas golpistas, que incluem militares, presos pela Polícia Federal, cuja plano abortado era matar as três autoridades citadas. Gente de alta patente, coronéis e generais, que estiveram perto de perpetrar esses macabros crimes. Todo enredo de perversidade e terrorismo era combinado em grupo de WhatsApp. Horrores!
Agora entra aqui outra análise, no domínio da Psiquiatria e Psicopatologia. Ainda não plenamente compreendido, o mecanismo de captura da consciência e adesão de pessoas a uma causa, tendo em consideração que esta causa seja ilegal, ilícita e criminosa. Um fenômeno de comportamento e obediência (tácita obediência), tendo esses adesistas e asseclas consciência da ilicitude e crime a prática desses atos, isto é, mesmo não os consumando, porque o código penal já o prevê, tentar contra a Democracia e Estado de Direito é crime. Não foi só cogitação, imaginação. Houve todo um preparo material, metralhadoras, granadas e munição na perpetração dos crimes.
No exemplo e descrição dos expedientes e macabros planos aqui comentados, dos extremistas e golpistas, existem algumas evidências de o porquê, uma pessoa bem informada, bem “formada”, lúcida, ser capaz de se enveredar por esses expedientes criminosos e de alto risco. Ei-los. 1º; esses seguidores e colaboradores têm o desejo de mudança do status quo, em se falando da política vigente, do sistema, eis que cresce a insatisfação dom o sistema de governo vigente; a aposta na mudança; 2º; a quase certeza, desses adesistas e seguidores de participar do novo governo; a recompensa de ter um cargo, uma função no novo regime. Nada além disso! PORQUE nada se faz graciosamente. Nada de nada. É o princípio da participação e partilha do bolo. Eu apoio, dou minha adesão, meu trabalho e energia para o chefe, e depois vem a recompensa. Esta é a aposta: vai que dá certo, que meu chefe ganha, que ele tome o poder. Nessa hipótese, do sucesso da intentona, eu arranjo a minha vida e de meus colaboradores. Estão assim postas as teorias, do porquê, o indivíduo se arrisca, se adere, se põe em risco de fracasso. Loteria.
João Joaquim - médico e articulista do DM