Este artigo eu o escrevo em capítulo (coletânea) de Psicologia, embora envolva uma temática de Política. Mas, dá para se fazer essa intertextualidade. O tema aqui proposto se refere ao poder da mentira, da fofoca, da fake news, da invectiva, do ilusório, da capacidade que têm essas afirmações inverídicas, na boca de certas figuras públicas ou privadas, de entrar na mente, na consciência de muitas pessoas ouvintes e sujeitas as essas comunicações, e essas informações serem para tais pessoas uma verdade, um fato real e inconteste. É o que temos chegadinho de fresco, com a vitória do agora reeleito presidente Donald Trump.
O fenômeno de as pessoas, muitas pessoas, milhões destas acreditarem nessas fabulações, desconexões e fantasias; esse fenômeno da acreditação e convicção ou certeza das pessoas é que vem intrigando e instigante a inteligência dos cientistas (neurolinguistas, psicólogos). Trata-se, assim dizem os pesquisadores, de questões científicas complexas, de difícil deslindamento. Existem algumas pistas. Ei-las.
Ao que sugerem estatísticas e ensaios sociais e clínicos/psicológicos, para as pessoas acreditarem em mentiras, factoides, pós-verdades e fabulações é imensamente mais fácil e menos laborioso, critica e cognitivamente falando, do que a pessoa esmiuçar, estudar, pesquisar, analisar. Porque estudar, ir atrás da chamada verdade real, como o fazem por exemplo os operadores de Justiça, dá trabalho, investe raciocino lógico, paciência, perseverança, até se chegar ao fato, de fato, real, concreto. Fala-se de Ciência vs Fé.
É o mecanismo empregado por charlatões inteligentes, com boa alocução, boa comunicação, persuasiva oratória. Nessas estratégias entram a teatralização, a verborragia, os churros de palavras apropriadas, as expressões de heroísmo e nacionalismo, etc. etc. Os filósofos sofistas foram os pioneiros nessa arte. Mentir, argumentar, convencer, persuadir através de discurso, promessas, oratória.
Nesta arte do convencimento, o eleito presidente Donald Trump tem toda uma expertise especial. Aptidão capaz de convencer até autoridades e Justiça, agentes do Direito Americano. Temos nele, Trump, a estratégia de se uma mentira ser verbalizada 100 vezes, e ela virar verdade, de ilusão e ficção se transforma em total aceitação. Aconteceu.
E para concluir, essa arte ou estratagema empregado pelo vitorioso Trump, se faz ver também em muitas pessoas comuns. Quantas não são as pessoas que através de uma fofoca parcialmente real não faz um escarcéu na vida de outra! Porque lembremos bem: há a fofoca real e falsa. O efeito devastador é o mesmo, porque as pessoas creem, sem ter a energia, o trabalho, a paciência de esperar, de pesquisar, de deslindar o factoide, do fato real. A oratória e tom discursivo do apenas apelativo e persuasivo!
Agora, cá entreouvidos, ao que ressoa e sugere, Trump começou a ganhar as eleições, nos embates com Joe Biden. Suas falhas e derrapagens de memória e de oratória, Joe Biden e sua trupe deram munição ao adversário, e dali por diante Trump foi usando toda sua estratégia de mentir, mentir e tergiversar, fabular e ganhar o embate com Kamala Harris. No cotidiano das pessoas se vê o mesmo ardil e embuste.