Ao se fecundar, gerar, trazer ao mundo e iniciar a criação de um filho (a), quais são os sentimentos, os cuidados e deveres dos genitores? Naturalmente que esmerada higiene, amamentação na fase lactente pela mãe lactante ou na falta de leite materno com suplementos prescritos pelo (a) neonatologista, cumprir com rigor o cartão de vacinação, acompanhamento pelo pediatra e puericulturista. Enfim, serão os cuidados e recomendações feitas por pessoas já experientes e intimas dessa criança (avós por exemplo) e profissionais de saúde. Essas são as tarefas afetivas e amorosas esperadas dos pais.
Vamos à questão da maternidade e paternidade de sempre e de então. Imaginemos os filhos gerados, criados, engordados e educados na era pré televisiva. A maioria das mães pouca assistência obstétrica e ginecológica tinha à disposição. Havia assistência médica, era precária, e só ricos e abastados tinham esse acompanhamento. As mães de baixa renda tinham assistência de parteiras práticas (elas ainda existem). Tudo se fazia de forma empírica, sem os protocolos técnicos e científicos. A maioria dos filhos criados com esses expedientes da experiência, dava certo na vida. Verdade que a mortalidade infantil e materna era muito alta. As complicações puerperais eram altas.Tantos avanços técnicos e científicos chegaram. A Medicina se aprimorou, e o acesso à assistência materno infantil se tornou viável para todas as mulheres no SUS. E de ótima qualidade. Tanto que a taxa de mortalidade obstétrica e infantil têm taxas ínfimas.
Feitas essas considerações, façamos algumas observações a propósito, de como se fazem os cuidados e dedicação de muitos pais jovens e alguns mais idosos, com os seus rebentos. Filhos meticulosamente esperados e planejados, os que assim nascem com esse planejamento! Note-se que alguns filhos são tão bem planejados que nascem por fertilização in vitro, alguns com barriga de aluguel, alguns com gametas anônimos, únicos ou gemelares.
O que se pretende aqui apresentar é como vem se dando a educação de muitos filhos, de muitas famílias, nessa nossa exaltada época altamente tecnológica, digitalizada e acelerada em tudo. Ciência e tecnicismo evoluíram com o objetivo e em benefício da qualidade de vida das pessoas, da saúde e bem-estar geral. Embora haja ainda parcela numerosa de gente sem acesso a esse utilitarismo, porque existem as custas, os preços. E em um Brasil, ainda tão desigual, até a comida não tem sido de boa qualidade a todos. Existe, tristemente existe a chamada insegurança alimentar, a fome, a falta de casa própria e saneamento em muitas regiões do país. Muita água, mas poluída, não potável!
Cheguemos então à questão nevrálgica dessa matéria. As gerações de filhos da atualidade, se divide, grosso modo, em dois estratos sociais. A dos pobres e a dos ricos ou abastados. Para ver essa consistência e clara realidade basta ter em conta as pesquisas de IBGE, PNAD, índice GINI, etc. As marcas sociais dos filhos de famílias pobres são ausência ou desassistência dos itens mencionados na introdução desse artigo. A partir do nascimento esses filhos, são mal assistidos em sua saúde e desenvolvimento, as escolas públicas disponíveis são precárias em instalações e orientação pedagógica, a evasão escolar é alta. Enfim, são filhos com alto risco de fracasso em tudo na vida. Escolaridade baixa, desemprego, criminalidade, mortalidade precoce, condições sociais e de saúde precárias!
E então vem o paradoxo. E os filhos dos ricos e abastados? Muitos desses filhos, das gerações dos novos pais (sendo esses pais jovens ou já mais velhos) têm se caracterizado pelo fracasso. Fracasso levando em análise a socialização, a educação e formação escolar de boa qualidade técnica e científica, a aptidão laborativa, a produção, a autonomia profissional e financeira, etc.
E vêm então as razões apontadas por estudos sólidos, rígidos, fundados e com protocolos sociais e analíticos bem conduzidos. Alguns cientistas da educação e sociais chamam essa geração de os filhos bolhas. Isto em sucintas palavras se resume a uma educação mimada e superprotegida desses filhos, a um tratamento principesco, a muitos atributos e adjetivos conferidos a essas crianças. São as princesas, os adornos e felicidades extremas da casa, aos filhos privilegiados, aos príncipes e focos de todas as atenções e primazia da casa.
O resultado se mostra na fase adulta desses filhos. Indivíduos dependentes, eternos adolescentes, típicos peter pans, carentes permanentes de suporte e assistência dos pais, que se tornam pessoas frágeis, com baixa autoestima, baixo limiar à frustração, pouca resiliência a uma atividade laborativa para autonomia financeira. Enfim, uma geração do chamado fracasso educacional e profissional, desse modelo hiperprotetor. Vêm de uma educação da sequência: gestação, crescimento, engorda e péssima educação familiar. Quão triste! São estudos dizentes; os protocolos e pesquisas bem conduzidas!