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DOS REGALOS E GUSTATIVOS

 Conta-nos uma filosofia oriental que o tempo é uma invenção de Deus. Porque muitos e variados cientistas já tentaram definir o tempo, mas nenhuma opinião foi convincente. Essa Filosofia Oriental, nos diz que o tempo foi uma invenção de Deus, digamos um expediente para que as coisas não acontecessem juntas, simultaneamente. Assim, tudo passou a ter sentido, graça e beleza, cada coisa a seu tempo. Inclusive a vida.

Existem certas datas festivas e simbólicas que ‘para grandes fileiras e grupos de gentes têm um único ou maior sentido, as orgias da boca e do baco; ou no popular, as orgias do comer e se libar em bebidas de toda espécie, cervejas, vinhos, sucos com sacarose, Coca-Cola. Haja vaca, galinha, galetos, pizzas (baixo custo), massas (baixo custo), churrascos (de preferência oferecidos por outros, alto custo).

Vamos tomar o exemplo mais simbólico: passagem de Natal e Ano Novo. Quantas pessoas investem energia, suor, fadiga, esfalfar, ralação, compras no cartão de crédito, os suados salários, honorários ganhos com honra e trabalho, sacrifício pessoal, etc.etc._ Para dizer o mínimo- Toda essa maratona e desafios para satisfação de outras pessoas, que pouco gasto energético e monetário despendem em contraponto. Porque existe ainda a tradição dos mimos, dos regalos, dos gáudios, dos presentes oferecidos que outros não oferecem... Então!......

Ao nos deparar com essas pessoas, nos seus excessos gastronômicos e gastrocnêmicos eis o que pensar! Com esses perfis humanos que vão hipertrofiando seu estoque de adipócitos, que vão das panturrilhas à bola de Bichat, orelhas e contorno da cerviz; não há como não se lembrar da origem desses insanos gestos dos ocidentais. Esses vêm da cultura da decadência do Império Romano. A degradação política e moral chegou até a culinária e seus gestos de comer. Vem de lá o distúrbio dito bulimia (fome de boi). Havia um lema pouco civilizado e nada de cidadania: “cada um por si e Deus por todos”. E então se esfacelaram em ética e moralidade. Além dos rega-bofes!

E reportamos de igual forma ao grande escritor, crítico e satírico francês François Rabelais (1495-1553), com seus personagens Pantagruel e Gargântua. Comer, comer, comer, empanturrar, panturrilha, gastrocnêmicos. Refestelar. Em nossa modernidade liquida, conforme o filósofo Zigmunt Bauman, houve mais uma exploração da indústria de drogas. A madame, era normal, peso aceitável. Virou baleia e baranga, segue o marketing da engorda e toma injeção para frear o apetite e obesidade: semaglutida, liraglutida, victosa, omnic, orlistat. Quanta enganação e fake News. Quanta insanidade mental e cognitiva imposta aos humanos e imbecis consumidores (as).

Eu trago algumas perquirições, inquisições que me instigam e causam-me uma certa comichão: para esses e essas que veem nas ceias, nas ágapes de Natal e Ano Novo a concretude, a fonte de maior e exultante felicidade e do máximo prazer. Será que essas pessoas, indigitadas pessoas; nas suas indigestas e exultantes “confraternizações”; será que elas lembram dos nomes das pessoas que lhes servem todos os dias? Não se diga, apenas nas refeições, mas, sobretudo como se chamam os porteiros, funcionários da faxina de seus condomínios. Os garçons, os invisíveis trabalhadores que cuidam de seu entorno condominial e urbano? Será que sabem quem são e suas angústias?

Mais algumas considerações natalinas e na confraternização de ano novo. Ao sufragar alguém com feliz natal e ano novo, será que essas tais e quais festeiras e dadas a tantas patuscadas, como pândegas e convivas de mesmos anfitriões; será que essas e esses mensalistas despendem algum labor na humanização desses obreiros e servis? Alguns desses convivas e comensais, se refestelam, repimpam de refeições, petiscos, torresmos, carnes da boa, manjares e tal. E sequer municiam e ornam a módica cozinha e armários de pessoas prescindidas de comida simples, bolachas e manteigas. arre!

“A Terra é um só país e os seres humanos os seus cidadãos”. Nessa perspectiva, tem-se a Terra como um organismo vivo, que tudo graciosa e de esbulho nos dá. Pensemos como cognitivos e racionais. Muitos se regozijam com os “deliciosos foie gras”, com os suculentos nacos de vitelas. Será que quem se regala, satisfaz os seus gáudios e gozos com esses alimentos sabem como eles são produzidos? Será que ao final de um dia, é possível ter um sono de Justiça, de Ética, de Civilidade e Cidadania? Perquirições!

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