TODOS NASCEMOS DESTINADOS AO SUCESSO

 Como já alinhado com outros críticos e pensadores sociais, as famílias, os guetos humanos são como que tubos de ensaios, placas de experimentos, placas de vidros para estudo, ensaios e ao cabo, ter resultados comprovados pelas Ciências. Assim dizem a Sociologia, Psicologia Social e Psiquiatria.  O saudável e adiantado para quem vê, ouve e interpreta com os olhos da razão e não com olhos da simples visão e da paixão, é que ficam fáceis as observações e conclusões já referidas pelos estudos e experimentos científicos. Porque, como sabido, estudar, pesquisar, observar criticamente é para poucos a essas tarefas dedicados. Vamos aqui a algumas pitadas dessa sistematização da Sociologia e Psicologia Social; em foco as relações familiares.

É recorrente aquela reação de muitos pais e mães em proteger demais e ser cúmplices de seus filhos em comportamentos e atitudes não tão éticas e sociais. Estes filhos que são criados, engordados, erados. E com boas escolas pagas vão rompendo os ciclos escolares. Concluído o segundo grau, vem o 3º grau, faculdades disso e daquilo. E então vem o primeiro gargalho dessa caminhada. Porque uma coisa é escolas secundárias e aprovação, outra coisa diversa uma faculdade padrão, de maior exigência técnica e cultural.

No brasil de hoje se ingressa na Universidade via exame ENEN, inscrição no SISU; queira ver o leitor se não sabe o que seja. Algum aluno, que não teve aquele grau de exigência no fundamental, não passa em algumas tentativas. Vem a opção por cursos menos concorridos, frustração!  porque não era o desejo do aluno e família. Medicina, Odontologia, Direito. Resta então as faculdades privadas, pagas, cursos não sonhados pensados pela família. Ai, ai, ai! E agora?

Há ainda, aqueles tais e quais alunos que dada o cabedal do segundo grau, ótimos colégios, passam em alguns concorridos cursos superiores. Porque também passar em certos exames ENEN e sisu hoje, no Brasil, com o nível cultural da moçada não é tão difícil. Há então aquele filho e filha que até passam. E eles vão estudando, passando de período, e formam. Muitos desses tais e quejandos, ouvem que são alunos-padrão, estudiosos; e mais: inteligentes. “Fulano, sicrana é muito inteligente. Ele ou ela tirou em 1º lugar em muitas provas”. Grande diferença, não! Quando é que notas altas em provas traduzem um alto QI? Ledo e ingênuo engano! Na verdade, um autoengano, que se transmite aos filhos.

Então detemos aqui neste tópico e analisemos o que dizem a Sociologia e a Psicologia Social ou Positiva. Grandes e crassos são os erros de pai e mãe que heroificam os seus filhos e filhas, de forma a criar uma fantasia pernóstica e nociva na constituição psíquica, social e moral dos filhos. Como modelos dessa perversidade educacional, do continuado engodo e autoengano, são os títulos atribuídos aos pequenos, adolescentes e jovens. Títulos como meu príncipe, minha princesa, meu herói, meu craque, o muito inteligente, o nota 10, o pelé da raça, o condecorado, o vencedor.

O filho, ou menina tirou nota 10 em um teste qualquer, com o mínimo e elementar grau de raciocínio lógico e abstrato. Pronto! Alguns recebem uma placa laudatória no imaginário, um destaque, uma láurea, um mimo pelo feito. E vai-se criando um indivíduo mimado, heroificado, agraciado, admirado. Entretanto, entre tantas distinções, uma hora, a vida, a sociedade, as convenções, os exames sem mimos os colocam às provas dos nove. Reprovação, frustração, debilidade moral e o sujeito dá-se em nada. O que fez seu filho, aquele nota 10 e inteligente? Por ora, nada.

Em nosso admirável mundo da modernidade, ah, quem se lembra e leu o “Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley”? Agora vem-nos essa lembrança, até filhos produzidos em série, como componentes de uma engrenagem. Então, não há como não se referir às tecnologias de informação, da Internet, das mídias digitais. E elas muito vêm contribuindo para a qualidade das vidas de muitas pessoas pensantes e que delas fazem o uso benfazejo e construtivo.

Todavia, por tantas vias que delas faz usa certa galera, quanto de vulgaridade, de futilidade e vazio que reina nesse cenário. Temos assim os idiotas, a legião de idiotas e frívolos e vulgares; gente de todas as idades, preferências e aptidões. Sãos os viadutos e condutos para um mundo sem filtro, sem critérios de qualidade e construção. Filhos e filhas da perdição, no niilismo digital.

E então são essas pílulas e pitadas, entradinhas do que se vê, na estatura, na estrutura educacional das famílias de todas as épocas. Contudo, ante tudo que se tem de modernidade, vivemos nesses tempos digitais, uma pandemia de jovens, de adultos que se embrenharam nessa criação de autoengano de muitos pais e mães, que a pretexto dos excessivos afagos, dos lenientes mimos e rótulos, mais descontroem que educam e formam filhos e filhas, há uma carência de cidadãos produtivos, autônomos e provedores da própria subsistência. Essa onda de comportamento e novo estilo de viver e de relações (pais/filhos) se torna prevalente e vigente. Há ótimas exceções, de jovens críticos e pensantes, produtivos e experimentados profissionais, porque seguiram as vias profícuas e corretas ditadas pelas famílias e bons conselheiros e professores. A educação padrão é o que salva o indivíduo.

João Joaquim - médico e articulista do DM

 Uma matéria das mais significativas a que se dedicam a Psicologia Social e a Sociologia, se refere àquela na constituição social e profissional (ou intelectual do indivíduo). Ou em termos mais inteligíveis e compreensíveis, em se destinando este artigo a estudantes em geral. Notadamente os de ensino fundamental e médio, pais e educadores. Para melhor compreensão, façamos uma analogia de um inventor (como se fora um pai) e seu objeto de criação, o seu invento. Como se dará essa criação (ou cria, filho)?

O inventor, primeiro vai, mentalmente, ter a ideia da criação. Basta lembrar da teoria das ideias de Platão. Todo objeto, uma cadeira, uma caneta, um celular trazem um modelo autentico e perfeito no intelecto do criador.

Assim também deveria proceder cada pai, cada mãe ao decidir na geração de um filho. Porque, afinal de contas, nessa hora e nessa empresa o ser humano se assemelha a Deus, o Criador do Universo e de todas as maravilhas e prodígios da Terra e do Cosmos. Quanta responsabilidade e nobreza deveriam estar na consciência e lembrança dos genitores de um filho. Porque o que se pretende é que essa criação tenha longevidade com qualidade de vida, vida útil, vida produtiva, com felicidade de si mesmo (a criatura) e capacidade de gerar bem-estar e felicidade em outras pessoas, na comunidade, aos familiares, aos pais que foram os criadores.

Basta imaginar, e poucos pensam nessa questão: a vida é cíclica e deve ser regida de gratidão e generosidade. Em especial com os pais, os avós, quando esses estiverem mais frágeis e vulneráveis. Poucos lembram desse ciclo, se hoje sou jovem e tenho energia, amanhã, se não morrer jovem estarei idoso, decrépito e vou depender de alguém que cuide e zele por mim. Simples!

Tomando aqui a questão de fundo e motivo maior deste texto. Cada pessoa, inescapavelmente, é o resultado do padrão moral, cultural, intelectual, ético e profissional dos pais, dos cuidadores, dos tutores e responsáveis. Excetuando os casos genéticos, dos destinos hereditários da constituição física e biológica, cada pessoa é o produto final, bem ou mal elaborado dos legados da família.  Não se despreza os efeitos do genoma do indivíduo porque exerce influências quase matemáticas a exemplo dos traços fisionômicos, da semelhança física com os papais, o comportamento gestos. Entretanto os determinantes de outra herança, a ética, social e cultural serão indeléveis.

Para sempre. Nessa questão uma criança, um adolescente e jovem não diferem de um potro, de um burrinho, de um a ser amansado e condicionado e domado. Temos assim, uma regra infalível. Os valores de honestidade, de ética, de vocação ao estudo, ao trabalho, a uma vida produtivo participativa requerem criação, engorda (amadurecimento físico e biológico), educação nos cânones de ética, honestidade, moral e cultural; missão a cargo e responsabilidade de pais ou quem os substitua.

Em conclusão, chegamos com essas noções à teoria do influxo e efluxo moral, cultural e laboral da pessoa. Nós humanos somos o resultado de todos os influxos que o meio familiar, escolar e familiar nos passaram diuturnamente, desde a infância. Nascemos zerados de informações, do que devemos ou não fazer e praticar. Um exemplo bem robusto da tribo ou família humana. Imagine uma jovem, um jovem que foi criado por pais de um cabedal moral, profissional e laboral precário, irresponsável, um pai ou mãe alcoólatra, beberrões, pouco interessados no futuro do filho ou filha. Pais cujo maior projeto diário é a satisfação pantagruélica do comer e beber, do comer e beber. E os filhos criados ao deus-dará. Fica a pergunta, no que dará esses filhos como cidadãos (as) ativos, autônomos, independentes, trabalhadores, produtivos, aptos às provisões da própria subsistência? As chances de fracassos são enormes. Daí, pode-se concluir, valendo-se e parodiando Rousseau, todo homem nasce bom, a sociedade (a família, o entorno social) o abandono do jovem à própria sorte, é que o corromperão e tornarão esse jovem ou moça em um indivíduo sem rumo, sem uma profissão e vida profícua e produtiva. Muitos desses até formam em algum curso superior, mas ficam nisso. Inúteis pessoas; porque de algum parente ou contraparente e colateral dependerão eternamente para a sobrevivência, nada fazem, nada produzem, porque não foram preparados, treinados para sobreviver sem amparo de terceiros. 

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