Muito instigante e admirativo é o comportamento de muitas pessoas, personalidades privadas ou públicas nas suas falas, considerações das mais variadas naturezas e matérias. Vê-se muito essa atitude, por exemplo, com os agentes políticos. E então eles misturam as suas ideias, princípios ideológicos, doutrinários e politiqueiros com o que pensam em geral das pessoas. Vimos por exemplo um certo vereador, esses dias de cidade do RS, em discurso claramente e corrosivamente homofóbico e racista contra o povo baiano, os trabalhadores baianos, com recomendações que os não contratassem por razões que não valem sequer repetir, em respeito ao estado da Bahia e valoroso povo baiano.
Passada então a fala, gravada em retumbante oratória, do púlpito parlamentar, é normal e funcional que a imprensa divulgue tais disparates e impropérios. Vêm as críticas e protestos, também normais e oportunos da sociedade, de órgãos competentes e Ministério Público. Ao reconsiderar suas infelizes falas vem o ofensor e radical de direita agente público ( o vereador em foco) tentar remendar o que falou, que não foi bem assim e assado, que até seu cônjuge possui laços genéticos com a etnia negra, etc. Mas, não há salvação e condescendência, o estrago já foi feito e tal indivíduo há de responder administrativa, de forma ética e penal pelos crimes perpetrados. Porque assim ele os cometeu de forma dolosa, ciente da gravidade e consequências.
O curioso e até hilariante é justamente o caradurismo de muitos desses agentes públicos após o cometimento de referidas ofensas e injúrias. As tentativas de remendar ou emendar os danos causados às pessoas, à dignidade desses indivíduos, não importa quem e a toda uma comunidade, uma etnia, grupo social ou o perfil, preferências e religiões dessas vítimas. Nesse ensejo e etapas dos fatos, cabe então a exemplar e punitiva missão dos órgãos competentes (polícias, ministério público, Justiça) em agir contra os agressores e restaurar ao menos em parte a dignidade de quem sofreu tais desatinos e lesões à sua dignidade.
Com a instalação do governo do ex presidente Jair Bolsonaro, este sabidamente um ex parlamentar e ex militar com ideologia de direita, ressurgiram aqueles indivíduos simpatizantes de regimes totalitários, com características nazifascistas, intolerantes com grupos minoritários, com etnias não brancas (negros, mulatos, índios), com pessoas homoafetivas e religiões diversas, como as de tradição africana, espírita e outras doutrinas não tanto divulgadas e midiáticas como as afro-brasileiras (ex umbandas, candomblés).
O que se quer deixar como mensagem final neste texto é a de que ninguém é melhor do que o outro em termos de direitos e dignidade. Não importa o credo, a religião, a doutrina, a etnia, a concentração do pigmento de melanina da pele e nos olhos, a cor e anatomia dos cabelos, a forma do penteado, os trejeitos e mímicas da pessoa, a sua fala e entonação da voz, a simpatia do indivíduo por esse e aquele partido ou candidato político, o peso corporal da pessoa, se magra em demasia ou sobrepeso, opção sexual etc etc. Todos os humanos somos diferentes e iguais na mesma intensidade.