O que o livro forma a internet deforma

 “Oh! Bendito o que semeia livros /livros à mão cheia /E manda o povo pensar!

O livro caindo n’alma/ É germe que faz a palma, É chuva / que faz o mar.” Castro Alves

Entrar numa livraria ou biblioteca, frequentar uma bienal do livro como a que ocorre em Goiânia, serve, mesmo para uma pessoa comum, mas bem pensante e de bom senso, a várias reflexões, preocupações e muitas vezes tristes conclusões sobre cultura, alfabetização e ensino no Brasil.


O interesse e acesso à cultura no seu sentido mais amplo e inespecífico envolvem múltiplos fatores, a começar pelo custo que o indivíduo tem na aquisição de qualquer conhecimento. O meio mais elementar para tanto chama-se livro, instrumento este nada barato, considerando que o Brasil é riquíssimo em matéria-prima na produção de papel (celulose), abundante pelas extensas florestas ainda nativas ou cultivadas, especialmente para este fim. Aqui é um país onde, talvez na relação renda per capita e custo, o livro seja o mais caro do mundo. Um absurdo!


No quesito bibliotecas públicas em todas as esferas de governo, somos outro exemplo de fracasso e do atraso. As poucas bibliotecas oferecidas às comunidades constituem exemplo do quanto pouco ou nada valem a cultura e o ensino de boa qualidade para nossos governantes. São acervos pobres, desatualizados e pessimamente administrados. As poucas opções existentes são mais entregues às traças, fungos e baratas. Causa asco, espirros, náuseas e vergonha sermos usuários e frequentadores de algumas destas tacanhas e vetustas unidades chamadas bibliotecas públicas. Será que nossos administradores e gestores das coisas públicas vão pelo menos como visitantes às nossas bibliotecas? Duvido! E ainda querem acabar com essas pobres e poucas existentes.

 

E as escolas públicas? São outra amostra grátis do descalabro a que chegaram o investimento e a preocupação de nossos digníssimos e excelsos representantes com o que deveria ser sagrado e prioridade absoluta em qualquer país: a educação. Causa perplexidade e desesperança constatarmos a estrutura precária das escolas públicas; seja pelo estado de ruína e péssima conservação dos imóveis, ou pelo sucateamento e falta de manutenção da higiene, do mobiliário e carteiras escolares. A baixa remuneração e insuficiente qualificação dos professores é outro capítulo à parte. Por consequência, é prescindível comentar sobre o nível de aprendizagem de nossos alunos. Não se poderia esperar alfabetização e aprendizado eficazes e de melhor qualidade frente a tanto descaso e atitudes políticas tão pobres e irresponsáveis na área educacional. E ainda falam na chamada inclusão digital! Criança precisa saber ler e escrever. Só isso de começo.


Vários estudos e indicadores (Pisa, Saeb, Enen) mostram o quanto estamos atrasados em educação e cultura quando somos comparados a outros países que investem em educação e na qualificação de professores. Será que continuaremos entre os piores dos países emergentes ou em desenvolvimento no item educação de boa qualidade para nossas crianças, jovens e adolescentes? Que tristeza dá ver IDH, Gini, prova Brasil, Ecad!


O livro é um artigo caro e de luxo, inacessível para as famílias de baixa renda. Torna-se, por este e outros fundamentos, necessário e urgente mais investimento da comunidade política no setor educação. Quando meios facilmente acessíveis forem ofertados às pessoas através da edições de livros ou boas bibliotecas públicas, poderemos constatar o quanto o País pode melhorar no quesito leitura, cultura e alfabetização de nossas crianças e jovens. Nesta sublime missão de educar e formar nossos filhos, o livro, que me perdoem os que ainda dão tanta ênfase à informática e à internet, o livro, repito, este milenar instrumento de aprender e ensinar, jamais perderá seu papel, seu posto como o melhor e mais eficaz vetor na disseminação e amplificação da cultura e educação do ser humano.


 A Internet, as mídias digitais, Redes Sociais (antissociais) são muito úteis para quem já se encontra maduro, adulto e com pleno desenvolvimento mental, neurológico e intelectual. Para crianças, adolescentes e jovens, são como nicotina ou maconha, viciam e tornam as pessoas mais imbecilizadas e atrofiadas em cultura e Ciências.

 

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