LAvagem cerebral

 VEM sendo objeto e preocupação de vários estudiosos o fenômeno da chamada lavagem cerebral. Termo este que leva outros nomes como aliciamento, induzimento, sugestionabilidade, persuasão. Mas, fiquemos com o titulo lavagem cerebral pela sua maior difusão e aceitação universal. Por conceito e definição a lavagem cerebral mais que uma crença ou fé é convicção e certeza da pessoa (lavada cognitivamente) de que um fato, uma expressão, uma informação, uma promessa ou chamada seja a verdade real e insusceptível de contestação, de questionamento. A pessoa afetada pelo processo se torna incapaz de, mesmo com provas concretas e materiais, documentais, se torne incapaz de desacreditar naquela primeira e falsa informação, promessa ou proposta.

Do mecanismo ou processo da lavagem cerebral.  De há muito que as Ciências Humanas – Psicologia, Psiquiatria, Sociologia – tentam desvendar e compreender o fenômeno.  Ele é complexo porque envolve influências ou impulsos neuropsíquicos. O comportamento ou contaminação da lavagem cerebral está presente em várias atividades humanas. Ele predomina nas religiões, na Política, nas doutrinas, na cultura, nas seitas religiosas de variados gêneros. Embora não inteiramente compreendido, existem já comprovados ensaios, convicções empíricas e pesquisas sociais e científicas de como se dá a neurofisiologia (mecanismo neuropsíquico) da lavagem cerebral.

A primeira teoria diz respeito ao chamado viés ou sugestão da simpatia do lavado cerebral (a pessoa influenciada) pelo agente (o influenciador ou lavador cerebral) indutor ou aliciador para a crença, convicção e aceitação por parte da vítima. Na questão aqui posta, o efeito produzido pode se fazer de forma individual ou coletiva.

Em geral, há uma adesão social massiva das pessoas. Como concretização desta tese basta tomar de imediato os exemplos mais encontradiços. Imaginemos um religioso, ou pregador das mensagens Bíblicas. Muitos são os evangelizadores e pastores que fazem uma interpretação dos evangelhos, das mensagens sagradas um instrumento para impor e fazer a todos crerem na sua interpretação (ao seu modo de lavador mental dos seguidores e fieis). Muitas são as mensagens contidas na Bíblia que são empregadas com esse eficaz propósito, a lavagem cerebral dos adeptos. As estratégias vão desde o propagação do terror da danação da alma, do pecado, da condenação ao inferno, até penas enquanto a pessoa estiver em vida aqui na Terra.

Há uma outra atividade humana que vem se tornando campeã em lavagem cerebral, e esta tem se tornado foco, objeto de estudos de vários campos do saber e das Ciências humanas. A Política. E aqui entra novamente o chamado viés da sugestionabilidade ou viés do convencimento. Entra como mecanismo neuropsíquico e social o marketing da ideologia, o viés da ideologia. Como protagonistas aqueles indivíduos com trejeitos, gestos, falas, discursos, oratória de messias, de um líder e agente rebelado contra o sistema em voga e da vez. E não que esse sistema da vez tenha sido tomado de assalto, por um golpe de Estado, por agentes insurrectos, e tirânicos. Foram escolhidos em voto popular, daí se conclui um sistema ético, legalista e democrático. As propostas, retórica, os convites desse líder são os da mudança, de iniciar outro ciclo, outras diretrizes de governo para uma rápida mudança das leis, das regras de convivência, de trabalho. Mudanças; pura e simples mudança. O povo atacado pela lavagem cerebral, contaminado pela cegueira da crítica e entendimento acredita que um novo canaã está a vista, uma nova terra e país prometido há de vir.

E seguem as teorias e hipóteses (verossímeis e convincentes) do porquê da lavagem cerebral. Ensaios, estudos sociológicos e de Neurociências vão em outra linha de explicações do fenômeno. Nesse contexto há a chamada disfunção ou inaptidão cognitiva. Mais bem explicado: não se traduz em um embotamento orgânico ou físico do potencial cognitivo e intelectual do indivíduo e atacado de lavagem cerebral. Não. O sujeito (homem ou mulher) afetado da lavagem cerebral padece do que se chama astenia ou fraqueza (voluntária) cognitiva. Em termos mais claros e compreensíveis, a pessoa apresenta uma preguiça mental, intelectual e cognitiva. Nesse processo se torna para essa pessoa afetada do fenômeno muito mais fácil crer, acreditar e se tornar convicto daquelas informações, prédicas, discursos, falas, propagandas, oratórias e convites do agente lavador ou faxineiro cerebral alheiro. E o efeito é devastador.

Para fecho e conclusão de matéria, é suficiente relembrar as cenas, os fatos, os expedientes e práticas apregoadas, difundidas e oficializadas por diversos agentes públicos da Administração do Brasil; em todas as esferas de governos, federal, estadual e municipal. O processo de lavagem cerebral foi tão nocivamente efetivo e frutífero que o fenômeno foi contaminando até profissionais de saúde, médicos renomados e outros servidores públicos e privados. Os efeitos foram tão catastróficos que centenas de milhares de pessoas morreram. E gentes continuam a morrer, são os que não acreditam nas Ciências, são os negacionistas e charlatões de variados estratos sociais, culturais, profissionais e políticos. Um verdadeiro horror de lavagem cerebral.

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