DRAMA E TRAGÉDIA
João Joaquim
Tomo da caneta para falar de fatos diários. Estamos vivendo uma das maiores tragédias sanitárias que possa acometer a humanidade. Poderia também ser rotulada de drama. Só para uma distinção entre tragédia e drama. A cultura e filosofia grega nos fazem esta distinção. A tragédia seria algo como provocado pelos deuses (aqui nos conceitos da mitologia). Para tanto bastaria revisitar as obras de Eurípedes e de Ésquilo. Antígona e Oresteia por exemplo. Transpondo para nossa cultura e compreensão: tragedia seria os efeitos fúnebres de fatos fora do domínio humano. O drama seria aqueles eventos provocados ou evitáveis pela ação humana. A devastação de um tufão se equivale a uma tragedia, uma queda de avião seria um drama, ação humana, por exemplo por falhas mecânicas de manutenção.
Quando se analisa os eventos funestos causados pela pandemia da Covid, eles têm parte de tragédia e de drama. Quando se pega a origem e disseminação do novo coronavírus. Há hipóteses de que ele surgiu na Cidade de Wuhan China. Mas como ele ganhou todo o planeta? Teve ação do homem? população local? Consumo de carne de morcego (ah que asco e nojo!)? Assim foi desde a origem a ponta de um drama. Evento este que dada a virulência do agente infeccioso e pela dimensão mórbida se tornou uma tragédia, porque ainda não tem tratamento etiológico.
Análise do Brasil como epicentro da pandemia. Existem uma cara de tragédia e uma de drama. Porque a doença não tem tratamento causal, não existe antibiótico contra o vírus. Sabe-se como evitar o contágio. E neste contexto entra a ação ou omissão humana: dos governantes e gestores da saúde; mas também das pessoas que negam em seguir as normas sanitárias, não lavar mãos, não usar máscaras.
Desde a disseminação planetária do vírus as ciências mostram como não contrair a Covid. Adiantou alguma coisa para parcela significativa das pessoas? Nada. São os festeiros, os baladeiros, os farristas, os glutões, os beberrões, os vagabundos de toda ordem. Esses tipos que entram no sanitário e não lavam as mãos.
Causa-nos perplexidade e espanto imaginar qual é o limite da insensatez humana! A irresponsabilidade das pessoas em negar, em ser omissas, em ser essas pessoas os vetores, as carregadoras do vírus para suas casas e contaminando toda a família. Muitas dessas pessoas, isoladas e reclusas em casa, idosas, doentes e vulneráveis às formas mais graves e letais da doença.
Faltam a esses insensíveis indivíduos, os sentimentos da compaixão (= se tornar a companhia na dor alheia), da generosidade, da solidariedade e da empatia (envolver-se ou imaginar sentir a mesma dor no lugar do outro).
No tocante a um presidente da República, a um governador, prefeito e ministro da saúde. O pecado e crimes desses agentes públicos são bem piores do que os erros e omissões das pessoas comuns. Porque esses gestores detém o poder, a responsabilidade pelo bem comum, pela segurança e saúde da população. Juntando pessoas comuns e agentes públicos resultam todos como malfeitores e detratores da nação e da sociedade. São todas pessoas autoras desse grande drama com ares de tragédia que é a pandemia da Covid 19. Para governantes são delitos tipificados como de lesa-humanidade e mesmo genocídio.