AS LIÇÕES ÉTICAS E SOCIAIS DA PANDEMIA COVID 19
João Joaquim
A pandemia da Covid veio nos trazer muitos conhecimentos que antes não sabíamos ou de que apenas desconfiávamos. A doença também vem revigorando sentimentos que antes não eram muito cultivados e praticados. Como exemplos, a generosidade, a solidariedade, a empatia pelo próximo. Só para entender melhor o significado da palavra. O termo pathos vem do grego; trata-se de um vocábulo de múltiplos significados. Entre estes, dor, sofrimento, amor, paixão. A paixão (amor excessivo) está neste pacote de sentimentos.
Os principais verbetes conhecidos são apatia, simpatia, empatia e antipatia. Apatia seria uma frieza de sentimentos, insensibilidade em relaxação a outra pessoa. Simpatia, seria compartilhar os mesmos sentimentos, as mesmas sensações. Empatia, seria como que sentir a dor do outro, como que se colocar no lugar do outro. Antipatia, sentir aversão, ojeriza, repulsa pelo outro, não ter nenhuma afinidade com a outra pessoa. Aqui, pode existir desde uma rejeição simples até uma profunda intolerância e ódio pelo outro ( injúria, discriminação, preconceito).
Um outro conhecimento e constatação que trouxe a pandemia foi a relação do brasileiro com a higiene. A higiene é tão importante que ela deveria constituir uma formação universitária. Deveria ser uma formação isolada. Ela integra por exemplo o curso de higiene e saúde pública. Mas, fiquemos aqui no senso comum, naquilo que o vulgo, o povo entende como limpeza, lavagem de mãos, de objetos, do banho diário.
Porque na verdade higiene vai muito além de água e sabão. Mas fiquemos com esta noção elementar e já será um bom, um excelente indicador de civilidade, de educação, de respeito ao próximo, de racionalidade e inteligência. Vamos aqui fazer uma materialização da falta de higiene (limpeza): um indivíduo que vai a um sanitário e não lava as mãos; de se tocar em talheres de uso coletivo em um almoço sem antes higienizar as mãos, de pegar uma fruta e colocá-la na geladeira sem prévia lavagem com água e sabão. É hiper, muita falta de higiene e cuidados com a saúde própria e com das pessoas do convívio. E sujismundos pululam por aí.
A pandemia veio, ainda que por temor, melhorar esses tão simples e básicos comportamentos de higiene. Agora até tossir e espirrar; muitos já aprenderam como se faz. Mas, há gente que ainda não aprendeu. Falar em higiene, como ela afeta as pessoas em outros cenários da vida. Nas finanças pessoais por exemplo. Verdade que a Covid trouxe impacto na economia.
O que houve é que aqueles que estavam habituados ao calote agora se tornaram ainda mais caloteiros, eles buscam esta justificativa. Haja embuste, embromação e calote nessa crise sanitária. Por fim, um fenômeno de que vale a pena comentar refere-se à lavagem cerebral. Fenômeno psíquico e cognitivo de muitos lembrados mas não inteiramente sabido; como ele se inicia, como acomete as pessoas dele portadoras (da lavagem cerebral). Entendamos melhor, a seguir.
O distúrbio psíquico e cognitivo se estabelece da seguinte forma: um líder, um dirigente, um chefe de Estado ou influenciador (“influencer”) inicia por difundir, divulgar uma ideia, uma teoria, um pseudoconhecimento. Aquelas pessoas, grupo de gente, seguidores, simpatizantes, sectários e subalternos, de pronto e continuadamente passam a acreditar cegamente, convictos naquele falador e orador, naquelas mentiras e fantasiosas ideias, das falsas afirmações daquele falsário, impostor e mentiroso. Este fenômeno psíquico e cognitivo ficou bem demonstrado na pandemia do Coronavírus. Em que pesem todas as evidências contrárias, quantos não são os brasileiros, analfabetos, escolados e doutores que ainda acreditam em Cloroquina, Ivermectina e vitamina D na cura da Covid? São milhões pelo Brasil a fora que usam esses produtos, seguindo ideias do presidente do Brasil e seus súditos ministros, que aliás não detém nenhuma formação em Saúde, em Higiene, em Farmacologia, em nada respeitante a doenças e suas curas.