PAN-TA-lógico

 

NOSSOS HÁBITOS PANTAGRUÉLICOS

João Joaquim  

Nesta suave digressão, o intento é fazer algumas reflexões sobre o hábito useiro e vezeiro de se alimentar, ganhar peso em função desses excessos autofágicos, e de assim, engrossar a tão nociva, mórbida, devastadora, limitadora, discriminadora e multipatológica indexação de massa corporal. Termo, digamos mais polido e politicamente correto.

Em cada data festiva, em cada festa comemorativa, seja de data aniversária, natal, páscoa, casamento; ou até mesmo em um mero rega-bofe gracioso, nós da área de humanas, de saúde – médicos, psicólogos, nutrólogos, nutricionistas- temos como que um laboratório ao vivo, em cores, de forma empírica para analisar este tão costumeiro hábito das pessoas de se alimentar. Comer é preciso. Afinal, através do gesto de se comer, de se ingerir os nutrientes de que nosso organismo carece, de que depende para funcionar, é através de gesto simples e ordinário de comer, que todos os organismos vivos se perpetuam, proliferam, crescem e preservam a espécie. Só que deveria ter limites. A exemplo da ingestão da água pura. Ninguém bebe água a mais, uma vez tendo saciado a sede.

Nosso organismo, embora de simples entendimento, mas vale para justificar o artigo, necessita de todos as substâncias que de algum modo lhe representem um substrato para todos os fenômenos metabólicos, para sua fisiologia, para sua renovação celular, para a síntese de tantas substâncias e hormônios para o pleno e saudável funcionamento de cada órgão, cada tecido.

Entretanto, cada um desses nutrientes, desses substratos nutritivos ou nutracêuticos guardam os limites de que nossos órgãos, nossos tecidos, nossas células tanto precisam. Para tanto vamos aqui fazer uma análise com um motor e seu combustível, seja gasolina ou etanol. Se eu exceder na oferta desse combustível para aquele motor, por uma questão de funcionamento, digamos da chamada bomba injetora, esse motor irá “engasgar “, não funcionar a contento. Ou até se esse combustível estiver adulterado, sofrer danos internos. A analogia visa compreender a importância, do quantum, da dosimetria exigida para que os nossos órgãos funcionem de forma harmônica e fisiológica.

E assim, chegamos ao ponto nevrálgico das razões de um indivíduo ingerir excessos alimentares, a ponto de muita vez atingir um estado de toxidez, perturbações digestivas, como cólica biliar, dor pancreática, diarreia alimentar e até morte por esses descomedimentos e insensatezes no tão necessário hábito alimentar. Estão aqui citados alguns estados agudos dessas desbragadas e pantagruélicas orgias no vezeiro gesto de comer.

Os grandes danos desse pecado capital ( gula NOS seus variados graus) virão de forma sub-reptícia,  insidiosamente, cronicamente, de efeitos muita vez irreversíveis. São os sintomas e sinais no espectro danoso, nocivo dos variados graus de obesidade, ou sobrepeso, ou índice de massa corporal alto; como eufemisticamente referido pelas pessoas e sociedades médicas, para não adicionar os chavões preconceituosos que traz os termos gordos e obesos.

Em conclusão, as razões de uma pessoa ingerir tanta comida, além do fisiológico nutricional para cada organismo, são várias. Entre essas, um lenitivo para os transtornos de ansiedade, um alívio e compensação transitória para o estresse diário de diversas naturezas, uma forma repetida e opção única de prazer gustativo , como se outro prazer e felicidade na vida não houvessem; uma forma quase orgástica gustativa no gesto automático de comer; um gesto puro e simples do efeito manada, a pessoa come seguindo as outras do grupo inicial e incitativo. Basta ter em conta que somos animais de rebanho, imitamos e seguimos um membro alfa, um grupo, por efeito mimético e de obediência ao outro. Simples de entender, como o fazem membros de animais de outras espécies.

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