GENTE ALHEIA AO SENTIMENTO DE EMPATIA PELO OUTRO

 

 Vivemos em um mundo de uma geração de pessoas descoladas de compromissos umas com as outras. Não que pessoas descoladas de compromissos não existissem antes dessa titulada modernidade líquida (como a cunha o filósofo Zigmunt Bauman). Existiam essas pessoas. Entretanto, ao que parece, a Internet veio incrementar esse contingente de gente. Como se caracterizam essas pessoas, classificadas de descoladas de compromissos sociais, voluntarismo, cooperação, vida social em comum solidária? Que características portam?

Esse contingente típico, nasceu a partir da década de 1980. Muitos representantes dessa geração cresceram e desenvolveram com os recursos de Informática, lá no início do surgimento e uso dessa ferramenta já em salas de aula. Com a inauguração e popularização a Internet, ali pelos anos 1990-2000, esses indivíduos eram pré e adolescentes. Pode-se dizer que são nativos da Informática e da Internet e do celular. Ao se comparar a personalidade, o comportamento e compromissos éticos dessa geração com os jovens dos tempos pré internet, vê nítida diferença comportamental, social, cooperativa e interação social de um padrão civilizada e ética.

Muitos desses indivíduos, os hoje classificados como adictos de Internet e redes sociais, mostram-se portadores de frágeis sentimentos de simpatia e empatia pelo outro. E não importa quem seja esse outro. E não existe melhor consistência desse comportamento, justamente a relação desses moços e moças, adultos já no pós maturidade, com os membros parentais; seja por liame genético, afetivo ou social. Eles se mostram, por vezes insensíveis às questões sociais e sanitárias de parentes (pais, avós, irmão, tios). Reagem por vezes com normalidade e naturalização ante o sofrimento ou morte de parentes.

“Uê! Fulano morreu! Morreu? Morreu de quê? Eh, você não sabia que ele estava doente, muito mal e internado? Ah, acho que lembro, agora. Você me falou. Pois é né. Morreu! Foi ontem ou hoje? Foi ontem! O Enterro será hoje a tarde. Ah, sei!” Então, estou te falando porque como sou sobrinha, vou ter que ir lá tá! Ah, tá bom!”

Este é um diálogo sugerido de algum desse tipo de indivíduo desses tempos virtuais. Que foneticamente, guardam muito pouco de virtudes a repassar aos seus principais adeptos e adictos. E lembremos, por oportuno que seja aqui, a internet é um instrumento que na origem foi concebida para o bem da humanidade. Entretanto, como a faca de cozinha, o avião ou o automóvel,  ela internet e suas ubíquas redes sociais passaram a ser empregadas massivamente por mentes fúteis, inúteis e desocupadas. Gente frívola e inútil.

Vivemos a chamada cultura do consumismo. Ou o comunismo do consumo. De forma global, comida, idolatria de celebridades instantâneas, redes sociais, sexismo, sectarismo de youtuber e comunicadores de futilidades pelas redes sociais. Os prazeres das pessoas do simples digestório, tornaram-se uma religião, uma doutrina. Grandes rebanhos de gente cultuam o raso, o rasteiro e banal por algum valor de profundidade e construtivo.  Nessa demonstração basta apresentar a certas pessoas, a sugestão de um bom livro de boa qualidade cultural e artístico; uma obra qualquer. A pessoa é capaz de dar de ombros, franzir os sobrolhos e sair de fininho.

Assim comportam esses moços e moças, esses jovens de nossa intitulada era líquida, segundo a Filosofia e Teoria de Zigmunt Bauman. Tudo é fluido, tudo é efêmero, tudo é descartável e superficial. Para quê estudar tanto, se eu posso comer, me refestelar de cerveja, coca-cola, de mandioca, macarrão, carne assada e ser feliz? Para quê! Assim, são aqueles casais ou solteiros, jovens na madureza da vida. Se vão a algum dia aniversário. Vão porque ali será servido aquele lauto e capitoso almoço. Com Coca-Cola, cerveja, farofa, entradas e comida da boa. Descolados, relaxados. Aniversário? Que niver!

 

João Joaquim - médico e articulista do DM

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