NOSSO CONGRESSO COMO UM TEATRO MAMBEMBE

Periodicamente, o nosso teatro político troca de presidentes, diretores e auxiliares. Ou melhor, o nosso congresso, que no frigir das decisões, se faz nos moldes de um teatro. Câmara e Senado elegem a cada 2 anos os presidentes, vices e diretores de mesa. Uma junta na verdade; elegem-se inclusive os secretários, cargo auxiliar de muitas façanhas secretas.  Ao termo e cabo dessas oficialidades, tudo não passa de encenação. A mais bem urdida e inaudita misancene (do francês mise em scène). 

Misancene é a tradução portuguesa do francês mise en scène, que significa "encenação" ou "colocação em cena". No cinema e no teatro, a misancene são elementos que compõem uma cena, como o cenário, a iluminação, o figurino e a interpretação dos atores. Não é mesmo muito parecido com o que se faz no congresso? Por vezes, mambembe e mal ensaiado.

No cinema, a misancene é fundamental para criar a atmosfera adequada e ambientar todo clima, dando a este, um verniz de realidade. O diretor pode transmitir mensagens ao espectador através da misancene, ou seja, do modo como as coisas vão fluir e acontecer.  

O interessante e curioso, quando se faz uma leitura desapaixonada das sessões oficiais e ordinárias das casas legislativas (Câmara e Senado) são os discursos, as reuniões com os chefes de outros poderes – Executivo, Judiciário. A pompa das reuniões, as promessas, as plataformas de trabalho em prol do Brasil e da Sociedade.  Essas reuniões de abertura do chamado ano legislativo, são bem simbólicas de como funciona a encenação da política brasileira (politicagem), nas pessoas dos políticos. “Oh, que estamos aqui para trabalhar em benefício do Brasil, da Sociedade e do povo brasileiro. Nós trabalhamos muito acima de nossos partidos, de ideologia, mas pensando no bem comum”. 

É bem sabido que o presidente do Brasil depende do congresso para governar, apresenta os seus projetos de obras, de investimento nisso e naquilo. São planos a perder de vista. Então vê-se os abraços, os rapapés, os salamaleques, os incensos permutados, abraços, afagos, tapinhas nas costas. Sugerem serem aquela força-tarefa, do tipo agora todos os problemas vão ser resolvidos! Escolas, Saúde Pública, alimentos na mesa!

Agora, aqui entreouvidos, e de forma secreta, como são secretos os orçamentos desses gestores da coisa pública (res publica, república), esses titulados representantes do povo. Cujo slogan é: “O poder emana do povo e em seu nome será exercido”! E as PECs nebulosas, a criação de orçamentos e verbas secretas, negociadas por emendas pix? De fresquinho, temos a investigação do MPF, sobre 450 milhões negociados por certos deputados federais. Aliás, gestores corruptos não falam mil, milhões, sempre!

O curiosíssimo de todo esse teatro mambembe é que ele se repete a cada reunião. Tudo midiático, televiso, divulgado, noticiado. O mesmo reco-reco. E toda o tal da misancene! E a reclamação do novo presidente da câmara, Hugo Motta: não! não pode! Esta punição de ficha limpa está muito longa. Deve ser revista. Ah, tem mais, o PL da Anistia dos golpistas que quiseram tomar o poder e até executar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmim e o ministro Alexandre de Moraes. Até onde chegaram as coisas em nosso parlamento.

No fundo e para ir direto ao ponto. Vamos ser supersinceros, sem rodeios. De toda essa retórica, vai para lá, volta para cá. O que esses mandatários menos preocupam e estão pouco se lixando é com o povo brasileiro. Que povo brasileiro, que nada! Acreditar nessas lorotas e lero-lero é o mesmo que acreditar em papai Noel, em história de carocha ou Branca de Neves. Que continuem os analfabetos aos milhões Brasil a fora, que morram doentes nas filas do SUS, que milhões continuem mal alimentados! O que essa caterva de gente corrupta planeja, via PEC, emendas do pix, verbas milionárias para seus gabinetes é proteger a si mesmos e seus parentes e apaniguados! Ou não?

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