A obesidade é doença crônica, multifatorial e complexa. Na maioria esmagadora dos indivíduos resulta da ingestão excessiva e prazenteira de comida e zero ou pouca atividade física. Não há cura, apenas controle e vigilância dos nocivos e mórbidos fatores gerados, clínicos e metabólicos como diabetes tipo ii e dislipidemia. O maior problema está no consumo exacerbado de alimentos ultra processados ricos em açúcar, sódio, gorduras e conservantes (refrigerantes como exemplos). Os alimentos aqui citados agem no cérebro gerando um sistema viciante de recompensa. As pessoas comilonas sentem mais felizes.
Ingira um chocolate ou sorvete, de imediato o pâncreas libera insulina, processa-se o açúcar, chega ao cérebro, libera dopamina, definida como o “hormônio da felicidade”. Por isso repetimos quantos chocolates ou brigadeiros houver à nossa frente! Tipo álcool e cocaína.
Outra questão geradora de obesidade: açúcar e gordura inibem o hormônio da saciedade, mais ingestão, mais acúmulo de gordura corporal. Nesse ponto, aponta a Ciência, herdamos o cérebro dos homens da caverna. Eles ingeriam muito açúcar e proteínas e gorduras, quando comiam porque não tinham certeza da próxima refeição. Havia necessidade de estocar gordura corporal. Por isso, o termo vulgar, uma gordurinha a mais, poupança.
Quer um probleminha a mais? Gorduras e açúcares geram a chamada disbiose intestinal, desequilíbrio da microbiota digestiva (bactérias do bem), geram toxinas, elas chegam ao cérebro, que alteram até o ciclo sono e vigília.
Sabe-se que existem vários genes da obesidade, a pessoa nasce e eles não modificam. Mas, repita-se grande maioria de obesos, o são por hábitos ou estilo de vida insalubre: muita comida para pouco gasto energético em trabalhar e malhar. Agora, imagine essas duas condições, pouco trabalho, muita comida. As emoções também contribuem para a maior ingestão de alimentos, a compulsão alimentar. A ansiedade pode influenciar inclusive no ritmo/rapidez na ingestão de alimentos. Por que comer rápido? Há risco até de engasgo! Para muitos transtornos emocionais e psiquiátricos pode-se fazer até uso de medicamentos e terapia cognitivo-comportamental.
Nos dias 30 e 31 de outubro/2024, o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades realizou o seu X Simpósio. Com apoio da Fapesp e da FAEPEX com a Pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, o simpósio foi realizado na sala de Congregação da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, em Limeira SP, faculdade integrante do conjunto de institutos e pesquisadores do OCRC (Obesity and Comorbities Research Center).
A abertura foi realizada pelo professor Marcio Alberto Torsoni, diretor da FCA e o professor Licio Augusto Velloso, coordenador do OCRC. Durante os dois dias de evento, o público pôde contemplar a apresentação de 11 professores sendo 4 deles internacionais e 15 apresentações orais de professores e pesquisadores associados ao Centro. O tema central da obesidade foi abordado em conjunto com as comorbidades associadas como diabetes, feridas crônicas, hipertensão, câncer e metabolismo no intuito de trazer atualizações sobre o tema e firmar colaborações e parcerias.
Enfim, obesidade é doença crônica ligada a esse gesto de sobrevivência e nutrição, comer. Pena e lamentável, que há gente que sofre do chamado efeito manada ou lavagem cerebral da indústria e comércio de comida e bebidas alcoólicas ou refrigerantes (coca-cola e outros). A vida se torna centrada e motivada em comida e beberagens. Oh céus, oh vida, oh azar!