Instagram como muro de lamentações e abobrinhas

 Para os estudiosos de humanidades, os pesquisadores e analistas de Psicologia, Psicopatologia, Sociologia e Caracterização da dinâmica social e relacional das pessoas, existe um laboratório grátis e a mão-cheia, a Internet. Aqui, fala-se da grande rede e todas as suas derivadas; nomeadamente as redes sociais, aplicativos (app), sites de relacionamento. Quer laboratório mais frequentado pelas voluntárias cobaias do que o Instagram?

As pessoas, em seus posts, vídeos, fotos, repicagem de mensagens de terceiros e influenciadores , palavras de ordem, preces, atitudes de ilusionismo e mágicas, de infantilismo, de fotos de 10, 20 anos atrás, de virtudes e predicados fakes, de feitos e realizações fictícias, de coragem em falar o que não falaria tête-à-tête, em olho no olho; e outras iniciativas etc.; Em todos esses registros, esses navegantes e internautas revelam por completo, despudoradamente, sem rebuços ou segredo o que trazem de índole, caráter e problemática existencial.

Um registro simples e permanente que se analisa nesses usuários de Instagram, por exemplo. Suas fotos ali postadas. Bom seria para algumas dessas que sabem ler bem e interpretar o que se lê, que lesse a obra de Oscar Wilde, “O Retrato de Dorian Grey”. Um enredo que alegoricamente trata de devassidão, de narcisismo, de ilusionismo pessoal. A ilusão e solidão que vivem essas pessoas estão simbolizadas em suas fotos, nunca renovadas, remakes. Uma mensagem, já de plano, do que a maioria não é o que posta. Fakes até nas fotos.

Sites de relacionamentos, de trocas de afetos, sejam positivos ou negativos. Não existe um site de relacionamento mais em proa e ubiquamente frequentado do que o Instagram. Ao se deter de forma isenta, no que as pessoas trocam de posts, mensagens, vídeos, abobrinhas, platitudes, vazios, frivolidades, ninharias e puericultura. O que se conclui? O quanto prevalecem as expressões de narcisismo, de baixa autoestima, de menos valia, de indicativos de carência afetiva, de solidão e desamparo. Além de pobreza cultural.

Enfim, a Internet e suas globais redes sociais, tal o exemplo do Instagram; todas essas plataformas e sites de encontros (o Instagram como modelo); em grande medida fictícios, porque pouco contato físico existe entre essas pessoas; todos esses recursos virtuais se tornaram como “um muro de expressões e lamentações” de almas em desamparo, com símbolos de carência e pedidos de ajuda. São camas e divãs de lamentações, de expressões de isolamento e solidão. Ao falar ou procurar uma pessoa que me complete, eu estou expressando minha solidão e dores emocionais, difíceis de saneamento! “Socorram-me! eu preciso de ajuda e companhia” – Sigmund Freud.

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