A (IN)Cultura de nossa juventude

 Uma matéria que me deixa encabulado e confuso refere-se à ideia de Cultura das pessoas. Porque uma realidade existente são os avanços científicos e tecnológicos. Nisso há uma só opinião e um só parecer. Nunca na História da Humanidade se obteve tantas conquistas e produção industrial e tecnológica como nas últimas décadas. A produção, a comunicação, a qualidade de vida das pessoas, todas são modelos concretos desses avanços.

Todavia, fica essa inquirição, essa pergunta: e a cultura? Afinal, o que é a cultura, em se falando do conhecimento das pessoas, nos mais variados setores da vida humana? Vamos imaginar que cultura seja toda e qualquer produção do espírito e inteligência humana. E não precisa ser um catedrático, um intelectual, um profissional altamente especializado e expert em sua formação superior. Porque há essa diferença. Muitos profissionais se tornam na verdade um tecnólogo em seu ofício; um advogado, um médico, um farmacêutico, um auditor jurídico, um engenheiro e arquiteto. Compreensível esta ideia. O indivíduo forma, passados 5 anos de sua diplomação, se fizer uma prova de sua aptidão e proficiência, ele é reprovado. OAB, por exemplo.

Vamos tomar um exemplo bem concreto e frequente. Com todo o aparato tecnológico, a digitalização em tudo, a chamada internet das coisas, os softwares, os programas de computador, a inteligência artificial, os algoritmos etc.  Todo ofício e labor profissional se tornaram exequíveis e facilitados. Imagina-se agora de até as decisões judiciais serem feitas via algoritmos da IA. Consultas médicas, diagnósticos, tratamento, sessões de psicanálise. “Admirável Mundo Tecnológico”. Mas, e a “humanização dos humanos”? Bem parece que vivemos uma era dos inumanos. Será?

Ao se dialogar com as gerações educadas pós chegada da Internet, os nascidos pós 1990, fica a impressão de que são pessoas pouco aficionadas ao pensamento abstrato, ao raciocínio lógico, ao cálculo, à criação, a mais elementar de boa leitura, de escrever, de elaboração mental etc.: Ao que parecem, esses rapazes e moças só têm a cultura do que circula pelas redes sociais. Não em textos de um Idioma Padrão, de uma boa reflexão. O que está em voga são os posts, as imagens, os vídeos, toda sorte e tipo de dados e visualizações frívolas e inúteis.

Não existe melhor evidência da degradação cultural e regressão cognitiva e intelectual ou cultural dessas novas gerações, os egressos de suas faculdades e formação universitária, quando elas e eles enfrentam os concursos públicos, com as chamadas provas objetivas e subjetivas. Ou seja, uma redação, uma descrição de qualquer conhecimento elementar. As expressões, as ideias transcritas e respostas vão de hilariantes a reações preocupantes. Porque imagine, diplomados em cursos superiores. Superiores a quê?

Pedir a esses jovens para elaborar um ofício, uma carta, um relatório, uma petição (a um advogado recém-formado), um parecer sobre questões de sua graduação, qualquer desses documentos ordinários e triviais, é coloca-los em “saia justa”, porque eles não conseguem fazê-lo no estilo das normais técnicas de um Português Formal. Lições que ainda se ensinam no curso médio. Ou será que o curriculum escolar do ensino médio mudou? Ainda ensinam?

E por que dessa triste realidade contra cultural? O erro, a banalização da Educação. Vem da família omissa e tolerante, da cultura das mídias digitais, da falta de limites e critérios educativos das famílias dedicados aos filhos. Erros hereditários, corroborados com escolas de má qualidade, escolas e professores nas diretrizes e regras do Código do Consumidor. Pagam-se matriculas e mensalidades e a aprovação e passagem de ano são um direito. Tudo sujeito (se o filho for reprovado) a protestos de pais, denúncias e judicialização. Há casos até de polícia. Já imaginou que estágio civilizacional e cultural estamos vivendo! No mínimo preocupante e desalentador! Mas, nem tudo está perdido! Vê-se família que incentiva os filhos à boa leitura desde cedo. Escolas com estímulo a que o estudante leia, crie, redija, raciocine, goste de ler bons autores. Esses alunos, dessas famílias e escolas formam uma elite, uma minoria de sucesso! Futuros bons cidadãos e ótimos profissionais!

Posts mais recentes

Os charlatões da FÉ e da política

  Estamos em plena era de conquistas científicas e tecnológicas, e mesmo assim, como vicejam, vigoram e recrudescem as práticas de charlatan...