Na Psicologia Social ou Positiva, existe uma condição, pouco estudada, denominada Limiar da Frustração. Primeiro o conceito de frustração. Conceituamos frustração como um sentimento de desânimo, impotência, tristeza e irritabilidade pela não realização de um evento ou conquista que se planejava, esperava; e esse evento ou planejamento falhou, não ocorreu. Pode ser uma viagem, o desejo da aquisição de um bem, uma relação afetiva desfeita, a demora de qualquer plano, uma espera alongada da chegada de alguém ou alguma solicitação de um objeto, um utensílio, um equipamento de uso pessoal, etc.; etc.;
Surge a frustração desse sentimento negativo irrealizado ou realizado de forma insatisfatória a incapacidade de transpor esse transe, esse momento de perda. Criou-se uma espera, uma expectativa e ela não se concretizou. A essa reação de suportar essa sensação negativa, dá-se o nome de limiar de frustração. É o grau de tolerância (variável) que cada pessoa vai apresentar ante essa constatada frustração, esse fracasso, esse insucesso ou não satisfação de um desejo. Se baixa o limiar de frustração a pessoa pode entrar em sofrimento; se alto o limiar, a pessoa rapidamente e com solução vai superar essa falha sem se irritar ou ofensas a si mesma e a outras pessoas. Leva o nome de resiliência, capacidade de resistência.
Basta ter em consideração que a vida se nos apresenta repleta de desafios, de obstáculos, de empecilhos grandes e pequenos. Nem tudo que se deseja sai como o desejado. E aqui está a beleza das conquistas. Vamos imaginar nas relações humanas. Quantos não são os fracassos nessas buscas, nessa idealização! O homem ou a mulher ideal, perfeita, harmônica, bela, bem formada, produtiva, operosa, trabalhadeira e cooperativa em todos os empreendimentos, afazeres, obrigações e orçamento (compartilhado) do cônjuge? O príncipe ou princesa perfeita, o Romeu ou Julieta, existiram apenas na imaginação de seu criador, o grande bardo William Shakespeare!
É sempre bom, desejável, construtivo, enriquecedor dos sentimentos e habilidades da pessoa, ela idealizar, buscar, projetar e esperar pelo que existe de melhor, sublime, a excelência, o prazeroso, o felicitante! Entretanto, não se logrando o ideal e sublime planejado, a pessoa vai se neurotizar, se irritar, se martirizar o seu emocional, seu bem-estar psíquico e orgânico? E pior que se infelicitar e automutilar mental e organicamente, ela infernizar e agredir, contaminar outras pessoas de seu convívio. Essa reação é repreensível! O belo da vida é fazer de algum fracasso uma energia positiva para outro sucesso!
Quantas não são as pessoas capazes da chamada tempestades, borrascas e procelas em copos d’água! São as mínimas frustrações pouca representativas em termos materiais e pessoais que são gatilhos para irritabilidade, insônias, agressões verbais ao cônjuge, a um colaborador, a um funcionário (a) doméstico. Podem ser numeradas variadas situações. Uma comida que não saiu do agrado, uma encomenda que chega atrasada, uma roupa malpassada, uma mala a se pegar na esteira da viagem, um respingo d’água que caiu no piso, uma roupa que não saiu do agrado. São exemplos pequenos, mas bastantes para que a pessoa se encolerize, se irrite, se torne mal-humorada, capaz do franzir o cenho, de criar rugas, aumentar a pressão e passar 24 horas de cara amarrada, resmunguenta e respondona.
Enfim, este é o titulado e pouco estudado Limiar de Frustração. Quando for baixo, recomenda-se como terapêutica que a pessoa exercite a sua resiliência, que ela tenha uma visão positiva e otimista da vida. Que por si mesma, vale a pena viver com mais alegria, mais tolerância, mais gentileza, mais generosidade, mais simpatia e empatia pelas pessoas e pelas coisas, pelos objetos e pela natureza ao nosso redor. Cada uma dessas não tem culpa, se tudo desejado, não saiu a contento de nossos gostos e projeções.