Psicoterapia não cura personalidade nem caráter

 Quando se discorre a respeito das chamadas psicoterapias, curioso e instigante é constar o que alguns renomados e respeitados especialistas explicam sobre os perfis dos assistidos nessas Clínicas de Psicologia. Para começar, dizem esses experts em doenças mentais, há que distinguir o joio do trigo, o que seja constitucional da pessoa e os transtornos adquiridos. E esses profissionais e respectivos estudos são fundamentados em vários ramos de pesquisas da estrutura psíquica e neurociência; eles com base em Ciência, não em achismo, explicam. Explicam as diferenças entre o que seja um mero transtorno emocional, uma doença mental, um transtorno de ansiedade generalizado (TAG), uma ansiedade ou depressão secundária de outro diagnóstico (da constituição do indivíduo) intratável. Para ser bem exato, pontual e científico. Explica-se essa diferença a seguir.

Simplificando o entendimento da coisa. Muitas são as famílias que buscam psicoterapias para seus adolescentes e jovens, na expectativa de que esses terapeutas de família (por exemplo) irão mudar ou modular a personalidade de seus filhos. Nenhuma terapia, nenhum ramo da Psicologia vão tratar a personalidade do paciente, como exemplo. E muitos pais, tutores e cuidadores não têm essa noção científica e social para essa compreensão e assimilação. Há que distinguir o que seja doença, transtorno, disfunção das características constitucionais da pessoa. Não há terapia para tratar por exemplo o caráter, a índole, o temperamento, a personalidade humana.

Há que se levar em conta e consideração que a estrutura comportamental, de caráter e conduta do indivíduo, essa organização psíquica e social resulta, assim o afirmam as Ciências e os habilitados e aptos pesquisadores, ela resulta de duas heranças determinantes: a genética (imutável) e a social. Herança genética ou o genoma do indivíduo, e uma herança ou legado sociocultural e técnico, esta última herança como responsabilidade do núcleo familiar. É de senso popular a educação de berço. Verdade.

No bojo dessa aqui interpretação, há que se distinguir: doença psíquica ou psiquiátrica; o caráter ou personalidade do indivíduo; a herança sociocultural transmitida à pessoa pela família e/ou meio social dessa pessoa. Das doenças psíquicas ou psiquiátricas: tomem-se os exemplos de uma esquizofrenia, de um borderline, de um autismo. São doenças complexas que necessitam psicoterapias e medicamentos.

A personalidade do indivíduo, ela é praticamente intocável. Mas, há a herança sociocultural do indivíduo: esta irá refletir no comportamento, na conduta, no estilo social da pessoa. Uma vez crescido e adulto, pouco se pode reverter de uma educação familiar que foi tolerante, protetora, cheia de mimos e regalias, com ausência de regras, ética e limites.

Essa é também, conforme essas recentes pesquisas, uma gravíssima questão posta pelas famílias, a cargo e solução de terapias e medicamentos. Como um psicoterapeuta vai mudar um jovem ou adolescente que se mostra desadaptado no convívio social se a origem de seu comportamento, de sua conduta e valores éticos e morais vieram da educação que recebeu dos pais, do núcleo familiar, do meio social onde ele cresceu, se informou e deformou? São essas questões desafiadoras que nenhuma terapia ou remédio dará jeito e cura.

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