O enfrentamento da frustração

 Já imaginou se a vida fosse feita e tocada no chamado mar de rosas, em campos elísios, em pomares sempre frutíferos e verdejantes sem plantas daninhas e parasitas! Já imaginou uma vida sem desafios, sem enfrentamento, sem emulações e rivais! Sem mesmo aqueles apelos e atributos da vida moderna, sem boletos para pagar, sem cartão de crédito, sem taxas de condomínios, de operadores de energia elétrica, de celulares, de contas de Internet! Sem essa própria Internet (para muitos infernet) e suas castradoras, alienantes, intrusivas, abstrusas, cáusticas, incivilizadas, vomitativas, asquerosas, desqualificadas e fúteis redes sociais (para muitos antissociais)! Já pensou! Será que a vida teria sentido e mais significado? A ver.

Este preâmbulo, foi no simples objetivo de trazer à baila e reflexão, a chamada frustração pelos fracassos, aos insucessos com os quais enfrentamos todos nós. E eles podem ser de variadas naturezas, efeitos e dimensões. Todavia, não pretende aqui ser essa prédica uma análise exauriente dessa questão: a frustração. Não. O que se quer é examinar o quanto podemos e como podemos liderar, manejar as frustrações que surgem em nosso diário de compromissos. Qualquer pessoa vai passar por alguma frustração: amorosa, trabalhista, escolar, de emprego, sexual. Elas podem ser grandes ou pequenas.  

O enfrentamento da frustração. Tanto a Psicologia Social como as Neurociências têm um termo próprio para essa questão: Limiar. Numa definição mais compreensível seria como uma régua ou termômetro, para medir a capacidade que cada indivíduo traz em suportar e superar sentimentos negativos ou mesmo uma dor física. Dessa forma, a capacidade que as pessoas têm de lidar com a frustração e superá-las se avalia pelo seu limiar desse enfrentamento. Um paralelo pode ser feito com o limiar para dor física.

Assim quanto maior a limiar à dor, menos dor e sofrimento sentirá a pessoa. De igual modo o limiar à frustração. Se baixo, a pessoa terá dificuldade, mais sofrimento, ansiedade, ruminação da frustração; podendo chegar até à ansiedade, à depressão, à insônia, à somatização e mesmo doenças psicossomáticas. Suicídio nem pensar!

Um ensinamento muito útil no enfrentamento e superação da frustração vem da Filosofia, com os pensamentos e teses de Epicteto (55 d.C -135 d.C), filósofo turco e domiciliado na Grécia. Ele era da escola estoica: Na opinião dos estoicos, sendo a virtude o único bem, o vício é também o único mal, sem termos intermediários, que são indiferentes para esses filósofos. A noção de dever, de viver segundo a razão, que significa o senso de responsabilidade, foi introduzida na ética pelos estoicos

Uma dica e conselho que deixo às pessoas que se frustram com pequenas coisas, vem de Epicteto. Segundo esse filósofo, que foi escravo, cada pessoa só deveria preocupar e se fadigar ou fazer algum esforço com aquilo que está ao seu alcance. Há fatos, ocorrências e frustrações que escapam ao nosso domínio, à nossa responsabilidade. Então para que com esses se frustrar? Sem sentido.

Exemplos: mudar o curso de uma chuva? Não. Podemos mudar a natureza de uma pessoa destemperada? Não. Podemos baixar a inflação, nós pessoas comuns? Não. Então, não vale o stress.

João Joaquim - médico e articulista do DM

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