Crer em charlatões e pastores exige menos esforço mental

Com efeito assistimos dia desses (via imprensa e televisão) a trajetória de um renomado médico brasileiro, sediado nos U.S.A que oferece curas espetaculosas para doenças incuráveis. A exemplo de mal de Alzheimer, encefalopatias degenerativas, doença de Parkinson, entre outras afecções bem conhecidas da Medicina, mas cuja cura ainda é um desafio. O que se pretende neste sucinto texto é justamente essa questão: a da crença e convicção das pessoas (de começo) em certos resultados e “milagres” em terapias não comprovadas cientificamente, em acreditar em seus praticantes e impostores profissionais.  

 Quando se fala em qualquer tratamento médico, vale repisar e reprisar que ele necessita ter sido submetido a rigorosos trabalhos científicos, ensaios e experimentos para depois ser oferecido à sociedade. É a chamada Medicina Baseada em Evidência (MEB). Sem a qual é até mesmo antiética e desumana aplicar certa terapia qualquer às pessoas. Esse deve ser o compromisso primeiro e essencial de qualquer profissional de saúde: médico, dentista, psicólogo, fisioterapeuta.  Afinal, estão em jogo saúde, bem-estar e vidas humanas.

É de se espantar, nos surpreender e até nos indignar, assistirmos certos aventureiros, impostores, charlatões, curandeiros, benzedores, “gurus”, falsos religiosos e outros mercadores da saúde, das crenças e boa-fé das pessoas. Do lado dos clientes e credores, de igual modo causa espécie e curiosidade porque são pessoas, clientes e pacientes dos mais variados estratos sociais, culturais e de formação escolar. Fé cega e lavagem cerebral.

São pessoas que se espera, serem esclarecidas, escoladas, capazes de interpretar fontes de informações, leitura de Ciências e dados técnicos de tudo quanto se propaga, vende e mercadeja. Ficam então essas perguntas claras e diretas: por que em uma era de tanta informação fácil, grátis e instantânea esses charlatões fazem sucesso e passam credibilidade? E por outro lado, por que as pessoas creem e se convencem tão de imediata nessas enganações e falsos profetas?

É de nos impressionar o quanto esses impostores, enganadores e falastrões fazem sucesso e sobrevivem. Às custas da adesão, dos seguidores (caso dos influencers), dos clientes, dos pacientes e crédulos nessas propostas, sem nenhuma base da Medicina e das Ciências e dos protocolos de Bioética. E não é só no Brasil que tais práticas e clientes vicejam e prosperam. É próprio dos humanos! “Eu sou humano e nada que é humano me é alheio”. Terêncio, poeta romano.  

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