Principes e princesas!

 E assim, palestrava o brilhante psicólogo positivista, Fauler Visconti, em simpósio social na PUC são Paulo. Afirmava: “desconfiem sempre de quem, a pretexto de afeto e apreço (a amigos e parentes próximos), emprega sempre os inhos e linhas no trato pessoal, com muitas pessoas. No íntimo e nos escaninhos morais de muitas dessas pessoas, estão outros motivos recônditos e intencionais. Aquisição de guarida, amparo e assentimento para seu estilo de vida e sociabilidade”. As palavras, muitas delas, trazem quando empregadas uma advertência do caráter, da índole do interlocutor. Acautelem-se sempre desses tais e quais sujeitos e parentais. 

 Já no trato com filhos e filhos, são outras questões permanentes. “Que as palavras têm poder, todos sabemos. Então quando alguém diz que uma menina tem sim "que ser tratada como princesa" há várias coisas implícitas. A primeira é a que ela tem sempre que "se comportar", o que é um conceito amplo, elástico e customizável, onde se encaixa uma série de coisas desde "sentar direito", correr devagar, não subir no brinquedo mais alto do parquinho, ser obediente e não argumentar muito quando começa a pensar com a própria cabeça, as princesas são bem comportadas”. Só que estudos mostram o quanto esses rótulos e títulos de autoengano, os pais no próprio engano, o quanto esses tratamentos descontroem as crianças como futuros indivíduos produtivos, autônomos e independentes. Elas se tornam frágeis, como se de fato, tivesse uma eterna proteção, uma eterna carapaça protetora. Manfred Gusto- Jornalista.

As princesas têm que tomar um cuidado todo especial quando se vestem. Esses dias li que uma que ganhou o título ao se casar com um príncipe da Grã-Bretanha não pode usar calças compridas em público em pleno século 21. Saias e vestidos bem rodados são a vestimenta adequada mesmo quando a "princesa" tem apenas 8 anos, 10 anos, 12 anos e, a caminho de uma festa do amiguinho da escola, chora porque queria ir ao buffet infantil de calça de moletom. "Mas todas as suas amiguinhas vão estar de vestido, filha!". Quanto mal essa mãe faz!

As princesas ganham sempre os mesmos brinquedos - é só procurar por eles observando as caixas rosas na loja. São panelinhas, ferros de passar roupa, fogõezinhos, geladeiras e bonecas, muitas bonecas, geralmente bebezinhos que elas têm que amamentar, colocar para arrotar e trocar a fralda. Não há kits de laboratório, carrinhos, aviões, espaçonaves para as princesas. Todas as princesas nasceram para ser mães e deveriam ficar em casa, lavando, passando e cozinhando em seus castelos.

 

“Já os meninos, esses também sofrem na semiótica do príncipe. Não podem se emocionar, "menino não chora! Você parece uma menininha."Quantas namoradinhas esse neném já tem?', ouvimos da família uma vez, quando meu filho só sabia falar gugu, Dadá. Começar a vida sentimental/sexual cedo também é antídoto para "não virar viado". Ai, ai, a vida de príncipe também não é nada fácil- Palavras de renomada psicóloga.

O mais grotesco é que há sempre aqueles adjuntos, tios e tias, padrinhos que também se engajam nesse comprovado autoengano. Os meninos parentais, têm esse reforço parental, de pessoas, que a pretexto do agrado, do afago, dos mimos, contribuem destrutivamente, para o não amadurecimento dos protegidos e mimados. Então para alguns haja somatotrópicos, terapias alternativas, rebarbativas, pernósticas, silabadas, manjadas. Ai, ai, ai. Muitos psicólogos e terapeutas se tornaram consertadores de filhos e filhas que não vêm sendo corretamente formado. A maioria é apenas criada e malcriada!

 

O resultado de séculos tratando as meninas como princesas-recatadas-do-lar e os meninos como homens-machos-provedores é catastrófico. Já os meninos, os príncipes, que passam a vida sem lavar um copo no mundo da imaginação e também na vida real viram aqueles maridos médios que a gente conhece, são meio homens em vários itens de cidadania responsável e de honestidade, inadimplir, um verbo bem ao caráter desses tais. Que tristeza, não?

 Uns príncipes. E as consequências de uma vida sem poder chorar, ser frágil ou de sequer reconhecer que têm sentimentos foram muito bem pontuadas pelo psicólogo Alexandre Coimbra do Amaral: várias gerações de homens que simplesmente não sabem lidar com os desafios de uma vida adulta (Departamento de Psicologia da Unifesp).

Claro que cada uma cria o filho do jeito que quiser, então se você acha que sua filha tem que ser "princesa" e seu filho "príncipe" vá em frente. Mas tenha em mente como tal estereótipo é limitante, injusto e castrador. Pode ser ainda pior se o seu filho não se encaixar em nenhuma dessas ideias preconcebidas por ter uma outra percepção de gênero de si mesmo ou uma orientação diferente das tais princesas e os príncipes das histórias infantis - aí será um inferno viver em uma família como a sua e em um país como o nosso, que mais mata LGBTQIA+´s no mundo e pensa que essas questões 'se resolvem' na porrada. Ou na oração. Atenção, spoiler: é com políticas públicas, segundo a ONU que se resolve grandes questões aqui postas, com escolas, com pais mais maduros e educados e educadores. Mas, tudo feito a tempo e hora. Arre! Esperança!

Posts mais recentes

Os charlatões da FÉ e da política

  Estamos em plena era de conquistas científicas e tecnológicas, e mesmo assim, como vicejam, vigoram e recrudescem as práticas de charlatan...