Da aquisição do trambolhos e estorvos

 Há um ditado com o qual eu sou de acordo, e diz assim: “há pessoas que são tão esquisitas e diferentes que quando elas não têm problemas, elas arranjam, custem o que custar”. Seria como que elas se habituassem à convivência com essas dificuldades, essas pedras no caminho. Imagine o caso de a pessoa estar caminhando e de repente entra no calçado, no sapato dela uma pedrinha ou um corpo estranho. Existe alguma coisa tão pequena a incomodar e irritar o indivíduo que a chamada pedrinha na chuteira? Eu desconheço!

Seria o mesmo caso do chamado corpo estranho no olho. Por ínfimo e invisível que ele seja. Enquanto dele não se livra, a pessoa não sossega. Um suplício! Incomoda tanto e muito mais que uma conjuntivite. Outros exemplos poderiam ser citados como aquela unha encravada, uma espinha de peixe que penetrou na garganta. Tão pequena, mas quanto infortúnio!  Um pequeno inseto que penetra no conduto auditivo, orelhas. Um verdadeiro tormento enquanto ele não é imobilizado e retirado. Nada melhor nesse caso que uma gota de éter ou acetona para matar o penetra ou mesmo algumas gotas de álcool. Aí a retirada é mais fácil para o médico. Já um alerta importante!  não queira retirar o bicho por conta própria, trata-se de um ato médico.

Citamos então acima, exemplos comuns de trambolhos e estorvos que surgem na vida, na saúde e bem-estar das pessoas, de forma involuntária, acidental e mesmo até parasitária. Entretanto, quantos não são os estorvos, os empecilhos, os suplícios, os ditos trambolhos que as pessoas adicionam em suas vidas, em sua harmonia pessoal e familiar. Por uma deliberação voluntária, onerosa e de muito nocivo custo/benefício. Enfim, só custo. Custa-me falar disso. Mas, verdade pura.

E este aqui referido princípio é um divisor de cada decisão, de cada aquisição e admissão que devemos sopesar, analisar e prevenir em nossas vidas. Porque muitos são esses trambolhos e estorvos que uma vez admitidos não são fáceis de arrependimento, de distrato, de anulação ou exclusão. Neste ponto, vale uma reflexão e ponderação: toda decisão não habitual, toda aquisição em nossas vidas deve ser precedida de uma judiciosa análise de sua natureza e consequências.

Imagine o caso das compras que fazemos de supermercado, padaria, roupas necessárias, higiene e limpeza, o pagamento de meu condomínio, aluguel ou prestação de imóvel. São compromissos que já sabemos da relação de mais benefício no princípio custo/benefício. Fora dessa habitualidade e necessidade diária o que fazer? É bom, é útil, de boa norma e bom juízo que avaliemos os benefícios trazidos e seu ônus geral. Esse princípio está muito presente nas decisões médicas, até no uso de medicamentos. Entre eficácia e efeitos colaterais? Quais prevalecem?

Para mais consistência desses argumentos e manual de instrução para uma lista de trambolhos e estrupícios alguns tipos frequentes. Os gastos além dos ganhos. Quantas pessoas vão se endividando; compram pelo impulso, por se fazer pertencente ao grupo, por imitação de outrem. E então a pessoa vai perdendo o crédito e o respeito porque tanto bancos, ou pessoa (que emprestou) cedente do empréstimo vão cobrar. Vexames, vergonha, humilhação! Por que não gastou ao menos igual ao ganhado? Carnês de parcelamento, cartão de débito e crédito, cheque especial, juros, multas, nome negativado no serasa, dívida ativa....

E assim, vão outros exemplos e indicativos de trambolhos. Fulano tem uns cachorros de estimação! Vou ver um para mim também. E então vem o animal para o convívio familiar, sem prever trabalheira, despesas, veterinário, ração. E o pior, emporcalhamento da casa, fezes, urinação nos móveis, ambiente fétido e antissocial para os convivas e visitas. Latidos e agressividade com estranhos.

Eu tenho um filho. Hum!.. acho que vou ter mais um. E então sem pensar que é como a casa própria. No mínimo 25 anos de investimento, educação, gastos com manutenção, escolas, faculdades, assistência médica.

 

Trambolhos humanos! Como existem! O sujeito passa a vida inteira na esbórnia das farras de comidas e cachaças, nos festins licenciosos, pandegas. E vai fazendo uma reserva de comorbidades, doenças. Vem a velhice, turrice, rabugice, sabujice, derrames cerebrais, invalidez permanente, trambolhão para família o resto da vida. Por que não pensou antes de adoecer e ser um estorvo para a família, estado, instituições, fisioterapia, etc. Etc. Por que?

 

Não há estorvo ou estrupício maior do que certas relações humanas, aquele ou aquela tranqueira, alguém folgado na vida. Que de começo vai bem, passado algum tempo mostra todo seu arsenal e currículo de mau caráter, de pessoa-problema. Arre! Quanto arrependimento! Temos a classe dos folgados, dos aproveitadores, dos caloteiros, dos esbulhadores de energias e recursos financeiros de terceiros. E vai e volta, e não se corrige, porque foi assim criado, educado, instruído. A Biogenética e a Sociologia afirmam: cada pessoa resulta de duas heranças: uma genética e outra social familiar.

 

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